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Estavam em 2022, no começo de setembro para ser mais específica. O clã vegetariano de vampiros agora residia em alguma cidade de Portugal, onde inocentemente uma humana vinda do Brasil acabara de se mudar. O sotaque americano nos membros da família Cullen era bem perceptível, mas os vizinhos e aqueles que tinham contato com eles não se importavam o bastante para perguntar de onde vieram, ou simplesmente eram educados demais e sabiam que não deviam se intrometer. A vida alheia não serve para ficar xeretando, não é? Ao menos Elizabeth pensava assim.
Filha única de uma mãe brasileira e um pai português, Elizabeth era morena com os cabelos até acima dos ombros em uma coloração castanha avermelhada bem escura, quase que pretos, olhos também castanhos escuros, feições suaves e com covinhas. Um verdadeiro anjo, como diziam aqueles que a conheciam. Era uma pessoa adorável, sempre gentil e simpática, mesmo que com estranhos. Ajudava sempre que podia e tinha a chance, tentando, nas palavras dela, fazer com que o mundo mudasse a partir de pequenas ações. É claro que não era o suficiente. Uma pessoa dentre sete bilhões de outras fazendo a diferença esperando que a partir disso outras comecem a mudar? Pode ser que aconteça, mas até lá...
— Oh, me desculpe senhora! — Elizabeth exclamou preocupada. Estava tão distraída com o livro que lia em mãos que não percebeu uma mulher vindo em sua direção.
A humana teria caído se não fosse pela agilidade e firmeza de Esme, a mulher na qual Elizabeth esbarrou sem querer. Acontece que Esme estava tão distraída quanto Eliza, observando atentamente e quase que magneticamente a humana. Perfeita. A mulher de rosto em formato de coração pensava, os olhos brilhando na direção da mais nova.
— Sem problemas, querida. — respondeu em uma voz calma, angelical aos ouvidos de Elizabeth.
— Esme! — um homem alto, visivelmente musculoso por baixo da camiseta de botões branca vinha pela calçada em direção as duas mulheres, o rosto franzido em confusão enquanto encarava a esposa.
— Carlisle. — Esme murmurou, não sabendo o que fazer ou dizer em relação ao marido e a humana intrigante. Àquele ponto a matriarca Cullen não desejaria se afastar da pequena humana, isso seria um pesadelo.
Foi então que o loiro mirou a pequena figura um pouco atrás de Esme. A mulher parecia a proteger, Carlisle notou isso.
— Olá. — disse gentil, sorrindo para a então estranha. Mas um cheiro característico e jamais sentido antes preencheu o ar. Companheira de alma.
Para os vampiros seus companheiros possuíam um cheiro único, algo que os lembrassem de sua vida humana. Algo que os deixassem calmos, atraídos em direção ao cheiro tão familiar.
Os olhos dourados mais uma vez brilharam em direção de Elizabeth, a humana que ficava cada vez mais ansiosa conforme não conseguia entender o que acontecia ali. Esme encarou o marido e depois a humana, a companheira que sem precisarem dizer nada, sabiam que compartilhavam. A matriarca suspirou, contente que não precisaria tomar uma decisão entre aqueles que mais amava. Ela não podia e não conseguiria escolher. Afinal de contas, os três eram companheiros um do outro.
— É... — começou insegura. — Me desculpe por esbarrar em você, juro que não foi por querer! — completou, abraçando o livro contra si.
— Não há o que se desculpar, querida. Estou bem! — Esme assegurou, sorrindo para a garota.
— Ok, então... licença, senhora! — abaixou a cabeça, começando a avançar pela calçada querendo sair correndo de lá, mas se segurou para não parecer mais patética do que provavelmente estava parecendo.
— Me chame de Esme, e este ao meu lado é Carlisle, meu marido. — se apresentou antes que a humana pudesse passar por eles, estava ansiosa com a idéia de a perder de vista.
— Sou Elizabeth, é um prazer. — sorriu timidamente para o casal, sentindo seu peito e bochechas se esquentarem com a visão dos dois sorrindo para ela.
Eles podiam ouvir o coração da humana batendo cada vez mais rápido, o cheiro de seu sangue ficando mais forte pela aproximação... Não era um cheiro que os atraia de maneira predatória, não. Mais do que tudo Carlisle e Esme desejavam que a pequena Elizabeth se mantivesse em segurança.
Então uma buzina foi escutada, seguida de uma voz feminina.
— Liz! — era Frann, melhor amiga de Elizabeth desde a sétima série.
Se virando na direção da voz, Elizabeth observou a amiga com certo alívio. Suspirou e então se afastou do casal, dizendo de maneira rápida um "foi um prazer conhecê-los, tenham uma ótima tarde!". E então entrou no carro, se distanciando do casal conforme Frann dirigia.
Esme suspirou, visivelmente triste com a partida da humana. Carlisle passou o braço esquerdo por cima dos ombros da esposa, a trazendo para perto de seu corpo e beijando sua cabeça. — Ela está segura, querida. Podemos pedir a Alice para dar uma olhada no futuro dela de vez em quando, assim não precisamos nos preocupar.
— Não, Carlisle. Eu não quero me separar dela! — exclamou enquanto encarava o loiro, os olhos brilhando em lágrimas que jamais iriam ser derramadas.
