um hotel, Percabeth, Soleangelo e saudades (parte 2)

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TW: nada sério mas o Nico se machuca um pouco.
Obs: nem sempre concordo com os personagens em tudo e não reflete minhas opiniões pessoais sempre.

—————————————————*Depoimento do Nico*—————————————————

"o hotel é bem confortável, não?" - disse Hazel. ela sempre gostou de conversas trivial, já eu não era muito de papo. A menina nunca se importou em eu não responder, então também nunca me importei em ela conversar. - "é uma pena que Frank não pode vir, talvez se falássemos com ele, e...vamos dizer...Will?" - quase caí da cama.

"HAZEL! O QUE VOCÊ FEZ?!" - merda.

"eu não fiz nada! foi só uma sugestão..." - ela sentou-se ao meu lado afofando a lateral da cama. - "...só acho que...você deveria começar a conversa as vezes...sabe? mostrar interesse."  - acho que ela se esforçava para demonstrar apoio, de certo modo ela viveu mais tempo no passado...tinha esses ideais mais fixados em si. Era caloroso mas não...

Acho que nesse período eu mesmo não estava confortável comigo, quando você não aceita, quando você ainda chora toda noite desesperadamente porque não consegue intender o que fez de errado para merecer ser como é...fica difícil de tomar o suporte de outras pessoas.

Você se pergunta: como pode ser tão fácil para todo mundo me entender se eu mesmo não consigo?

"você não entende...é diferente...muito diferente." - não era culpa dela por tentar, ou dele. Era culpa minha.
Me forçava a viver infeliz por não achar que merecia algo melhor.

"a única coisa que não entendo Nico di Angelo é como você pode não perceber o quanto Will gosta de você...deuses! o garoto te manda ir pra enfermaria 4 vezes por semana!" - ela franziu o cenho e lábios. Eu bufei e joguei-me de costas pra ela. Minha irmã levantou poucos segundos depois, escovando seus cabelos dourados a caminho do banheiro. - "tudo bem então...só...só pensa no assunto? eu quero que seja feliz."

      Depois disso fiquei sozinho...assim era mais fácil. Sem questionamentos desnecessários ou irmãs preocupadas...e acredite, tenho experiência com irmãs. Tive três durante minha vida.

       Fiquei me contorcendo pela cama, rolando de um lado ao outro. Hazel adormeceu rapidamente, engraçado, eu apenas conseguia adormecer quando viajava pelas sombras, em qualquer outro cenário estava atormentado demais para conseguir. Morder a ponta dos meus dedos ajudava, a dor física supera a emocional. Em dias particularmente ruins lembrava do Will. Dos seus cabelos cacheados loiros, da sua pele bronzeada, da forma que manuseava seus materiais, como sempre cantarolava de forma doce enquanto trabalha...mas naquele dia não podia fazer isso.

     Então tive que usar meu primeiro método de forma mais forte...Hoje eu me arrependo disso. Não é saudável, é imediatista e irresponsável. Hoje estou em tratamento acompanhado e vejo que era algo juvenil...mas quando você faz isso consigo mesmo não se sente assim, você apenas sente o alívio e sua própria contradição. A pessoa sabe que é ruim, ninguém é louco pra não achar que é um problema. Mas pra resolver você tem que parar.
E você não quer parar.

      Eu comecei a sangrar, sangrei nos lençóis, nos travesseiros e em meus pijamas. Entrei em desespero, não porque podia pegar uma infecção mas porque teria que explicar pra minha irmã o que aconteceu, isso era assustador de verdade.

      Levei tudo para o banheiro tomando cuidado para não fazer nenhum ruído, devia ser por volta de 3:00 da manhã e estava machucado, sentado na tampa de uma privada assistindo meu próprio sangue escorrendo pela torneira. Já deviam ser umas quatro da manhã

"o que estou fazendo?" - Sussurrei rouco de chorar. Porra. Qual era meu problema?

      Ai que me caiu a ficha...não era a morte da Bianca, não era eu ser rejeitado, não era eu ser o que sou...era eu. Estar ali, era minha culpa. Depois de todas aquelas decisões ruins tomei a melhor da minha vida.
Vi um pequeno arco íris se formando na corrente de água é bem ao lado da pia estava um saquinho de dracmas...valia tentar.

"Íris aceite minha oferenda. Deixe-me falar com Will Soleance." - estava nervoso, movendo meus dedos. Claro que era inconveniente para ele...devia ser o que? 7 da manhã lá? mas quando isso passou em minha cabeça já estava estabelecendo conexão.

"ah...oi." - disse o loiro pela imagem trêmula, seu cabelo encontrava-se bagunçado, iluminado pela luz da janela da enfermaria onde arrumava seu equipamento para o dia.

"oi...desculpa ligar tão cedo. Acabei me machucando e...não sabia mais o que fazer." - minha voz falhou.

"tudo bem, gosto quando você fala comigo. O que aconteceu?"

"nada demais, só me machuquei com vidro quebrado."

"você não pode me ligar no meio da madrugada e mentir assim."

"fui eu."

"eu sei"

"então por que perguntou?"

"pois não sei o motivo."

"deuses você não pode deixar nada passar?"

"não quando é a coisa mais importante."

"Hazel está aqui do lado...não quero que ela ouça." - o olhei suplicante.

"está sugerindo que quer vir para cá? não está cansado?"

"estou com energia o suficiente para viajar pelas sombras."

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Will: sem brincadeira, em três segundos ele estava lá. Parecia ainda mais cansado que o normal.
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Trouble Kid's: A banda de semideuses Onde histórias criam vida. Descubra agora