PRÓLOGO

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MARINA

Desperto na mesma cama de sempre, envolta pelo aroma de flores de pessegueiro, abraçada pelo calor emanando da pele quente de Elijah.

O maldito sonho sempre foi real.

Elijah me usou para ferir o homem mais poderoso do império e eu dancei conforme a sua música com um sorriso no rosto feito uma criança idiota, contente por ter recebido um brinquedo novo.

Ele é real, tudo aqui é real.

O perfume, os dedos cavando minha cintura, inconscientemente me puxando para mais perto, a boca parando a centímetros da minha, pois desde o nosso primeiro encontro Elijah nunca mais me beijou, a faca que ele sempre guarda embaixo do travesseiro, e dessa vez eu alcanço...

Um arrepio intenso percorre minha espinha ao entrar em contato com o frio da lâmina, destoando  com a temperatura dele.

A raiva me impele a continuar, tento atingi-lo, mas o dragão agarra meu pulso, e em segundos está por cima de mim, imobilizando meus braços sem nenhuma dificuldade.

Elijah é mais forte e mais rápido do que eu, é mais forte do que qualquer criatura que já vi. Semanas atrás não questionei nada disso, pois não o considerava nada além de um fruto da minha imaginação.

—Maldito traidor! —

Um sorriso aflora no canto dos seus lábios.

Não há um único vestígio de raiva no rosto bonito, ele está se divertindo, contente e alheio a minha tentativa de feri-lo à traição.

É com esse mesmo sorriso pretensioso que ele arranca a arma dos meus dedos, tomando o cuidado de segurar meus pulsos acima da cabeça com a outra mão. 

Fecho os olhos, incapaz de encará-lo. 

— Se pretende causar danos a alguém, tente aqui, e evite os ossos. Considerando a sua reação fico feliz que tenha dado certo. —

A faca desce pelo meu pescoço, e ele a posiciona entre as minhas costelas  num ponto onde lesionaria meus pulmões.

Terei uma morte lenta e dolorosa se Elijah me golpear, nada comparado ao que eu fiz com a pobre menina. 

Engulo em seco, abrindo os olhos ao ouvir o tilintar da lâmina batendo no chão.

—Ele está ferido, Elijah, você me usou para assassinar alguém. —

Kael me salvou, deu abrigo, e eu retribui assassinando  outra garota que ele libertou. 

O grito angustiado dele segurando o corpo deformado da jovem ainda faz meu coração doer.

Queimada de dentro para fora. 

Seu sangue foi aquecido de tal forma que a cozinhou por dentro graças a algo que eu julguei ser uma brincadeira, tudo porque o dragão me fez acreditar que era. 

Não consigo impedir as lágrimas de saírem, lágrimas que Elijah limpa como se não fosse o causador de cada uma delas.

—A única coisa que fiz foi te dar poder... poder que uma criatura da sua espécie só pode sonhar possuir. Deveria me agradecer de joelhos, Marina. Diga-me, ele sofreu?—

Nunca o vi tão pálido.

Os lábios de Kael estavam ressecados, gotas de suor despontando das têmporas e a pele de uma palidez que não parecia pertencer a alguém vivo. 

Ele não sofreu, ele ainda está sofrendo, e a culpa é minha.

— Isso não vai ficar assim, quando Kael descobrir...—

—Quando descobrir que sua noivinha tola assassinou a serva que ele alimentava com o próprio sangue e se divertiu na cama do seu pior inimigo ele vai matá-la, sereia. Nós dois sabemos que é só questão de tempo para que aconteça. Sou sua única chance agora, tente não me irritar e talvez, só talvez eu ajude. — 

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Marina, nas garras do DragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora