Uma noite

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Apesar do tempo, eu ainda me lembro do que aconteceu enquanto eu estava lá. Teve uma vez, que eu e meu colega, estávamos marchando, era de tarde e a gente teria que chegar num local dentro de dois dias. No início foi tranquilo, marchamos e marchamos, só nós dois, às vezes nos escondíamos atrás de alguns arbustos ou entravamos nas florestas, pra que os inimigos não nos vissem. No primeiro dia, de tarde, mais ou menos umas cinco horas, um inimigo nos viu, ele chamou reforços e começou a nos perseguir, claro que a gente não ia ficar ali parados como moscas em teia de aranha, demos no pé. Durante a fuga, soltei uma armadilha no caminho que tínhamos passado, um tempo depois, um deles gritou. Ele não ia morrer, não era essa a intenção da armadilha, mas convenhamos, um parceiro ferido é mais importante do que dois estranhos fugindo, eles nem sabiam quem nós éramos. Mas enfim, eles pararam pra ajudar o parceiro, enquanto isso, eu e meu colega continuamos a correr, no fim das contas nós fugimos, nos abrigamos e passamos a primeira noite no acampamento que fizemos.
No segundo dia, e último da missão, caso tenha esquecido, nós continuamos a nossa marcha, foi um dia tranquilo, não encontramos inimigos nem nenhum obstáculo muito complicado, chegamos no objetivo e pronto, nossa missão estava cumprida. Porém, o problema aconteceu quando estávamos voltando.
Era uma noite qualquer, eu e ele, como já disse, estávamos voltando da missão, já era noite, então fizemos nosso acampamento e fomos descançar. Era meia-noite, que meu relógio marcava, então eu me levantei pra comer alguma coisa e me aliviar, fui até uma árvore para tirar a água do joelho e quando acabei, ouvi um som, entrei em guarda, poderia ser só um animalzinho qualquer, mas também poderia ser um inimigo. Devagar, eu fui até meu colega, o acordei e expliquei a situação, pegamos só o essencial e começamos a nos afastar do acampamento silenciosamente, o barulho continuava e estava cada vez mais alto, o que era estranho, já que de início estávamos nos afastando dele, então percebemos uma coisa, estávamos cercados. Meu colega, que era um pouco surtado, começou a ficar paranoico, já eu que ainda era meio dentro da linha, tentei mater a calma. O barulho aumentava de um lado, e nós iamos para outro, ele aumentava nesse outro, e nós iamos para mais um lugar, o barulho ia para esse lugar... e assim se repetia, o barulho ficava nos atormentando e ficava cada vez maior. Meu colega já estava começando a surtar, até que eu pensei em uma coisa, uma distração, pedi a ele algo barulhento, ele me deu algo barulhento, eu o joguei à uma direção, e com o barulho que aquilo fez, seja lá quem era que nós cercava, o seguiu. Nós então corremos na direção oposta, em silêncio claro, e acabamos por escapar.
Ainda hoje me pergunto, quem era que estava nos cercando. Bem, de qualquer forma nós voltamos ilesos, meu colega estava meio perturbado, mas estávamos vivos, e isso era o que importava, pelo menos foi o que uma outra pessoa nos disse, quando contamos a ela o que aconteceu.

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