Too late - Rinney.

I died, Finn

Finney estendeu as mãos sobre a pia e observou o sangue se misturar com a água. As lágrimas ainda eram insistentes, ele não conseguia parar de chorar.

— Ei Finn, o que 'tá acontecendo?

Seu corpo travou quando escutou aquela voz tão conhecida soar tão perto de si. Ele suspirou, ainda parado no mesmo lugar, sem fazer nenhum movimento.

— Fala comigo, Finn, por favor.

— Robin, sai daqui. - A frase escapou entre soluços.

Tudo que escutou a seguir foi um silêncio desconfortável e a certeza de que ele ainda estava ali. Robin não sairia do seu lado, um amigo nunca abandona o outro.

— Escuta, você precisa parar de entrar em brigas por minha causa.

Finney desligou a torneira e virou-se em direção a voz. Quis chorar quando viu a silhueta do amigo, por que tinha que parecer tão real, tão vivo?

— Você ouviu o que eles disseram sobre você, Robin? - Quando percebeu, estava chorando de novo.

— Está se referindo a parte em que eles disseram que eu mereci morrer? - O garoto questionou mesmo sabendo que era exatamente disso que se tratava.

— Sim.

A resposta saiu baixa, quase como um sussurro.

Robin se aproximou em passos lentos e suspirou pesado quando o garoto recuou dando passos para trás. Foi assim por dois meses, o fantasma de Robin Arellano sempre o visitava pelo menos uma vez na semana. As vezes eles passavam horas conversando e Finn até se esquecia de que ele estava morto.

Mas sempre virava um gatinho assustado toda vez que ele ameaçava se aproximar de si. Não tinha medo, na verdade tudo que mais queria era toca-lo...mas sabia que a realidade cairia com força sobre sua cabeça quando percebesse que não conseguia nem sequer senti-lo com as mãos.

— Eu só estou aqui ainda porque você não aceitou que eu morri, Finn, é por isso que eu ainda venho te visitar. Você precisa aceitar.

— Não consigo.

— Consegue.

— Não, Robin, eu não consigo. - Ele colocou as mãos sobre o rosto limpando o choro.- Sabe por quê?

— Porque você pensa que eu te salvei e blá blá blá...

Robin encostou a cabeça na parede.

— Não é só por isso. - Respirou fundo.— Eu te amava, Robin. Eu percebi tarde demais que meus sentimentos por você iam além de uma simples amizade. Eu gostava de você como garotos gostam de garotas, entende?

O garoto não pareceu surpreso com a confissão tão repentina. Na verdade, ele sorriu como se soubesse daquilo á muito tempo. Finney sentia seu peito subir e descer com pressa, a respiração descompassada denunciava como foi difícil para ele dizer aquilo.

— Eu sei.

— Como?

— Gwen. - Respondeu sem tirar o sorriso do rosto.- Eu faço algumas visitas a ela também, me arrependo de não termos sido amigos quando eu ainda era...você sabe, uma pessoa de carne e ossos.

— Ela te contou? - Escondeu o rosto com as mãos.- Que droga, não posso confiar na minha irmã mais.

Robin riu.

— Gosto de você, Finn, eu sempre gostei de tudo em você. - Ele se aproximou novamente e dessa vez Finn não recuou.- E no fim das contas o que quero dizer é que eu também amei você, Finney Blake.

— Amou? - Seus olhos brilharam.

— Amei. - A resposta saiu firme.- Mas eu estou morto.

— Não.

— Eu morri naquele porão. Eu subi as escadas com você porque sou teimoso e não consigo aceitar minha própria morte também...mas isso já deu pra mim.

— Robin, por favor... - Era uma súplica. Ele estava perto demais, a realidade estava perto demais.

— Faça isso por nós dois, Finn.

Ele sabia bem o que Robin queria. Se o tocasse, teria que aceitar que ele não estava mais ali. Finn hesitou, é claro. Ele não queria ficar sem as visitas do garoto fantasma, sem ouvir sua voz bruta ou ver seu sorriso desajeitado.

Estava com medo.

— Talvez em outra vida, Finn, mas nessa você precisa me deixar ir.

Sem pensar muito, ele estendeu a mão na direção de Robin e fechou os olhos ao fazer menção de toca-lo. Seu coração acelerou e ele abriu os olhos desesperado quando não sentiu mais a presença do garoto.

Robin não estava mais lá. Não havia nenhuma silhueta, nenhuma bandana, nada. Finney então chorou como nunca havia feito, era como se uma parte de si tivesse sido arrancada. Sentia dor, muita dor.

Era tarde demais.

Notas: é a primeira vez que eu posto aqui no wattpad e eu estou nervosa. Essa fic é uma oneshot mas eu pretendo fazer histórias maiores, se vocês quiserem!
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