Never say never

nunca, nunquinha, jamais diga nunca

Harry pov.

Nunca dizer nunca.

Era uma forma complicada de ver a vida, como se tudo fosse ficar mais fácil ao banir apenas uma única palavra do vocabulário, mas de certa forma, era uma boa forma de ver a vida, como um modelo a seguir, jogar para o universo que você não está disposto a desistir e desejando que ele te desse a força necessária para lutar.

Desde muito novo eu fui obrigado a enfrentar coisas maiores do que eu, uma profecia me tirando dos meus pais pelas mãos de um homem cruel, que anos depois tentou voltar várias e várias vezes, cada ano sua presença maior e mais forte, sua sede por poder sendo apenas um pouco maior que a sua sede por vingança daquela criança de apenas 1 ano que te tirou toda a glória.

Eu nunca pensei que eu pudesse atravessar uma barreira de fogo, de não me queimar contra aquela força tremenda que queria a pedra filosofal, que queria retornar ao poder, que passou por todos os testes e barreiras dos professores mais competentes de Hogwarts e que mesmo com isso tudo ele fosse perder por sua ganância.

Eu nunca imaginei que eu pudesse ser corajoso para enfrentar um basilisco, de lutar contra a memória daquele que assassinou meus pais sem sentir um gosto amargo na boca, que sequestrou uma garota de 11 anos apenas por capricho, de ter a força de vontade de ir cada dia mais alto e mais forte para proteger aqueles que me importava, até o momento que não tinha mais retorno.
Até o momento que ele ressurgiu da morte e se tornou poderoso aos poucos.

E não tinha como voltar atrás.
Não tinha como fingir que nada estava acontecendo.

Após um quarto ano complicado, cheio de altos e baixos, o torneio pesando meus ombros e o constante medo do que as pessoas pensavam de mim me atormentando enquanto tinha que aprender magias avançadas e treinar o máximo possível para conseguir me superar e sobreviver, tudo para no final descobrir que ele era o culpado e que eu teria que começar a agir dali para a frente.

Eu teria que tomar atitudes, tomar a frente, proteger o que era importante para mim, proteger a vida que meus pais se sacrificaram para me dar.

Meu coração estava sob ataque, meus amigos estavam correndo perigo, meu mundo estava sofrendo, o futuro do mundo bruxo e trouxa dependia de mim, um garoto de 17 anos com uma sorte imensa e um conhecimento duvidoso do mundo e sem o mínimo de experiência necessária para ser jogado em uma guerra.

Mas era meu destino.

E eu ia lutar até o final.

Todas as vezes que eu achava que Voldemort estava me vencendo, eu lutava e corria atrás para vencer. Para lutar. Dava a volta por cima, me aliava com poderes dentro de mim que eu não sabia que estavam despertos, me conectava com o que era importante e traçava uma linha objetiva de onde estava e onde eu precisava chegar, sempre visando a derrota daquele homem.

Eu nunca achei que pudesse ter tanta força, nem sentir tanta liberdade.

Quando eu consegui cruzar aquele oceano, quando todas as horcruxes haviam sido destruídas, quando eu havia voltado a vida, a cobra havia sido morta e não restava mais pedaços de alma além daquela a minha frente.

Nada mais importava.

Hoje eu olho para a vida que construí com orgulho, pensando que tudo foi feito com o máximo de mim, que dei o meu melhor, e posso me sentir feliz sobre minha família, casamento, emprego, lar, porque tudo foi feito com meu suor.

Por isso eu me senti muito maduro para aconselhar meu único filho, quando ele veio até mim uma semana antes de ir para Hogwarts, sua expressão de pânico me dizendo que havia algo de errado, ouvindo ele chorar e dizer que não achava que seria considerado corajoso o suficiente para ir para a Grifinoria, como todos os Potters, dizendo que tinha medo de ser julgado, de não ser inteligente o bastante, de não ser apanhador como eu e meu pai havíamos sido, de não ser bom o bastante para ser considerado meu filho.