You shine like a star

246 30 11
                                    

Estavam no gramado do parque durante aquela madrugada, consideravelmente fria, enquanto observavam as estrelas no breu vasto que estavam sobre eles. Nada falavam até então, apenas tinham a companhia um do outro. Os olhos e os pensamentos estavam imersos naquele mar de luzes ofuscantes e incertezas. Inseguranças acompanhavam esse córrego. Ninguém tinha coragem de falar o que precisava ou coragem de se livrar, sem a intenção, daquele... relacionamento confuso.
Ninguém queria abrir mão do que era conhecido e "confortável" e partir para um rumo obscuro, vago e, quiçá, perigoso.

Não era como se Dazai não gostasse de Chuuya ou Chuuya não gostasse de Dazai; longe isso. O problema não é amar no momento, mas sim sofrer no futuro. Sempre obtinham o mesmo resultado e o medo de tudo se repetir falava mais alto, assim como todas as outras vezes.

— Eu gosto de você. — Osamu, enfim, falou o que estava entalado na garganta, com receio da reação que teria.

— Isso vai passar. — Respondeu o ruivo sem cerimônias. Nem sequer desviou o olhar.

— Não sei se vai. — Outra vez, duvidoso. — Você... você é importante pra mim. Isso se não for o único. — Riu anasalado sem achar graça. Era mais por frustração mesmo.

— Já me falaram isso antes. — Dazai sentiu seu coração apertar um pouco, mesmo que o ruivo estivesse usando um tom calmo. — Muitos falaram que me amavam, que ficariam, que mudariam; mas nada aconteceu. — Seu olhar carregava cansaço. — Todo mundo foi embora sem mais, nem menos. Você não vai ser diferente. — E então fechou as pálpebras, querendo que aquilo fosse apenas um sonho ruim.

Um silêncio se instaurou. Dazai virou o rosto e olhou para o ruivo, que se encontrava desesperançoso.

— Por que você não confia em mim? — Perguntou encarando-o.

— Não é essa a questão. Eu confio em você, mas não acredito que esse amor vá ser tão forte a ponto de você ficar. — Nakahara suspirou baixo. — Não é tão simples.

— E por que não? — Continuou a questionar.

— Pare de ser insistente, enfaixadinho de merda. — Manteve sua voz calma, até porque era o apelido carinhoso que havia atribuído ao outro. — Me amar é cansativo.

— Eu não acho. — Deitou-se de lado e apoiou seu rosto em sua canhota. — Eu sempre me surpreendo com você. — Um sorriso pequeno nasceu em seus lábios.

Chuuya riu anasalado.

— Às vezes você me faz criar esperanças onde não devia. — Balançou a cabeça.

Eu gosto de você, Chuuya. — Repetiu, ainda totalmente encantado com uma visão do ruivo tão... fascinante ali.

— Eu também gosto de você, Dazai. — Uma resposta positiva. Ele virou seu rosto para encarar o moreno. — Mas você tem uma vida. — Outro aperto. — Você não terá tempo pra mim ou qualquer coisa insignificante do gênero. Não vou ser uma pedra no seu sapato. — Trocou seu foco novamente, não querendo prolongar mais aquele assunto.

— O que você quer dizer com isso? — As orbes desnorteadas procuravam algum entendimento diante da feição enigmática de Nakahara.

— Você é pior que eu. — Deu um riso fraco. Pelo jeito teria de extender a discussão. — Depois fala que eu que sou lerdo.

— Mas você é! — O moreno rebateu.

— Você que é todo bobinho. — Zombou. — Eu só quero dizer que, independente do que for, seja uma pessoa ou situação, você vai acabar priorizando isso. Eu vou ficar de lado, vai ser uma relação escassa e você terá que ir embora, sendo sua vontade ou não. — Explicou com uma nostalgia tristonha em sua áurea.

Could you?Onde histórias criam vida. Descubra agora