Subindo o Morro

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Há algum tempo que minha vida se resumia apenas em trabalho, viagens, reuniões, tardes prolongadas no escritório eu praticamente não tinha momentos de lazer, e quando me sobrava algum tempo optava por ficar em casa.

Meus amigos viviam me chamando para sair, e de tanto insistirem aceitei o convite de fazer uma trilha e acampar num fim de semana.

Desde criança eu sempre gostei da natureza e dos animais, então eu sabia que passar aquele fim de semana isolado do mundo aqui fora seria bom para que eu pudesse relaxar um pouco.

Na sexta a noite cheguei em casa após um dia cansativo no do trabalho e comecei a preparar minhas coisas para sairmos no sábado cedo, mochila, barraca, itens básicos de sobrevivência e algumas coisas para comer. E assim segui no sábado bem cedinho, combinamos de nos encontrar em uma fazenda que ficava no pé do morro o qual iriamos subir, pois lá poderíamos deixar os carros e seria o nosso ponto de partida. Aos poucos meus amigos foram chegando, não nos víamos há muito tempo mais nossa amizade era muito bacana, pois passamos anos juntos nas forças armadas então nosso vínculo era verdadeiro.

Para a minha surpresa todos eles estavam acompanhados de suas respectivas namoradas, pelo menos foi o que deduzi de início. O sol quase nascendo iniciamos a trilha, era um percurso que eu já conhecia então sabia quais os níveis de dificuldade iriamos enfrentar. Conforme íamos andando a conversa ia fluindo sobre assuntos aleatórios, como andava a vida de cada um, trabalho, relacionamento etc. Eu ainda brinquei dizendo:

-Pelo visto o único que está solteiro aqui sou eu né.

Foi então que aquela moça que estava com um dos meus amigos prontamente respondeu:

-Você não está sozinho nessa.

Fiquei confuso de início, pois achava que todos ali eram um casal.

Após algumas horas na mata fizemos uma parada para descansar um pouco e recarregar as energias. Enquanto todos ficaram sentados conversando, eu entrei mata á dentro pois sabia que ali passava um pequeno riacho, tirei a mochila das costas e me abaixei para lavar o rosto. E do nada aquela voz me deu um susto:

-Lugar lindo né!

Olhei para trás e era aquela moça que eu ainda não conhecia mais acreditava ser namorada de um dos meus amigos. Eu educadamente respondi:

-Sim esse lugar é magnifico.

Ela novamente falou:

-Aliás meu nome é Eliana, eu sou prima do Renato.

Me estendeu a mão assim para me cumprimentar e ficou ali me olhando. Eu levantei apertei sua mão, e disse meu nome. O jeito como ela me olhou foi diferente, parecia que estava me comendo com os olhos eu fiquei até com um pouco de vergonha, e em uma tentativa de disfarçar a timidez falei para voltarmos ao resto do grupo e assim fomos. Retomamos a trilha e a cada passo que eu dava, remoía aquela situação dentro da minha mente, aquele olhar era real ou era coisa da minha cabeça. Conforme íamos andando comecei a olhar para ela, e em alguns momentos os olhares se cruzavam brevemente, eu já nem estava mais prestando atenção onde estava pisando, de tanto que aquilo estava mexendo comigo. 

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