O barulho matinal da casa parecia incomodá-lo cada vez mais, a cada dia que passava. Tentava não revirar os olhos com a bagunça que se instaurava quando todos acordavam cedo pela manhã para começarem suas tarefas diárias, afinal, era sua família. Mas, naquele momento, Jungkook só queria descansar. Queria acordar com o assobio dos pássaros e nada mais.
Pensou em ficar mais uns minutos na cama, mais longe dos gritos agitados e animados que vinham ora da sala de estar, ora do quarto ao lado. Suspirou, apoiando-se no colchão e fazendo uma força cabisbaixa para que se sentasse. Passou as mãos no cabelo e ouviu as vozes mais perto, provavelmente passando pelo corredor.
Seu celular estava na mesinha de cabeceira ao seu lado e ele o pegou para checar as breves notificações do trabalho e de aplicativos. Olhou para o relógio no celular:
6:36, 21 de Outubro.
Se espreguiçou e bocejou uma última vez antes de se levantar apenas com as calças do pijama e ir em direção ao banheiro, iniciando sua rotina matinal de se aliviar, tomar banho, escovar os dentes, passar o perfume e colocar o seu terno.
Verificou novamente o horário quando saiu do banheiro e as vozes tinham se dissipado — 6:58. A aula do pequeno filhote iniciava poucos minutos depois, então Taehyung já devia ter saído para levá-lo ao colégio. Jungkook saiu do quarto e foi em direção à cozinha. Sobre a bancada, havia um café, um pote de metal — possivelmente com alguma comida para o alfa dentro — e uma carta acima do recipiente.
Jungkook bebericou do café enquanto andava pela casa, pegando os seus pertences e ajeitando a sua mochila que levaria para o trabalho. Não havia se tocado, posteriormente, em voltar ao cômodo ao lado, comer o que tinha dentro do pote e ler o conteúdo da carta — tampouco se lembrava disso.
Constantemente, o que ocupava a sua mente era apenas os seus serviços e o seu trabalho recentemente. Não era algo que havia feito de propósito, mal não se importou em perceber que negligenciava de suas outras obrigações — que deveriam, supostamente, ser prazerosas.
E assim se seguiam todos os seus dias.
Jungkook acordava, se esbarrava com Taehyung e Woojin às vezes ao sair mais cedo do quarto e os dois ainda não tinha saído... passava o dia inteiro no trabalho e voltava de noite. De vez em quando ainda via Woojin acordado, raramente jantavam os três juntos, Taehyung puxava assunto, já que o encontrava na maioria das vezes o esperando — quando ele não demorava muitas horas para retornar do trabalho —, e ia dormir. Essa era a sua rotina. De tempos em tempos, os três saíam a eventos familiares e passavam a ideia de uma família feliz.
Taehyung não sabia se Jungkook tinha noção de que eles não eram uma família feliz. O ômega, no entanto, tinha a total certeza disso. Era lamentável como as coisas haviam se tornado, mas ele tinha esperança de que isso iria mudar.
Todo dia era a mesma coisa, não haviam muitas mudanças.
Era uma segunda-feira e Jungkook estava atrasado para o trabalho, muito atrasado. Ele não sabia porque os dois outros moradores da casa ainda estavam em casa se não era mais o horário deles. Estariam todos atrasados. Tentou não se esquecer de escovar os dentes ou passar o perfume enquanto corria contra o tempo.
Ajeitou o colete do terno, o abotoando apropriadamente, ao entrar na sala e ver Woojin pulando no sofá enquanto Taehyung tentava ajeitar a sua roupa. O pequenino estava com uma fantasia, o alfa pode perceber, mas desviou dos dois, lhes dando um curto "bom dia" antes de tomar o seu café — que já estava pronto na bancada da cozinha. E, novamente, ele se esqueceria de agradecer ao ômega. Já era rotina, já era costume.
Adentrou a sala de estar novamente, vendo Taehyung alisar a sua própria roupa com as suas mãos. Suspirou, pegando sua mochila na mesa da sala e olhou para o relógio, soltando um palavrão baixo.
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My Sight | TAEKOOK
Fanfiction[completo | final feliz | a/b/o] Taehyung e Jungkook passavam a impressão de família feliz a todos, mas no fundo sabiam que o casamento estava um fiasco. Quando o ômega, enfim, sai de casa, deixando o seu amor para trás, o alfa percebe que não conse...