Após dizer isso ela se vira e saí, continuo parada, sentada quase sem me mover. Meu coração está acelerado, acho que pelo tom de voz dela, não sei explicar. Meu corpo está pesado como se um caminhão estivesse sobre meus ombros, estou exausta de toda essa situação e forçar minha mente para lembrar das coisas só tem me dado dores de cabeça.
Cada dia tudo parece descomplicar e volta a se complicar, sei que boa parte da complicação é por minha causa.
Olho para cima e suspiro. O que eu devo fazer, senhor?
Decido por fim levantar e ir atrás dela, uma hora ou outra terei que enfrenta-la, não posso evitar toda hora, sei que temos que conversar. A porta do meu quarto está fechada, imagino que ela tenha ido para o quarto do Anthony, vou até lá e bato duas vezes na porta antes de abrir.
— Entra...
Ouço sua voz rouca lá de dentro permitir minha entrada, suspiro aliviada. Pelo menos ela não me mandou embora. Adentro o quarto devagar, fecho a porta atrás de mim e olho para ela. Emília está de pé em frente a uma prateleira, parece observar alguma coisa. Me aproximo dela com cautela e paro ao seu lado, olho na mesma direção que ela está olhando e vejo algumas fotos, nossas com Anthony.
— Nós tiramos essas fotos quando fomos na Disney ano passado. — Ela comenta, não digo nada, fico apenas observando as fotos. Louis em meus ombros e Emília de quatro no meio das minhas pernas, nós três estávamos com orelhas do Mickey. Em outra ela está jogando o pequeno para cima e eu pareço estar com medo que ele caia, acabo rindo dessa foto e ela me olha curiosa. — Que foi?
— Essa foto, está engraçada.
Aponto para a foto e ela olha, acaba rindo também.
— Você ficou desesperada, achou que ia deixar ele cair.
— Dá pra ver pela minha careta. — Continuo a olhar as fotos, em outra estamos sentadas em um gramado, Anthony está deitado em nosso colo de lado e sorri para a câmera, assim como Emília e eu. — O que tinha acontecido com o queixo dele?
Perguntou curiosa ao ver que naquela foto Anthony estava com um curativo em seu queixo.
— Ele caiu andando de patins, eu também cai, só que ralei um pouco o cotovelo.
— Ele tem cara de levado e você parece acompanha-lo em suas travessuras.
Deduzo e ela acaba por gargalhar, jogando a cabeça para trás e rindo com vontade. Sorrio ao vê-la daquela forma, parece mais relaxada.
— Isso é verdade, não estranhe se você ver mais fotos desse tipo, ele ou eu com curativos. Sempre gostamos de brincar juntos, e você sempre nos avisava para tomarmos cuidado.
— E vocês não pareciam me ouvir.
Acuso-a, mas tenho um sorriso no rosto. Emília olha para mim e dá um pequeno sorriso, como se dissesse que era culpada.
— Só as vezes.
Nego com a cabeça e volto a ver as outras fotos, Emília fez questão de me contar a história de cada uma, apenas fiquei quieta ouvindo tudo que ela dizia.
— Andi? — Ela me chama depois de um tempo, faço um som nasal sem desviar o olhar dos desenhos espalhados na escrivaninha de Anthony. Ele tem talento para isso. — Quando você me disse que queria tentar recomeçar, você estava falando sério ou disse aquilo só porque pensou que era o que eu queria ouvir?
Ela não soa rude, mas parece um tanto amedrontada. Penso que ela ainda pensa que eu a odeio como antes, mas não, na verdade acho que só não gostava muito de sua presença e antes a odiava por sempre me perturbar. Porém agora tudo está tão diferente, ela está diferente. Até mesmo eu estou diferente.
— Sim. — Suspiro e me viro para olha-la, Emília está encostada na parede próxima a porta do banheiro, suas mãos estão no bolso de sua calça de moletom e ela me olha ansiosa. — Eu realmente quero começar, quero saber de tudo. E volto a dizer, quero me lembrar de você também.
Tento transparecer o máximo de sinceridade possível, quero que ela acredite em mim, que tenha confiança nas minhas palavras. Vejo seus olhos começarem a encher de água, penso em ir até ela, mas vou até lá fazer o que? Espero que ela diga alguma coisa, Emília limpa o canto de seus olhos e seus lábios tremem um pouco. Ela está prendendo o choro.
— Eu fico... Fico muito feliz em saber disso. Céus! Você não imagina o quanto.
Imagino sim.
Sua voz está meio embargada, ela passa as mãos nos olhos de novo e olha para baixo. Ficamos em silêncio, continuo a olhar para ela esperando que diga mais alguma coisa. Minutos depois ela me olha, seus olhos ainda está meio úmidos e o nariz está começando a ficar vermelho.
— Posso te pedir uma coisa?
Ela pergunta e eu encolho os ombros por reflexo.
— Hm... — Hesito um pouco. —Pode.
Digo por fim e ela dá um passo só, receosa, permaneço parada e ela dá outro, como se tivesse esperando que eu a mandasse parar.
— Me dá um abraço?
Emília me olha como se fosse uma criança pedindo um doce antes do almoço, umedeço os lábios e fico entre dizer sim e não. Mas penso, o que eu tenho a perder?
— Claro que sim.
Abro meus braços e sorrio timidamente, ela sorri da mesma forma e em segundos seu corpo colide com o meu. Sinto seu rosto na curva do meu pescoço, onde ela solta sua respiração pesada. Meio sem jeito e eu passo meus braços por seus ombros, já que os dela está em minha cintura. Emília cheira meus cabelos e parece pensar se me aperta contra ela ou não, forço meus braços em seus ombros como se desse permissão para ela me abraçar com força.
— Pode me abraçar mais forte.
Sussurro em seu ouvido e sinto seu corpo tremer um pouco, Emília me aperta com mais força, mas não tanta força ao ponto de me deixar sem ar. Seu rosto continua em meu pescoço, seus braços envolvem minha cintura enquanto os meus envolvem seu pescoço e meu queixo está apoiando em seu ombro.
Sinto-me bem nesse abraço... É como... Não sei explicar. Mas é um dos melhores abraços que já me deram na vida.
— Eu senti muita falta disso.
Ela murmura contra meu pescoço, ouço ela engolir saliva e depois suspirar. Um sorriso nasce em meus lábios, nem o pensamento de que eu poderia sentir esse abraço sempre consegue me assustar. Porque eu realmente poderia abraça-la pelo tempo que fosse.
— Você pode me abraçar sempre que quiser.
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STUPID WIFE (Adaptação Endi)
Novela Juvenil[Adaptação] Você já se imaginou casada com alguém que você nunca suportou na vida? Andrea Agosti também nunca havia imaginado isso, muito pelo contrário. Era para ter sido apenas mais uma manhã normal. Andi acordaria, tomaria o café da manhã com s...