Único

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Espero que gostem, li mais de uma vez para ajustar, mas pode ter ficado um errinho, se ficou desculpas e no geral espero que gostem.

                                 ★

Finalmente estava me sentindo segura dentro de casa. Me joguei no sofá com o novo molho de chaves nas mãos e um monte de caixas em meu campo de visão.
Tive que me mudar as pressas por conta de um surto do meu ex, o pior é que eu não fazia ideia do que podia ter levado a esse surto já que terminamos a mais de dois anos. Começou de maneira boba, uma mensagem aqui, outra ali, não dava bola, até que ele começou a me ligar nas horas mais inoportunas, troquei de telefone, mas ainda estava tranquila, porém as coisas mudaram quando ele começou a ficar do outro lado da minha rua vigiando o dia todo minha janela, minha sorte era trabalhar em casa, então não tinha contato direto com ele, mas aquilo estava me assustando para caralho. A gota d'água foi um dia em que sai para ir fazer compras de casa e no meio do caminho ele simplesmente surgiu na minha frente falando que ainda me amava e que o meu destino era ficar com ele, estava na cara que ele não estava em seu estado normal, enrolei um pouco para ele não acabar fazendo uma loucura comigo e o convenci de ir embora. Naquele mesmo dia após deixar as compras em casa fui para delegacia da região e abri o boletim, era mais fácil prevenir do que esperar pelo pior.
Na mesma semana comecei a procurar apartamentos para alugar, fazia um tempo que queria me mudar e aquele era o motivo perfeito.
E agora estou aqui com um monte de caixa para desfazer e uma nova vida para começar.

— Está tudo bem sim, mãe. Não tive mais notícias dele, bloqueei em tudo.
— Isso mesmo filha e se precisar que a mamãe vá ficar com você um tempo eu vou.
— Não precisa gata, agora está tudo bem. Estou em um prédio bom, com porteiro 24 horas e serviço de câmera interna, se ele passar na calçada eu vou saber.
— Por favor meu amor, se cuida.
— Eu vou mãe.

Queria transparecer para ela que estava tudo bem e no geral realmente estava, mas ainda tinha um sentimento bem mínimo dentro de mim que me deixava com uma pulguinha atrás da orelha, e se ele estivesse me esperando na rua? E se ele do nada batesse na minha porta? Era muito "e se" e nenhum fundamento a não ser a ansiedade que corria frenética pelas minhas veias. Respirei fundo e fui organizar minhas coisas para esfriar a cabeça.

Mais se dois meses se passaram desde que eu me mudei e ele havia sumido, eu não vou mentir, estava feliz para caramba. Estava voltando da feira, com o sol do verão brasileiro torrando minha cabeça, muitas sacolas e zero mobilidade, pelo menos meu prédio era no final da rua.
Meu corpo inteiro gelou quando eu vi o Volvo branco virar a esquina, senti minha vista embaçar e ouvi de longe o som de algo se quebrando, senti uma dor aguda em minha mão e braço, mas estava congelada demais para me mover e olhar o que havia acontecido, só consegui voltar a mim quando o carro seguiu seu caminho sem fazer menção nenhuma de vir para meu lado, eu achava que estava bem, mas agora sabia que não estava.

— Moça, você está sangrando.

Meu corpo teve um espasmo de susto, virei o rosto rápido fixando o olhar no homem atrás de mim. Ele parecia preocupado, só então olhei para baixo e notei que um dos potes de compota havia estourado em mim, devo ter apertado com muita força por conta do medo.

— Que desastrada, pode deixar eu já estou chegando em casa, consigo me virar com isso.
— Não vou te deixar sair por aí com esse peso e sangrando assim, me dá as sacolas eu te ajudo — ele tirava do bolso um pano branco se aproximando para enrolar em meu braço.
— Não quero sua ajuda, eu estou bem — comecei a andar quase correndo, mas o misto de sentimentos de poucos momentos atrás não me deixava correr sem ficar com muita falta de ar e tonta.
— Calma moça, eu não sei o que aconteceu, mas eu não vou te fazer mal e nem te deixar assim no meio da rua, eu sou policial — ele tirou o distintivo do bolso ponto-o na minha visão, senti um alívio instantâneo.
— Desculpa, é que homem né?
— Entendo. Vamos, me dá essas sacolas e enrola isso no seu braço, pelo que estou vendo não foi nada muito grave.

Artigo 150Onde histórias criam vida. Descubra agora