Chamada de socorro

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Cp 1 Relief calls

A noite estava escura e triunfante pelo lado de fora da janela arreganhada do quarto de Mendy o sopro frio e uivante dos ventos do crepúsculo a atingia a todo momento mas aquilo de nada significava para ela pois ela sabia que na verdade somente ela encontrava-se mais fria do que à noite e mais morta do que todos os cômodos escuros daquela casa.

Em um gesto simples e delicado enlaçou os braços entre os joelhos apoiando sua cabeça na patela dos mesmos fazendo com que todos os seus cabelos negros caísse para esquerda de seus ombros restando somente algumas mechas acastanhadas que lhe cobria os olhos. Enquanto ouvia Lithium do evanessence encheu o peito de ar e o soltou simultâneamente em um suspiro profundo e de forma dolorida de jeito que nem ao menos foi necessário a contagem de um minuto para que ela caísse em lágrimas frustantes e cristalinas que decoravam os lençóis de sua cama ao cairem em forma de pequenas gotas de cristais a cada melódia da musica que a cobria como um véu de tristeza e raiva por não Saber o que a deixava tão frustada pela sua vida.

Com o rosto coberto por gotas de chuva salgada Mendy levantou-se da cama para alcançar o seu celular do outro lado da cômoda de madeira ao encosto de sua cama a luz azulada irradiada do aparelho causou um impacto quase cegante clareando metade do quarto inclusive seu rosto manchado pela maquiagem derretida desligou o som que estava do seu lado.

Sem pensar duas vezes ainda soluçando com as lágrimas frenéticas que viam átona ao seu rosto digitou um número qualquer que foi resultado por 666-666-666 esperou desesperada para que alguém atendesse mesmo tendo consciência de que seria impossível a existência de um número tão anormal em um telefone, em quase dois minutos e meio na chamada Mendy pensou em encerrar quando ouviu ruídos estranhos e repetitivos.....

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Bip Bip Bip

Os bips do celular de Mendy só cessaram após ela ouvir a respiração pesada do outro lado da linha a fazendo sorrir esperançosa.

"Por favor eu preciso de sua ajuda- sua voz saiu mais fraca do que um sussurro. - Eu preciso que me ajude a morrer sem sentir dor...."

Do outro lado da linha alguém a escutava atentamente sorrindo entre os intervalos que Mendy se lamentava a chorar.

Ao contrário dela o telefone de quem atendeu era um modelo Flip de 1965 nele ainda não existiam botões e era necessário girar o anel para discar. O local a qual encontrava-se o sujeito parecia mais escuro do que toda aquela imensa casa de Mendy, era como fechar os olhos e não abrir mais a única coisa que dava um toque familiar naquele local era o cheiro inebriante de lavanda aquele perfume rústico e doce que a maioria das mulheres casadas e mães costumavam usar mesmo que naquele caso o aroma se tornasse metálico e amargo como sangue recém tirado de uma veia sanguínea de alguém tão vital quanto o Sol.

"E Por que quer morrer?- A voz do outro lado da linha sussurrou quase inaudível mal dando para identificar se ali encontrava-se uma garota ou até mesmo um garoto."

"Eu não sei bem!- Mendy respondeu se jogando a cama enquanto tampava os olhos com uma das mãos livres."

"Então você não quer verdadeiramente morrer!- a voz do outro lado da linha retrucou irritada."

"Sim!! eu estou implorando eu quero!- Gritou de tal forma que quase estourou os tímpanos do seu ouvinte."

"Então invoque a morte- A voz disse em um riso baixo e abafado."

" Como irei fazer isso?"

" Simples apenas escreva seus sonhos e pesadelos, conquistas e derrotas frustrações e medos. Depois preencha o vazio com a mais bela palavra Life preciso que derrame seu sangue apenas gotas mesmo que sejam minúsculas para depois somente queimar e se ver livre da tão temida vida!"

Ao som de cada palavra sussurrosa e rouca Mendy seguiu cada instrução como se estivesse hipnotizada e não pudesse parar somente quando riscou um fósforo na caixa e o deixou cair sobre a folha de papel escrita no meio do chão do seu quarto se deu conta do que estava fazendo ela realmente não queria morrer ela queria viver mas não daquele jeito ela não merece a morte e a morte não a merece.

_ Não não não!- gritava o mais desesperadamente que podia batendo a mão contra as pequenas chamas que cada vez alcançavam uma proporção maior sendo mais luminosas e quentes, suas mãos já estavam impossibilitados de impedir o fogo as palmas antes pálidas agora estavam rosadas segurando uma dor insuportável.

_ Não por favor!- Gritou Mendy de novo agora sentindo o odor do seu sangue queimar junto do fogo derramando lágrimas alaranjadas e cintilantes vindas de seus olhos entre o núcleo das chamas. -não estou pronta para isso.

_ Não tenha medo Mendy agora eu irei cuidar de você irei tomar o que me pertence! agora vá dormir.- a voz sussurrada riu calmamente por uma última vez antes de se calar e ser confundir ao silêncio da noite encerrando a chamada.

Os ventos e rugidos da noite agora invadiram o quarto da garota que agora estava com a alma prometida a noiva de um demônio que talvez fosse humano mas que somente lhe causaria dor até que brevemente ela a conheceria como Savior.

"Tarde da noite eu podia ouvir o choro"

"Eu podia ouvir tudo tentando adormecer"

" Quando todo o amor a sua volta está morrendo"

"O que você faz......

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⏰ Última atualização: Sep 08, 2022 ⏰

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