Capítulo 1 - Sara - Sonho impossível

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         Capítulo 1  – Sara - Sonho impossível

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         Capítulo 1  – Sara - Sonho impossível

"Sei que podes fazer todas as coisas;
nenhum dos teus planos
pode ser frustrado.
Jó 42:2

— Bom dia, minha Sarinha! — Minha irmã adentrou meu quarto animada como sempre, com uma sacola enorme nas mãos.

— Bom dia! O que é isso tudo Raquel? — Perguntei me ajeitando na cama.

— Como assim? Roupas que eu trouxe para você! Essas já estão todas bem surradas! — Ela apontou para a calça cinza de moletom e minha blusa de alcinha da Minnie.

— Já disse para não se preocupar, estou bem e tem bastante coisa aqui! — Me levantei com cuidado e caminhei até a porta do banheiro disposta a escovar meus dentes.

— Mas você deveria se preocupar, nunca se sabe, vai que um príncipe encantado surge de repente e você está com essa roupa horrorosa e toda descabelada desse jeito? — Comentou enquanto tirava as roupas da sacola.

— Se a sua preocupação for essa, pode ficar tranquila, isso daqui não é um conto de fadas, esse hospital não é uma torre e eu muito menos uma princesa, nenhum príncipe irá aparecer por aqui para me resgatar! — Falei direta, sem humor, começando escovar meus dentes logo em seguida.

— Nossa Sara, será que você poderia pensar positivo pelo menos uma vez?!   — Exclamou desapontada.

       Demorei um pouco para respondê-la e ao terminar de lavar o rosto voltei para o quarto me aproximando dela.

— Raquel, não é questão de pensar positivo, mas se trata de não criar expectativas! Para que vou acreditar em algo que sei que é impossível? — Dei de ombros, sem expectativa de nada.

— Sara pelo amor de Deus, porque isso é tão impossível? Você está viva, tudo pode acontecer!! Eu reconheço que é difícil, mas parece que você aceitou essa doença como se  ela fosse a sua sentença de morte! — Disse sem disfarçar sua irritação.

— E não é exatamente isso? — Eu a encarei por alguns segundos sentindo meu coração doer.

     Vi seu rosto ficar vermelho e seus olhos se enxerem de lágrimas rapidamente, e sem dizer nada, ela saiu, me deixando sozinha no quarto.

Essa não é a primeira vez e não será a última que discutimos por causa da minha doença, do meu estado, das decisões que tomo, por aquilo que acredito... Raquel é a melhor irmã que eu poderia ter, sempre fomos ela e eu contra o mundo!! Fomos criadas pela nossa avó por parte de mãe! Não tive tempo de construir memórias com a minha mãe, ela infelizmente faleceu em um grave acidente de carro logo após o meu nascimento. Já meu pai, Raquel disse que ele sumiu logo depois da morte da minha mãe, nunca mais quis saber da gente! Confesso que tenho um pouco de inveja da minha irmã, pois ela teve a chance de crescer ao lado dos nossos pais, enquanto eu sequer lembro deles, já que perdi os dois ainda bebê. Logo que completei meus vinte anos, há quatro anos atrás, nossa avó faleceu, e eu vi Raquel, minha irmã mais velha, se tornar a mãe que nunca tive! Ela sempre faz de tudo por mim, sempre disposta a me oferecer o melhor, mesmo que isso custe muito para ela. Depois que recebi meu diagnóstico, ela não se desgrudou de mim em nenhum momento, nunca me deixou enfrentar nada sozinha! Ela espera e crê cegamente que vou ficar bem e isso não só me preocupa, mas me desespera!

Aproveitei que estava de pé, tomei um banho, vesti uma roupa mais decente e tratei de pentear meu cabelo para ficar mais apresentável. As vezes gosto de sair e caminhar pelo hospital que é bem, bem grande, porém faz dias que não faço isso! O desânimo pouco a pouco tem me vencido!

Caminho devagar até a janela e observo o céu azul lá fora! O domingo está lindo e o movimento nas ruas não está tão caótico como costuma ser. Olhando a rua lá em baixo, observo um casal caminhando de mãos dadas e uma tristeza me invade.

Não que eu esteja morrendo e a minha única preocupação seja ter um namorado! A questão é que eu sempre fui muito romântica, sonhadora e aprendi a importância de se guardar, então decidi desde a adolescência que iria me guardar e guardar meu coração! Eu tinha certeza de que Deus me faria encontrar alguém que eu amasse e que saberia me amar também, que fosse gentil e companheiro, eu só não contava ficar doente! Tenho vinte quatro anos e nunca estive com ninguém, sequer dei o meu primeiro beijo... me machuca demais saber que o sonho de ter alguém ao meu lado se encontra tão distante, mais que qualquer sintoma intenso da cardiopatia, meu coração se despedaça ao saber que esse sonho jamais será real!

Passei a enxugar as lágrimas quentes que começaram a escorrer pelo meu rosto sem permissão e despertei dos meus pensamentos ao perceber a chegada de uma borboleta azul, tão pequenina e linda ao mesmo tempo, no parapeito da janela. Observo sua beleza e leveza evitando me mexer para não a assustar e fazê-la voar, até que uma voz vinda do lado de fora do quarto captura minha atenção.

Filho eu não me esqueci, minhas promessas irei cumprir. Pode não parecer, mas ainda estou aqui, não é o fim...

Ouvi alguém cantando do outro lado da porta. Me afastei da janela e vi a borboleta voar. Com calma caminhei até minha cama e voltei a atenção para aquela voz que continuava a cantar...

Não olhe para a tempestade, sou Eu quem estou no controle desse mar e não te deixarei naufragar, basta se segurar em mim, pois não é o fim!

Sem conter minha curiosidade, ando até a porta e abro bem devagar com o intuito de saber pela frecha o que se passa. Logo avisto um grupo de pessoas sentadas nos sofás no espaço que temos próximo a sala de medicamentos em frente ao meu quarto. Observo um rapaz sentado em uma banqueta, com um violão em seu colo. Ele tem a pele clara, cabelos encaracolados na cor de mel e um belo sorriso! Nunca o vi por aqui, mas ele é o dono da linda e doce voz que acabo de ouvir cantar e me encher de esperança!

 Ele tem a pele clara, cabelos encaracolados na cor de mel e um belo sorriso! Nunca o vi por aqui, mas ele é o dono da linda e doce voz que acabo de ouvir cantar e me encher de esperança!

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