DANCE COM O DIABO

27 11 4
                                    

- Como e a Romênia? - Carol estava sentada com as pernas sobre o banco do Jardim.

- Não é tão diferente daqui, só mais frio. - falei com uma careta, eu odiava o frio.

- Fala sério, lá deve ser mais seguro, mais bonito, os caras lá devem ser mais educados... - ela falou essa última parte fazendo careta para um grupo de garotos que estavam falando alto e batendo uns nos outros.

- Por falar em caras, você pode me explicar o porque eu não posso passar meu número para eles ?

- Quem falou isso pra você? - ela colocou uma bolacha na boca.

- Um garoto que eu conheci. - meu rosto ficou vermelho.

- Rapaz é eu que pensei que você era santinha! Tá mais rápida que eu. - ela deu um sorriso largo mas quando percebeu que eu não entendi o que ela quis dizer ela soltou um suspiro. - os cara não vão querer só conversar.

- Como assim? Pra que eles iriam querer meu número então?

- Meu Deus Helena! Você tem cinco anos? Eles vão dar em cima de você, te chamar pra sair... pedir fotos... - ela olhou para o pacote de biscoito novamente - do jeito que você é, capaz de nem saber o que isso significa.

Minhas bochechas ficaram vermelhas quando entendi o rumo da conversa, era desconfortável falar sobre essas coisas com uma garota que conheci a poucas horas e em um lugar público ainda por cima.

A única conversa do tipo que eu tive foi com o padre Mel na nossa congregação quando a filha dos Jonathas foi pega aos beijos no Jardim da escola com um dos coroinhas da capela, e a conversa foi basicamente um discurso furioso, ele repetia que ela estava grávida do anti-Cristo, que aquilo era um enorme pecado é que a alma dela estava suja.

Eu não entendia muito sobre relações íntimas, mas com 13 anos eu já sabia que ela não iria engravidar por ter beijado um rapaz, de qualquer forma eu nunca mais a vi, nos eramos proibidas de ter qualquer contato com uma mulher " suja ".

- Nossa, você tá bem sem graça né. - Carol enrolou os cabelos cacheados em um coque alto, deixando amostra a pele morena do seu pescoço longo.

Um rapaz sentado no gramado a nossa frente ficou olhando para ela com um sorriso tímido que foi retribuído.

- Então, quem foi o garoto que você passou seu número. - ela perguntou sem muito interesse.

Eu abaixei minha cabeça com vergonha, aquela conversa não tinha acabado ?

- Miguel.

- Miguel de que? - ela perguntou pegando o celular.

- Eu não sei, não perguntei o sobrenome dele.

- Credo, vai ser difícil encontrar o instagram dele assim. - ela me olhou seria - tem o número dele ?

- Tenho. - entreguei meu celular para ela.

Carol abriu o aplicativo de mensagens no meu celular e encarou a foto do lindo rapaz.

- Ah não! Miguel Viturino - ela falou me devolvendo o celular - que gosto em amiga.

- Você já conhece ele ? - perguntei um pouco surpresa, Carol me olhou sorrindo.

- Se conheço? Eu estudo com ele desde que tínhamos 5 anos. - imaginar o rosto do Miguel com cinco anos me fez sentir inveja dela.

- O que tem de errado com ele? - Carol deu de ombros.

- Bem... nada de ruim na verdade, quer dizer... - ela parou de falar um segundo mas depois continuou - Ele e bem gato, muito legal e um ótimo partido! mas o Miguel não liga muito pra relacionamento, pelo menos eu nunca soube de nenhum, já aconteceu rumores sobre ele namorar uma garota se São Paulo a uns anos, mas nada sério, acho que ele não curte as garotas daqui. - a voz de Carol ficou pesada. - além do que, todas as garotas ficam meio incomodadas por causa da família dele.

Sweet Sinner  | Doce Pecador Onde histórias criam vida. Descubra agora