Por dentro.

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Olhando pela fresta da porta de madeira, Willow conseguia ver Hunter sentado na cama da Noceda. Ele aparentava estar triste e acareciava suas mãos umas nas outras.

Willow não gostava de espionar, lógico. Entretanto neste dia ela viu algo pertubador. As mãos de Hunter.

Elas tinham uma cor pálida, puxada para o azul. De longe ela conseguia enxergar hematomas.

Seu coração estava acelerado, uma empatia e pena enorme faziam seu coração tremer. Cautelosamente ela abriu a porta e a mesma foi acompanhada de um xiado pequeno.

Hunter se remexeu e foi rápido cobrir suas mãos por de baixo da coberta ciano claro. Ele imaginava que estava a sós consigo mesmo, está enganado. Sua respiração parava de 2 a 2 segundos e suas mãos começaram a soar.
Willow não podia ver aquelas coisas.

- W...wiii... - ele tentou pronunciar seu nome porém apenas saiu um gemido, parecido com um de um rato ou um gás vazando.

Willow finalmente virou. Estufando o peito e organizando coragem para tentar ver aquilo. Seus olhos bateram com os de Hunter. Ambos não conseguiram manter o contato e desviaram. Willow foi a primeira a retornar.

- Hunter nós... Precisamos conversar - sua voz era preocupada. Pesada.

O menino loiro fez uma carranca de infelicidade e sentiu seu estômago embrulhar.

- P... - saiu um murmuro. Respirou fundo e tentou de novo - podemos depois? - ele tentou disfarçar o quão desesperado ele parecia.

Hunter sentiu seu coração acelerar. Ele ficou tenso e parecia que todos os seus músculos também.
O ar em seus pulmões se esvaziou e a busca por ar pelo nariz se tornou escassa. Ele tentava respirar inúmeras vezes para preencher o ar em seus pulmões. Sua respiração faltava.
Seus ombros tremiam e consecutivamente seus braços também. Eles apodreceram.
Sem perceber, Hunter traça uma rota de fuga. Janela. Porta. Armário. De baixo da cama.

Willow puxa a maior quantidade de ar que pode e suspira:

- Estava pensando em conversarmos agora - ela dá uma iniciativa.

Passos largos. Os olhos de sua capitã miravam na cama.

Hunter sabia o quê ela iria fazer. Ele estava com medo. A beira do desespero.

Foi tão rápido, que ele nem percebeu que ela já estava sentada ali.
Com um movimento lento, de incerteza e certeza, ele a olha. Sua expressão é de dor. Hunter não sabe porquê...
Ela viu...?
Seus olhos se arregalam e ele treme de corpo inteiro.
Não não não não......
Por favor não...
Seu coração aperta como o inferno.

- Agora não - saí mais firme do quê ele planejava. Ele vê que Willow não se meche.

A esverdeada sabia que Hunter tinha que ter seu próprio tempo, mas, ela também sabia que as mãos dele estavam em uma situação feia. Ele esconderia para sempre?

- Me desculpa eu vi as suas mãos - ela contorceu seus dedões um no outro.

- O quê?.... - saiu baixo.

A audição de Hunter ensurdece. Sua visão fica turva e sua boca resseca. Ela sabia. Ele não conseguia concentrar sua visão. Até que viu Willow estralar seus dedos em sua frente.
Lá estava ela. Ele se concentrou, a viu, a capitã. Ela parecia destruída, amarga. Ele piscou, e sentiu suas pálpebras molharem.

- E-Eu sinto muito... - ela murmurava enquanto gotas de lágrimas encharcavam o canto de seus olhos.

Ele agarrou a mão da Willow que estava na sua frente com suas ambas mãos tentando acolher ela, dar um fim ao seu sofrimento em um ato primordial.

- Não! Tá tu-tudo bem capitã... Tudo bem.... - ele dizia em um sussurro. Algo que nem ele acreditava, mas ele precisava que ela acreditasse.

Sua respiração continuava acelerada.
Ele viu o olhar de Willow ir para baixo. E ficar em total choque, em um abismo de medo e espanto. Ela recua para trás com a boca semi aberta.
Hunter sem saber o porquê também vê, e quando vê, se arrepende de ter nascido.

Ele continuava a segurando. Com aquelas coisas nojentas. Sua respiração parou. Ele engoliu seco e sentiu a falta de ar invadir seus pulmões. Ele tentou respirar e isso ardeu seu nariz. Então respirou pela boca.

Como instinto ele deu um tapa na mão de Willow e recolheu as suas por debaixo da coberta novamente.

- Meu... Titã... - as palavras pularam pela boca da menina.

Hunter tremia sem saber o quê fazer. Seu braços e mãos sacudiam por de baixo da coberta e seus olhos pulavam de uma coisa pra outra com medo do quê Willow diria.

- Eu sinto muito!!! - um abraço. No ombro dele ele consegue ouvi-la chorando.

Um abraço muito apertado.
Aquilo surpreendeu Hunter. Venho como um espanto e um susto repentino. Ele estranhou.
Sua boca se abre ou, sua mandíbula caí para baixo.
Ele piscou várias vezes, hesitante.

Ouvir a menina que você gosta chorando em seu ombro não é legal.

Ele pode sentir os braços pequenos e fortes de sua capitã o envolvendo. Acolhendo.
Ele ergue suas mãos e tem medo de tocar nas costas dela com elas.

Porém o faz. Começa com um deslizar da palma de uma de suas mãos pelo torço da esverdeada. E termina com um aperto forte.
Ele se curva em direção a ela e a sufoca com seus braços.

Ele a apertou como se fosse seu mundo, como se fosse a última coisa que veria. Afundou sua cabeça em seu pescoço e não pode mais segurar suas lágrimas. Ele chorou alto, soluçando e nunca afrouxando o aperto a Willow.

Willow direcionou seus braços em volta do pescoço do loiro e não parou de chorar também.

Era um momento só deles. Aonde não existia problemas exteriores e sim, um compartilhamento de emoções.

Durou por sete minutos ou mais. Até que Hunter parasse de chorar e se distanciasse de Willow.

Agora, ele deixa suas mãos juntas, na frente do seu corpo e apoiadas no lençol. Em seu rosto tinha um rubor de timidez pelo momento muito íntimo e vergonha por mostrar suas mãos. Ele nunca às mostrou para alguém a não ser Flapjack e Darius. Ela era uma garota especial.

Willow prestou atenção nelas.

Elas tinham cortes grossos, pareciam animalescos. Na costa de sua mão, havia perfurações. Buracos pequenos. Exatamente quatro, infileirados separados em duas colinas de dois. Parecia que algo pontiagudo, um prego talvez, houvesse perfurado a pele do loiro.

Em ambas mãos haviam essas perfuracoes.

Willow tentou ficar calma e não demonstrar choque para não assustar Hunter.

- São ridículas não é? - Willow o encara confuso e ele solta um suspiro - elas são as provas do quão fracasso eu sou. Meu tio cortava elas com o lodo de abominação toda vez que eu falhava em uma missão ou o desobedecia. - ele concluí e recomeça - esses buracos.... Bem, Belos tinha um instrumento pontiagudo, ele colocava a minha mão lá e descia o instrumento.

- Hunter isso.. - ela tenta encontrar palavras.

Ela nunca imaginou que isso aconteceria com o loiro. Era abuso, violência. Tudo de ruim.

- Eu não vejo assim - ela faz carinho em sua mão fodida - isso só demostra o quão forte você foi Hunter - ela aproxima de sua boca e beija.

Hunter recua o toque com os lábios e algo em sua barriga queima. Suas pernas parecem gelatina.

Ele sorri. Capitã era mesmo especial.

- Eu amo você por inteiro e isso não vai mudar - ela sorri.

Ele se transforma em um tomate. Willow não era especial, era super hiper especial.

- Eu também te amo, Capitã.

Ela se inclina e deposita um selinho em sua boca.
Os dias de Hunter não são mais tão obscuros.

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⏰ Última atualização: Aug 27, 2022 ⏰

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