Capítulo 6

423 33 3
                                    

Maya correu para a sala de conferências 2 minutos antes de soar o alarme avisando que o incêndio tinha se tornado de categoria 5 e que todos deveriam se dirigir ao local imediatamente, ela quase não acredita que realmente teve tempo mesmo com o cabelo molhado, mas com um extra café na mão. Ela olhou ao redor quando vestia suas roupas de proteção antes de entrar no carro. "O que? Prefiro café a secar o cabelo!" Ela deu de ombros, cada pedacinho de seu eu confiante novamente. Vic e Jack riram, antes de Travis gritar.

"Oh Bishop..." Ele se recostou na cadeira com um sorriso malicioso. "Isso é uma caminhada da vergonha?" Ela olhou ao redor do carro. Jack estava profundamente no volante à frente dele, mas definitivamente tinha seus ouvidos atentos à resposta dela. Andy estava claramente olhando para ela com um sorriso de comedor de merda. Ela estava recostada no banco forçando seus fones de ouvido com a mão. Dean havia parado de escrever em seu livrinho e agora também a encarava. Maya desviou o olhar um pouco quando viu Carina e Ben caminhando em direção à porta. Tudo indicava que o bombeiro cirurgião não iria se juntar a eles naquele momento

"Não. Nenhuma caminhada da vergonha. Porque não sinto um pingo de vergonha." Ela disse, enquanto se jogava em sua cadeira com uma piscadela para Victoria. Andy soltou uma gargalhada enquanto Travis murmurava um 'Maldita garota'. Ela sorriu para Andy, que parecia prestes a lançar uma série de perguntas, mas assim que acabou de abrir a boca, quando Sullivan bateu na lateral do caminhão com força, indicando que eles deveriam sair agora à porta.

Contudo, enquanto Sullivan se juntava a eles saindo à frente na caminhonete, a loira olhou para Carina que andava ao redor da mesa da recepção entregando papéis a Ben. Maya alegremente tomou um gole de seu café olhando por cima da borda de sua xícara. A mulher parecia arrumada como sempre. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo perfeito e parecia lavado e certamente mais seco que o da bombeira. Ela conseguiu fazer tudo isso e levar a criança para a escola em menos de uma hora, porque ela ainda conseguiu chegar antes de Maya. É certo que ela morava mais perto, mas estava maravilhada. Como se ela pudesse sentir seus olhos sobre ela, Carina olhou ao redor a tempo de pegar a loira a olhando. Ela deu um meio sorriso antes enquanto a via sair.

Ao fim daquele dia Maya estava deitada numa espreguiçadeira no telhado da estação sozinha na esperança de pegar uma brisa suave, ela ainda podia sentir o calor do fogo lambendo seu corpo, a coisa realmente foi ela, um bombeiro caído da 28, mas poderia ser qualquer um, poderia ser alguém da 19, poderia ser ela... Ela tinha consciente de que o trabalho era esse, mas ainda assim se sentia um lixo e com inveja, era tudo que queria e isso realmente a assustava; uma morte digna, salvando uma jovem vida, um herói e então ela poderia finalmente descansar, deitar nas nuvens e apenas dormir... Enquanto seus demais colegas se preparam para cuidar da família do herói que fez sua última vigília e que estava indo para casa, ela pensou no garotinho de hoje, era só um menino e consequentemente ou conspiratoriamente no carinha, Henry também era só um menino, ainda menor do que aquele salvo hoje, no pensar no carinho lhe trouxe um sorriso ao rosto, Henry estava bem, ele estava em casa e em segurança, ela tinha um super mãe protetora para isso, pensar na italiana a fez lembrar dos acontecimento entre elas, ou sim, ela ainda estava pensando naquele beijo sonolento. Provavelmente não significava nada para a outra mulher. Eles estavam tendo uma noite meio emocional. Ela disse que estava sozinha. Sim. Provavelmente era só isso.

Maya se moveu um pouco, para procurar estrelas no céu noturno. Ela forçou sua mente de volta ao fogo e ao luto. Fantasiar sobre Carina não iria ajudá-la agora. Ela esfregou as mãos no rosto e decidiu apenas aproveitar o ar mais frio por um momento, ela tentou relaxar e por isso se assustou com uma batida da porta segundos depois. Ela rapidamente se virou para vê quem mais estava fugindo das tradições fúnebres, talvez alguém tenha finalmente dado por falta dela, talvez alguém tenha lembrado que foi ela aquela que arrastou o corpo sem vida do companheiro caído e da criança para fora daquele inferno em chamas, talvez alguém se importasse.

Como uma brisa de ar frescoOnde histórias criam vida. Descubra agora