Março de 2012.
Mais uma mudança.
Que maravilha.
Essa é a minha vida, uma mudança atrás da outra mas o que eu não esperava era ter que mudar de volta para São Paulo no meio do ano levito.
O sinal toca e eu corro em busca da minha sala. Assim que chego reparou que é uma classe barulhenta, estavam todos agitados, contando o que fizeram no feriado de carnaval e falavam até pelos cotovelos.
Entro na sala e vejo várias cabeças virando em minha direção e os cochichos começam logo em seguida, o que me deixa ainda mais nervosa. Entrego um papel que recebi na diretoria para a professora que sorri de forma amigável e logo me apresenta para a sala.
- Turma, essa é a Thaís. Ela veio de outro estado e irá fazer parte da nossa turma. Seja muito bem-vinda querida.
Sorrio e me encaminho para a única cadeira disponível, e para a minha tristeza batia muito sol. Ninguém fala comigo até a hora do recreio, onde sou rodeada por meninas que me olham extremamente interessadas, como se eu fosse uma espécie de novidade intrigante.
- Seu cabelo é tão bonito! - diz uma delas, ela havia me dito seu nome mas não consegui guardar.
Passo as mãos nervosamente pelos cachos castanhos e sorrio:
- Obrigada! Normalmente minha mãe me ajuda a arruma-los... - tento manter a conversa mas o sol que vem da janela me impede de manter os olhos abertos.
- Coitada, sentou do lado da janela! Pede para a professora te trocar de lugar!
Tento, sem sucesso, dizer que não é necessário mas uma delas me pega pela mão e me direciona até a mesa da professora que sorri. Explico que tenho problema para enxergar e que o sol é muito incomodo. A professora logo se levanta e vai até um menino que estava desenhando algo em seu caderno, ela fala alguma coisa que não consigo ouvir e ele logo começa a arrumar suas coisas e se levanta. Eu sai correndo para ajeitar meu material e então ele passa por mim e me olha.
Ele usava uma camiseta branca muito parecida com a que eu mesma vestia, seus cabelos eram curtos e eram quase da mesma tonalidade do meu, mas percebi que com o sol algumas partes eram mais claras. Mas o que mais me chamou a atenção foram seus olhos, eram escuros e carregavam uma seriedade que não é comum para alguém tão novo.
Mal sabia eu que me lembraria desse dia pelo resto da vida, pois foi a primeira vez que nossos olhares se cruzaram. E ali, nossas vidam começariam a se entrelaçar.