BLOW | taekook

DOIS;

AVISOS:

. 25 mil palavras.

ATO III:

quando é como o frio.

Aqueles dias que passaram depois do embate com Jaeyoon, e o beijo com Jeongguk na cafeteria, foram calmos; arrastados.

Não foram mais que quatro, mas Taehyung se sentia preso em um quarto, querendo fugir logo para sexta-feira, dia da fogueira. Hani havia voltado, um ou dois dias atrás, e Taehyung contou sobre Jaeyoon, e logo ouviu os dois discutindo por telefone. Aquilo o mortificava, pesava e doía, mas as palavras de Jeongguk retumbavam em seus ouvidos ainda, amortecendo um pouco daquela culpa que queria corroer seu peito. E para não se sentir parecido com Jaeyoon — pelo menos no exterior —, Taehyung pediu que Jimin usasse a sabedoria dele e arrumasse seus cabelos, o que resultou em um tom de azul forte e alguns fios detonados pela teimosia de trocar a cor sempre que algo o irritava.

— Jimin, eu acho que me arrumei demais para uma fogueira. — Taehyung disse, no banco de trás do carro de Yoongi. — Acho que tem muito azul.

— Combina com o frio. — Jimin deu de ombros.

— Você sabe que isso não faz sentido, não é? — Taehyung se empoleirou no banco do carona, apertando os ombros de Jimin. Yoongi dirigia quieto, com um bucket hat preto, jeans e um moletom enorme pretos também. — Não que eu esteja feio, isso jamais vai acontecer, mas-

— Qual o problema, Taehyung? — Jimin perguntou, segurando suas mãos sobre o peito. — É por que o Guk vai estar lá?

— Não quero que ele pense que me arrumei demais para ver a banda.

— Que mentira. — Yoongi disse. — Você só está inseguro porque o Jeongguk não é igual as outras pessoas que você sai. Vocês já se viram algumas vezes, mas até agora você não sabe lidar com ele, porque sabe que ele não vai embora no dia seguinte e vai desaparecer da sua vida, como você está acostumado. — Ele colocou a mão sobre a coxa de Jimin, falando em um tom baixo, como se não estivesse jogando as verdades na sua cara. — Você quer sim que ele pense que se arrumou, só está com medo do que ele pode dizer, porque você não sabe praticamente nada sobre ele, e nunca foi a um encontro marcado para ter uma base de experiência, e porque você tem medo de se apegar a outras pessoas além de mim e Jimin, e no fim, elas também irem embora.

Taehyung abriu a boca, então fechou. Abaixou os olhos e apertou a mão de Jimin em um apelo de consolo silencioso, porque Yoongi era um fodido maldito que o conhecia de olhos fechados, como se ele fosse um roteiro decorado e nunca apagado.

— Às vezes eu te odeio, Yoonie.

— Relaxa, Taehyung, você está lindo e não um exagerado. — Jimin disse, passando o polegar sobre sua mão. — Você parece caro, aposto que vai ser o mais lindo de lá.

— É claro que pareço caro, essa jaqueta azul da Gucci é realmente muito cara. — Taehyung se soltou de Jimin, encostando as costas no banco. Ele vestia uma calça preta justa, uma blusa branca de manga comprida quentinha, e a jaqueta azul, cheia de bordados dourados acompanhados de um tigre na frente.

Taehyung ouviu Jimin dar uma risadinha, então ele engatou uma conversa com Yoongi. Seu coração aquecia vendo o sorriso ladino no rosto dos dois, os dedos se embrenhando um no outro sobre a coxa de Jimin. Yoongi era doce, mas com Jimin ele era muito mais; ele era sempre demais.

Se distraiu com os prédios que aos poucos davam lugar para casas, quase como se fossem geminadas. O pouco movimento naquele lado da cidade permitia que notasse mais as cores, longe do grande centro onde tudo era tão cinzento. Seus pensamentos voando, a ansiedade chegando conforme iam se aproximando do píer. Será que seria legal? Jeongguk o ignoraria ou eles teriam uma conversa boa como no dia da festa e da cafeteria? Ele estaria com aquele sorriso tortinho nos lábios como na cantina? Talvez estivesse vivendo como em uma peça clichê, mas não podia deixar de ficar ansioso com aquele sentimento novo que Jeongguk estava despertando sob sua pele.