Eu sabia que os inícios das minhas pesquisas deviam ser na biblioteca, lá poderia encontrar informação sobre tudo na nossa cidade. A biblioteca estava deserta como sempre, ninguém se dava ao trabalho de ir lá, eu particularmente sempre acreditei que era pela falta de inteligência presente nesta cidade.
Mas para minha surpresa naquele dia eu não iria ficar totalmente só, depois de duas horas de total solidão ouvi a porta da biblioteca ecoar pelo local, alguém tinha entrado, quem? Não sabia e não estava preocupada em saber também.
Ouvi a cadeira a minha frente ser arrastada e um dos muitos papeis que eu estava a usar ser pegado, por instinto e sincera curiosidade olhei para o que estaria a provocar o barulho. Estava sentado a minha frente um rapaz que parecia da minha idade, ele tinha cabelos ruivos levemente ondulados, a tapar um pouco dos seus olhos castanhos tão claros que quase jurei que eles eram amarelos. Ele tinha um nariz invejavelmente fino e arrebitado, os seus lábios eram estranhamente vermelhos como se ele tivesse acabado de comer cerejas. Eu percebi que estava a observá-lo demais quando os nossos olhos voltaram a encontrar e ele tinha um sorriso nos lábios.
- Yelene Generais certo? - ele tinha uma voz tão grossa e ao mesmo tempo doce que me fez saltar de surpresa na minha cadeira
- Certo...tu serias? -dava para notar a confusão e curiosidade na minha voz, nunca fora muito boa a esconder os meus sentimentos
- Nathaniel - ele sorriu- Nathaniel Ferenipo, ouvi muito de ti da minha tia, decidi vir ver se eras isso tudo que ela dizia.
Ferenipo, esse nome sem dúvida não me era estranho, eu tinha em algum lugar das minhas memórias aquele apelido, Ferenipo....Ferenipo..... O meu pensamento foi logo cortado pelo Nathaniel, acho que ele notou logo que eu não estava a chegar a lado nenhum nos meus pensamentos, eu via um pouco de desilusão nos seus olhos.
- Marie Ferenipo, a senhora que costumava ir a tua casa todos os dias, muito amiga da tua mãe- ele falou um pouco indignado, MARIE?! Eu sabia que o nome não me era estranho.
A tia dele era uma senhora tão simpática, ela era da idade da minha mãe. Costumava levar prendas para mim e para os meus irmãos. Costumava contar me histórias sobre as suas grandes viagens a volta do mundo. Ela as vezes falava de um sobrinho que parecia uma cenourinha, então a pessoa que estava a minha frente era o cenourinha?
- Então tu és o famoso cenourinha? - falei com um tom de gozo iminente na minha voz, de certa forma algo em mim queria envergonhá-lo, e de certa forma estava a resultar pois o mesmo corou ligeiramente, aquela imagem era fofa, mas não durou muito ele logo mudou para um sorrisinho de lado
- Sim a minha tia costumava me chamar isso, mas hoje em dia as pessoas já não podem dizer cenourinha. - O sorriso dele fez me logo entender onde ele queria chegar com aquela frase, eu sabia que um rapaz da minha idade não me daria uma boa conversa.
- Oque queres? Tenho a certeza de que não vieste aqui para me contares sobre as tuas partes íntimas que teria que usar uma lupa para encontrar, desembucha o que queres- a paciência nunca tinha sido o meu forte e naquele momento ela estava escassa.
- Quero ser teu amigo. Ser teu amigo vai garantir muito entretenimento, todos na cidade estão a comentar como andas atrás da verdade sobre a tua família...e eu sempre tive curiosidade sobre esse caso também...- ele coçava a cabeça enquanto falava, ele parecia procurar as palavras certas, mas sem dúvidas esse não era o forte dele.
- Então queres a minha amizade porque achas que o caso da minha família é um bom entretenimento para ti? - saiu um pouco mais frio do que estava a planear, eu realmente não ligava para o que os outros diziam 99% do tempo, mas algo nele fez que parecer que eu estava a levar um murro no estômago. Pareceu que a minha frieza atingiu o pobre coitado, pois logo a seguir ele arregalou os olhos e parecia desesperado enquanto pensava no que dizer.
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A escolhida do Lopuienes
Misterio / SuspensoDepois de 14 anos da misteriosa morte da sua família, Yelene começa a sua busca atrás da resposta, o que realmente tinha acontecido e o que teria matado a sua família. Seria mesmo um ataque de gangue ou haveria algo mais místico. "Tudo iria ser re...