Meu primeiro amor

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Era apenas mais uma lagarta. Aquela a qual ninguém dava valor, aquela que precisava se esconder para não ser pisoteada...
Mas você me encontrou e notou algo que ninguém havia notado. Cuidou de mim e me ajudou a passar pelo processo da metamorfose, e quando eu já havia me tornardo uma borboleta me ensinou a voar, voar bem alto. Quando eu caía você me reerguia, estava sempre do meu lado.

A primeira vez que te avistei senti algo diferente, um sentimento que fugia de todas as minhas regras, um sentimento que não existia no meu dicionário, um sentimento que nunca usei no meu vocabulário.
Jamais havia sentido algo parecido, me questionava do motivo dessa sensação, mas não tinha respostas para minhas perguntas, não tinha resposta para meu coração!
Apenas sabia de uma coisa: adorava ter que te ver todos os dias, adorava a forma como cuidava de mim, adorava como me ensinava.
Infelizmente eu sempre fui ignava. Precisava me esconder, fugir, evitar ser notada.
Me aproximava de ti e tentava lhe dizer o que estava sentindo por ti. Tentava lhe dizer a nova palavra que trouxe para meu dicionário. Tentava lhe contar sobre a regra número um que eu quebrei por você.
Toda vez que nossos olhos se cruzavam, podia sentir meu coração disparado, podia sentir minhas mãos exsudando.
Quando havia coragem dentro de mim para me declarar, as palavras simplesmente desapareciam, me ocorria um blecaute. Talvez não estivesse aptar para expressar algo que não havia sentido antes. Ficava desnorteada com seu olhar, teu sorriso e com sua bela voz.
Literalmente me estagnava toda vez que tentava me declarar.

Me doía saber que me via apenas como uma garotinha. Que para ti não podíamos nos apaixonar, seria proibido. Podíamos ser apenas bons amigos.
Quando por alguma razão tu se afastaste de mim, talvez por notar que eu estava sentindo algo diferente, lembrava a mim mesma que você era inalcançável.

Já não havia mais saída, eu já lhe desejava, eu já te amava, queria que fossemos mais que amigos, queria que tu foste mais que meu meu guardião. Estava disposta a te dividir meu ar. Mais algo me dizia que te querer era uma tremenda estupidez.
Para ti eu era apenas sua menininha. Você não percebia que eu havia crescido, não percebia que já batia minhas asas sozinha.
Esse amor que eu estava sentindo era algo mágico. Desejava ser o melhor de mim.

Passei a levantar todos os dias feliz. Só de imaginar qual seria o primeiro sorriso que eu veria pela manhã já me deixava animada.
Todos os dias era presenteda por um abraço e um beijinho teu, que fortalecia minha alma...

Mas, com o tempo meu sonho começou a se tornar cinza.
Você já não era o mesmo, não me dava mais atenção, não me olhava mais.
Minhas asas que batiam freneticamente começaram a parar, comecei a cair, tremia no chão, por toda desilusão que eu mesma criei. Tentava bate-las e voltar a voar, mas estava muito fraca, estava machucada. Conviver contigo diariamente estava me ferindo, pois não tinha como fugir.
Podia sentir dentro de mim como a chama do fogo, ardia e queimava meu frágil coração.

Quando me olhava distante, meu consciente me levava aos beijinhos e abraços teu. Me torturava tentando te esquecer, me machucava na tentativa.
Eu construir um mundo só para nós dois, mundo todo colorido. Mais percebi que nesse mundo eu estava só. Você não estava disposto a participar do meu mundo.
Decidi te esquecer e te ignorar. Mas, quando soube que iria partir de mim mergulhei num mar de tristeza.

...

Tu estavas lá sentado do meu lado, pude perceber umas pequenas gotas se formando nos teus pequenos olhos. Meu coração estava acelerando senti que era a hora de me declarar, mesmo sabendo que não havia chances de ser algo recíproco.
Até que me pegou pelo braço e me abraçou bem forte, senti pela penúltima vez seu abraço apertado.
Segurei para não chorar.
Me sentir encantada quando você segurou meu rosto e olhou no fundo dos meus olhos, deu um belo sorriso e me deu um leve beijo no canto dos meus lábios.
Cheguei em casa aos prantos, sentia que meus dias ao teu lado estavam contados.
No último dia que nos vimos, eu te abracei bem forte até perder meu fôlego, te fiz soltar um sorriso que aqueceu minha alma. Minhas pernas estavam bambas com nosso contato...
De longe fui te vendo sumir da minha linha de horizonte, senti uma lágrima caindo, logo sequei-a. Senti um aperto no peito.
Apenas pude saber que este era último abraço quando você publicou uma imagem impactante de um palhaço cabisbaixo, metáfora que nos fazia lembrar de um cara que sempre nos alegrava e um textinho bem triste, onde ele dizia que nos deixaria, que me deixaria, um texto confirmativo sobre a conversa que tivemos há dois meses atrás.
Me senti péssima, não havia o que eu pudesse fazer para reverter a situação de impedir a distância entre nós.
Eu chorei, chorei, chorei desesperada disse para ti que te amava, mas já era tarde demais...
Você me prometeu que não me deixaria, mas isso não foi o suficiente.
Eu tentava constantemente bater minhas asas para voltar a voar, mas era impossível sair do chão.
Fui ingênua em acreditar todas as vezes que dizia que não iria me deixar...
Com o passar do tempo consegui ficar de pé, consegui me reerguer, minhas asas voltaram a bater.

Foi nesse momento quando eu já estava me recuperando, tu reapareceste sem ao menos me preparar psicologicamente.
Lá estava tu com tua blusa regata, todo suado e perfumado. Só de te olhaste distante de mim pude sentir todos os pelinhos do meu corpo se repelirem.
Você veio até a mim me abraçou bem forte e beijou minha bochecha. Eu estava em choque não consegui esboçar nenhuma reação, apenas fiquei ali recebendo o teu carinho.
Só me lembro de pedir para você não sumir da minha vida. Tu mais uma vez fizestes uma promessa.

No dia seguinte quando nos esbarramos na rua, te olhei fixamente, só me lembro de sair em disparada e selar nossos lábios. Sorri! Estava feliz!
Mas meu sorriso desapareceu quando você me disse: - jamais poderemos viver no mesmo mundo, não podemos voar juntos.
Naquele momento me sentir como num deserto, sozinha, por te abrir meu coração, e te amar com ele totalmente aberto.

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