O Adeus Não Dado

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Quando acordei de manhã vi que todo mundo ainda estava dormindo. Fui até o banheiro e decidi tomar um banho e, logo depois, fui preparar um café da manhã. Aos poucos o pessoal foi acordando e por volta das 15hrs resolveram ir embora.

Comecei a arrumar a casa e subir os travesseiros e cobertores de volta pro quarto quando vejo que o Taehyung ainda não tinha ido embora.

-Você não vai pra casa?

-Você quer que eu vá? Vou ficar enquanto puder.

Achei estranho a forma como ele estava falando comigo e me olhando meio triste.

-Não. Eu só pensei que você iria ir com eles.

-Vou te ajudar aqui primeiro, depois eu vou.

Depois de termos arrumado tudo ficamos assistindo TV e eu senti um clima um pouco estranho, como se ele estivesse incomodado com alguma coisa.

-Você está bem?

-É, eu tô legal.

-Aconteceu alguma coisa?

-Não. Tá tudo bem.

Ele se levantou do sofá, começou a colocar o tênis e pegar as coisas dele.

-Eu já vou indo, se cuida.

Resolvi levar ele até o portão esperando que ele me dissesse o que havia acontecido, o porque de ele ter ficado estranho de um dia pro outro.

-Lucy, apesar de tudo, eu gosto de você. Acima de tudo, eu gosto de você. Por favor, não quero que fique magoada comigo.

-O que aconteceu, Taehyung?

Ele começou a chorar e me deu um beijo na testa, entrou no carro e foi embora, sem qualquer explicação, simplesmente se foi.

Passaram alguns dias e ele não respondia minhas mensagens, não atendia ligações e eu ficava o tempo todo pensando no que havia acontecido, o que eu tinha feito?

Decidi ir até a casa da Lizzie e ver se ele estava lá. Enquanto caminhava, eu rezei para que ele estivesse lá, para que ele sorrisse pra mim como antes e me abraçasse. Eu queria desesperadamente ele do meu lado, como antes. Como aquele cara que andou comigo no museu e me levou embora pra casa, que me fez entender que o mundo é bonito apesar de toda a dor, eu precisava dele de volta.

Quando cheguei a Lizzie veio me atender com uma expressão meio assustada, como se eu fosse a última pessoa que ela quisesse ver.

-Oi..Lucy... Tudo bem?

-Lizzie, cadê ele? Pra onde ele foi?

-Lucy, como assim?

-O Taehyung. Ele sumiu, não me atende, não me responde, ele tá aí?

-Amiga, ele foi embora faz 3 dias.

-Como assim embora?

-Ele voltou pra Coreia com o melhor amigo dele. Você não sabia?

-Eu não acredito. Ele não me falou nada, Lizzie. Ele simplesmente foi embora e não me falou nada?

-Eu sinto muito, amiga.

Ela me abraçou e eu senti meu corpo inteiro arder de dor. Comecei a chorar e desejar que aquilo fosse mentira, como ele poderia ir embora assim? Depois de me beijar no quarto, depois de tudo.

Quando consegui me recompor decidi voltar pra casa. Fui andando bem devagar sem acreditar no que tinha acontecido, tentando processar tudo. Antes de ir embora passei no mercado e comprei cervejas, se fosse pra sofrer, que sofresse direito.

Depois de beber bastante e chorar litros eu apaguei no chão da sala. Num estado precário e horrível de se ver, eu havia voltado a fase inicial.

Acordei ouvindo um som distante entrando no meu crânio e fazendo minha cabeça dilatar. Era o alarme do celular. O Taehyung tinha conseguido marcar terapia pra mim. Essa seria a segunda sessão e a primeira que eu estava realmente querendo fazer.

Fui até o consultório e assim que chamaram meu nome eu entrei na sala e comecei a chorar.

-Bom dia, Lucy. O que aconteceu?

-Ele foi embora. Ele me deixou. Por que? Por que ele me deixou assim?

-Se acalme. Tome essa água. Respira e me conta devagar o que aconteceu.

Tomei a água e respirei bem fundo, cada extremidade do meu corpo fervia de saudade, cada parte do meu corpo queria ele de volta.

-Você lembra do Taehyung?

-Sim.

-A gente se beijou, faz quase uma semana. E um dia depois, ele ficou estranho, muito quieto e me olhava muito. E descobri ontem que ele foi embora pra Coreia, sem me dizer nada, sem nem sequer deixar a porra de uma mensagem.

-Ele foi sozinho?

-Não, com um melhor amigo dele, não sei quem.

-Isso com certeza tem uma explicação, ele não parece ser a pessoa que some.

-Eu estou machucada. Eu preciso dele comigo, ele me ajudou. Ele me fez ver o mundo de um jeito bom. Ele me salvou... Ele me quebrou de novo... Ele.. Ele me quebrou..

Senti as lágrimas caindo de novo. Eu havia entendido agora. Por isso ele tinha dito que iria ficar enquanto pudesse, por isso ele pediu desculpa. Ele sabia o quanto ia doer e mesmo assim decidiu ir sem falar nada.

Quando a sessão acabou eu voltei pra casa, subi até o quarto e sentei na cama olhando pela janela. Não havia mais ninguém pra quem eu pudesse correr agora, minha âncora havia me deixado. O vazio era surreal.

Eu queria explicar o que eu estava sentindo...

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