good alpha

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O barulho matinal da casa parecia incomodá-lo daquela vez... Mas não tanto quanto as outras vezes. Mas, espera aí. Barulho matinal da casa? Por que a casa faria os mesmos sons de toda manhã se Jungkook pretendia dormir até não aguentar mais e não ver uma pessoa sequer pelo resto da vida?

Jungkook conseguiu identificar perfeitamente o som da televisão ligada no mesmo canal infantil que Woojin assistia toda manhã, os mesmos passos leves, mas barulhentos dos sapatos com salto baixo de Taehyung, um liquidificador às vezes, o apito do micro-ondas em uns dias, uma fala aqui, uma reclamação ali, uma risada baixa.

Ao acordar naquela manhã após ter, sem dúvidas, a pior noite de toda a sua vida — que ele não tinha nem noção de como conseguira dormir —, a última coisa que Jungkook esperava ouvir eram os mesmos barulhos matinais de sempre. Seria uma alucinação? Queria tanto que os dois estivessem ali, vivendo igualmente na casa com ele, que estaria o alfa imaginando vozes e sons?

Tateou o cobertor na cama, ainda com a expressão completamente confusa, e sentou-se no colchão. Seu celular estava na mesinha de cabeceira ao seu lado, como sempre, e o alfa o pegou rapidamente, ignorando todas as notificações e mensagens. Checou o horário no relógio do celular:

6:36, 21 de Outubro.

Arregalou os olhos com a informação. Não poderia ser possível. Como ele teria voltado no tempo? Impossível. Certamente ainda estava sonhando. Beliscou sua pele uma, duas, três vezes, até ver um vermelho vivo e machucado no seu braço.

Não era sonho. Como não era sonho? Ele tinha voltado para o exato momento de exato 1 mês atrás, quando acordou naquele mesmo dia, 1 mês depois do que seria o término deles. Ele não entendia muito bem da Mãe Luna, mas achava que seria um trabalho dela. O alfa achava que seu ômega era seu para a vida, sempre achou, talvez até fossem almas gêmeas, ele não sabia. Mas, talvez também, ele tivesse tido uma outra chance de consertar as coisas. Não queria entender, só deveria fazer.

Levantou-se cambaleando da cama, ainda ouvindo as vozes que tanto gostava, a respiração pesada sem ainda acreditar completamente que isso estava, de fato, acontecendo. Como tinha sido uma segunda e, possivelmente, única chance, e não iria jamais desperdiça-la. Então fez a primeira coisa que veio na mente.

Taehyung estava terminando de escrever um bilhete e colocou em cima do pote que estava na bancada, e olhou para trás, surpreso com o que via. Jungkook vinha pelo corredor, a feição atônita, correndo os olhos por toda a casa.

— Jungkook? — O ômega o olhou sem entender porque o alfa estava com sua calça do pijama andando pela sala a essa hora.

O normal e corriqueiro da rotina diária deles, todos já sabiam, era Jungkook se levantar e arrumar-se inteiramente antes de sair do quarto. Normalmente Taehyung e Woojin já tinham saído de casa quando o alfa ia para a sala de estar e se aprontava para comer de forma breve na cozinha. Ainda confuso, o ômega passou os olhos por seu corpo. Será que o alfa estava sonhando? Sonâmbulo? Enfeitiçado? Amaldiçoado?

— O que...

Não conseguiu terminar a sua frase quando braços fortes o envolveram pela cintura e o suspenderam no ar num abraço apertado e aconchegante. Corou com o ato; não estava mais acostumado com esse tipo de afeto repentino vindo do alfa. Sentiu beijos em seu ombro e então Jungkook o apertando contra si e beijando sua marca no pescoço.

— Você bebeu? — Taehyung perguntou, rindo em seguida. — Está tudo bem?

— Está tudo ótimo! — O fitou de olhos arregalados, ainda, e passou as mãos pelo rosto do ômega, como se quisesse ter certeza que ele estava lá.

O morango que vinha de Taehyung estava doce, docinho, feliz com a recepção e o agrado que há muito tempo não tinha. Não entendia, mas esperava que fosse se tornar parte da rotina também.

My Sight | TAEKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora