❛ A arte de viver é simplesmente a arte de conviver... simplesmente, disse eu? Mas como é difícil! ❜
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Hum.. Bom, legal, comum.
Essas foram as últimas palavras da senhora Miller depois que passei quatro horas pintando o que eu pensaria que seria a melhor arte de minha vida, não era exatamente às palavras que eu gostaria de ouvir. Todavia minhas roupas, meu cabelo, minhas mãos e não julgo que até mesmo meu rosto esteja coberto de tintas. Tudo isso apenas para me sublinhar naquela paisagem com pequenas borboletas sobrevoando sobre uma macieira em um campo florido, meu suspiro decepcionado era evidente.
Senhora Miller era minha professora de artes visuais há dois anos, uma mulher na faixa dos quarenta que usava um óculos maior que seu rosto fino e cardigans de várias cores diferentes. Nessa semana, eu não duvidaria nada que ela tenha usado todo o arco-íris.
Mas apesar de aparentar ser gente boa, a senhora Miller era muito inexorável quanto aos seus alunos.
ㅡ Apenas isso? Pensei que havia captado a essência que tanto falava..
Murmuro chateada comigo mesmo, com ela, e com todo esse tempo ineficaz.
Isso é muito injusto.
Pessoas são injustas.
O mundo é injusto.
A arte é injusta..
ㅡ Bahiyyih querida, não precisa ficar triste por um fracasso. Aprendemos com eles, praticamos com eles, e superamos eles ㅡ suas mãos massageiam levemente meus ombros ㅡ Falta vida nesta tela, falta...
Eu a encaro confusa, enquanto tenta procurar uma palavra para minha pobre pintura.
ㅡ Falta amor, emoção, realismo.
Nós duas observamos a imagem mais uma vez, confesso que isso realmente aparenta ser comum demais. Estive todo o tempo tão concentrada na perfeição que esqueci da minha paixão.
ㅡ Me dê mais uma chance?
Estou quase a implorar aos seus pés, quando ela aperta levemente meu ombro acenando em concordância. Isso é tudo para me fazer sair mais aliviada da sala da senhora Miller, embora tendo um novo desafio pela frente.
Que arte eu poderia fazer?
Enquanto estou caminhando ou quase correndo entre os corredores da Hailee, sinto uma mão indo de encontro as minhas coisas jogando-as todas sobre o piso de madeira em ondas embaraçosas. Parando abruptamente e chamando a atenção de vários alunos que andam acumulados, apenas para me observar.
ㅡ Poxa.. Desculpa mesmo Bahiyyih, foi sem querer ㅡ Chaehyun, a garota riquinha filha da diretora, lamenta falsamente para mim enquanto me joga mais alguns papéis ㅡ Faria um favor para mim amiga? Preciso de uma redação de quarenta linhas até amanhã.
Junto minhas coisas no chão, ignorando sua presença prontamente. Como eu odiava os "populares", eles eram uns idiotas que se aproveitavam daqueles vulneráveis de status mais baixos apenas para fazer suas vontades. Chaehyun era assim, uma completa vaca.
Quando peguei essa bolsa para Boston, eu sabia que quando chegasse aqui ainda teria muito o que enfrentar. Ainda mais porque sou estrangeira, às vezes enrolo muito o inglês e o coreano, o que fora perfeito para ser aquela meio fora do quadro.
ㅡ Não sei se posso, tenho uma atividade pendente.
ㅡ Mas você nunca se recusaria a me negar uma ajuda, certo? ㅡ eu engulo em seco, enquanto Chaehyun finge ser a garota legal que me ajuda com as coisas ㅡ Por favor Bahiyyih, eu realmente preciso da sua ajuda.
Eu odeio isso, eu odeio ser tão gentil. Isso sempre me deixa apuros.
ㅡ Tudo bem, me dê seu papel ㅡ estendo a mão rápido, recebendo seu sorriso satisfeito.
ㅡ Você é incrível, ingtay!
Recebo um beijo inesperado na bochecha, enquanto ela sai correndo para onde seus amigos a esperam. Esse é um apelido que recebi da maioria das pessoas daqui. É uma mistura de línguas, por causa da forma que eu enrolo tudo quando estou nervosa demais. Surgiu quando eu tive que me apresentar para a sala toda, não foi um momento muito agradável.
Abrindo meu armário e jogando todas as coisas para dentro, decido que hoje eu não estou com vontade de fazer uma refeição. Ao invés disso, apenas pego a redação de Chaehyun e levo para o campus, onde alguns alunos estão deitados sobre o gramado com seus respectivos grupos. Aqui eles acabam seguindo aquele velho clichê de divisão territorial, tem o grupo das artes cênicas, artes plásticas, artes visuais onde eu me aplicava mais, dança, música, fotografia, entre outros..
A fotografia era exclusivamente o dos famosinhos. O principal que liderava eles era Choi Yujin, eu nunca conversei com ela. Apenas sei que fica na maior parte do tempo tácito, misteriosa e fumando um cigarro encostado na sua moto grande, o que acabava atraindo atenção ainda mais. Principalmente dos garotos que babavam por ser tão sexy e as garotas que tinham inveja do que conseguia.
Yujin é o que eu chamaria de garota fora dos padrões, e ela realmente aparentava gostar disso. Ela era um dos únicos asiáticos como eu que frequentava esse lugar, embora totalmente diferentes. Suas mãos e braço esquerdo eram coberto de tatuagens, usava roupas escuras e fazia muitas festas, muitas mesmo. Nem mesmo parecia uma aluna de fotografia que gosta de ficar sozinha sem ninguém por perto, eu não acreditaria que ela fosse, se não a encontra-se na aula sempre concentrada em sua câmera.
Mas isso não importava agora, eu tirei meus olhos de Yujin costumeiro na sua moto e nos alunos ao redor. Minha vida já estava cheia de problemas o suficiente, para me ligar em outras.
[...]
ㅡ Hey Bahiyyih!
Uma voz feminina e conhecida me chamou assim que finalmente terminei a redação de Chaehyun, eu conhecia aquela voz em qualquer lugar. Minha melhor amiga Mashiro, ela era do Texas, mas seus ancestrais são japoneses. Uma garota cheia de vida e divertida, com personalidade forte e durona para qualquer coisa.
Ela é incrível.
ㅡ Oh não.. Não me diga que você está novamente fazendo as atividades daquela bastarda!?
ㅡ É o último, eu prometo.
ㅡ Desisti de acreditar em suas promessas Bahiyyih ㅡ sua mão ergue para me silenciar ㅡ Precisamos dar um jeito nisso, não pode ser gentil o tempo inteiro!
ㅡ Apesar de me meter em enrascadas, sou eu. E não posso mudar isso, acredite eu já tentei.
E realmente tentei, mas travei, literalmente travei quando tentei falar não a Britney Lins, quando me pediu ajuda para montar o palco de teatro. Enquanto eu estava cheia de redações/atividades de alguns alunos, para fazer.
ㅡ Bem...Talvez possamos fazer algo a respeito, quem sabe..
Seu olhar dispensa para o amontoado de alunos, eu o sigo intrigada para entender o que a mais velha tem a dizer. Embora me arrependendo amargamente, quando seus pequenos olhos cintilam ao avistar Choi Yujin. Ela continuou no mesmo lugar desde que eu estava aqui, dessa vez mexia no celular digitando alguma coisa depressa.
Eu não sei, mas ver minha amiga abrindo um largo sorriso malicioso. Me assustou.
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𝗣𝗲𝗿𝗳𝗲𝗰𝘁 𝗢𝗽𝗽𝗼𝘀𝗶𝘁𝗲𝘀, Yuhiyyih [C]
FanfictionExistia sempre algo que Bahiyyih detestava em si mesma, seja fisicamente ou mentalmente. Era "amaldiçoada" pela gentileza excessiva e frustrada artisticamente, talvez seja por isso que eles tendem a tirar proveito de sua bondade e vulnerabilidade se...