Nami jogou os longos cabelos pelos ombros, enquanto tinha os braços cruzados e ostentava uma pose de quem estava claramente impaciente. O corpo era sustentado por uma perna enquanto o pé oposto batia rapidamente contra o assoalho que cobria a sala da presidência.Olhava atentamente para figura mais velha à sua frente, que bebericava seu chá fumegante em uma xícara de porcelana luxuosa. Bellemere depositou a louça sobre a mesa de centro e suspirou longamente olhando a paisagem refletida na grande janela da sua sala.
— Mãe, precisamos dar um jeito nisso. — a voz robotizada de Nojiko se fez presente. — Não podemos atrasar mais um semestre por conta desse contrato! Muito menos, perder uma oportunidade como essa para a concorrência.
Nami virou as costas para o monitor que exibia a imagem da irmã mais velha. Nojiko havia sido convidada para participar e ser palestrante em um evento famoso de cultivo de laranjas que acontecia a cada dois anos. Seu projeto de melhoramento genético havia sido um sucesso, e agora ela estava na Alemanha apresentando e discutindo sobre o assunto.
Como uma empresa que tinha sua matéria prima vinda do campo, nada era mais importante do que aquisição e expansão de terras. Com o aumento do preço dos commodities agrícolas no ano passado, a Orange Town se comprometeu a expandir seus hectares de terrenos plantados esse ano, aumentando a produção e o faturamento da empresa. Só havia um problema nesse plano perfeito: a concorrência estava caindo forte sobre os possíveis donos de terra e fechando contratos gordíssimos com cada um deles.
— Precisamos desse contrato assinado pra ontem. — Nami virou o corpo em direção da mãe.
— E você acha que eu não sei disso, querida? — a matriarca retrucou. — Precisamos pensar em como fazer o contrato e a proposta chegarem até ele.
Mesmo estando na metade do ano, ainda tinham 1.300 hectares de terras para negociar e absorver dentro da empresa. Recentemente, um empresário entrou em contato com o departamento de arrendamento de terras que estava em sua herança e que não tinha interesse em cultivar nada de forma particular. Tratava-se de 1.015 hectares de uma fazenda conhecidíssima e que ficava muito bem localizada, mas ao mesmo tempo era uma zona de guerra, pois ficava numa distância igual da Orange Town e da fábrica concorrente, a Arlong's Citrus.
— Não conseguimos fazer uma vídeo chamada e enviar um contrato para assinatura virtual? — a ruiva argumentou, sentando-se no sofá ao redor da mesinha de centro. — Nosso jurídico já consegue validar esse tipo de assinatura.
— Até gostaria que fosse simples assim, Nami. — Nojiko comentou. — Conversei com a filha dele e ela me informou que ele não só está de férias, como está em um retiro matrimonial para comemorar as bodas com a esposa.
— Cacete! E o amor não pode descansar por 40 minutos e uma checagem de e-mails? — Nami resmungou, pegando sua xícara e bebendo café.
Nefertari Cobra era um grande empresário do ramo da moda. Sua esposa, Titi, era uma estilista famosíssima e sempre estava lançando coleções que viravam tendência da noite para o dia. A Alubarna era uma marca que carregava luxo e requinte no nome, e era a criança dos olhos do casal Nefertari. A moda era tão forte no genes da família que a primogênita era uma modelo famosíssima que sempre carregava a marca da família no peito enquanto desfilava pelas passarelas do mundo.
Nami cruzou as pernas e levou a unha do polegar até os dentes, controlando-se para não roer sua unha caríssima de fibra. Logo quando conseguiram acertar e validar o contrato com o jurídico, esse homem tinha que sair de férias? A pior parte é que sabiam que apesar de ter um bom caráter, Cobra era um homem de negócios. E como na vida de qualquer empresário tempo é dinheiro, ele fechava o contrato com quem fizesse a melhor proposta primeiro. E Nami tinha informações que a Arlong's Citrus já estava se movimentando para ficar em primeiro nesse pódio.
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Contrato Tropical
RomanceApesar de ser a princesa do reinado executivo, viver de luxos, festas e brilhantes, Nami adorava trabalhar. Todo o glamour vinha nas planilhas, contratos e reuniões longas que tinha com fornecedores e possíveis sócios. E, lógico que ela não fazia i...