Ópera

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Jennie Kim

Segui Roseanne pela porta, que nos levou a um pequeno hall de entrada e um elevador.

Ela apertou o botão e ficou ao meu lado com as mãos cruzadas atrás das costas, uma postura nitidamente militar à vontade, que parecia natural.

As portas do elevador se abriram, ela fez um gesto para eu entrar primeiro. Entrou e apertou um botão para alguns andares abaixo.

Meu coração estava começando a bater um pouco mais rápido, sabendo que estava prestes a encontrar Manoban mais uma vez.

Chegamos no nosso andar e saímos em uma sala pequena iluminada por fracas luzes vermelhas, escondidas atrás de estandes grossos de bambu, plantados diretamente no chão de cada lado da sala.

Em frente ao elevador estava um conjunto de portas duplas, laca preta e grossa, pareciam pesadas, com faixas de ferro preto martelado e puxadores em forma de anéis grossos.

Rosé se moveu para ficar ao meu lado, olhou para a porta e depois para mim. Enfiou a mão no bolso do blazer e tirou uma longa tira de tecido verde, do mesmo tom e material do meu vestido.

- Pronta? - Inalei, prendi a respiração por um momento e soltei.

- Sim. Acho que eu estou. - Rosé amarrou a venda em torno de minha cabeça e colocou a mão no meu ombro.

Ouvi o barulho da porta quando uma das alças foi levantada. Senti a mudança de equilíbrio, os dedos apertando levemente no meu ombro quando ela abriu a porta, obviamente pesada.

O cheiro de comida invadiu minhas narinas, provavelmente asiática. Arroz, carne assando, legumes. Ouvi labaredas, vozes baixas. Rosé me guiou através da porta.

- Eu a vejo mais tarde, senhorita Kim. - Falou se afastando.

- Espera você está me deixando aqui? Eu não sei para onde vou, estou com os olhos vendados, lembra? - Me senti em pânico. Rosé agora era familiar para mim.

Eu não queria ser deixada sozinha em outro lugar estranho. Não estava mais na casa da Manoban, ou em um veículo.

Estava em um restaurante. Havia pessoas me assistindo, olhando querendo saber quem era esta estranha senhora de olhos vendados?

Fiquei envergonhada, odiando a venda, odiando a vulnerabilidade, odiando que as pessoas que eu não conhecia podiam me ver, quando eu não podia vê-las.

Hesitei com um toque fresco no meu ombro, ouvi uma voz feminina suave com sotaque chinês fraco.

- Senhorita Kim. Por favor, meu nome é Kahei. Vou levá-la a Sra. Manoban. - Ela instruiu.

- Você está bem, senhorita Kim. - Disse Rosé. - Tenha uma boa noite. - Ouvi as pesadas portas se fechando.

- Por aqui, por favor. - Senti a mão de Kahei tomar a minha, colocando meus dedos em seu braço. - Siga-me, por favor.

Me movi com cuidado, passos precisos, minha anfitriã parecia entender a limitação do meu vestido, enquanto ela se movia lento suficiente para que eu não me sentisse apressada ou sem equilíbrio.

Ouvi as vozes de novo, eles estavam à minha direita, todos pareciam estar falando a mesma língua.

Chinês, talvez? Não tinha certeza.

- Existem outras pessoas aqui, Kahei? - Perguntei.

- Não, não. Só a Sra. Manoban, eu, você e os chefs.

- Ok! Obrigada.

- Certo. - Kahei parou, ouvi uma porta, o leve chiado de dobradiças lubrificadas e uma abertura de trinco. - Por aqui, por favor. - Outra dúzia de passos seguida de outra pausa, outra porta se abrindo.

Taken - Jenlisa G!POnde histórias criam vida. Descubra agora