Capítulo 6

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Ele me deixou em casa depois do clube, eu tinha me empanturrado de comida, mesmo sem ter vontade nenhuma de comer, eu queria ver o que ele iria fazer com tamanha gulodice que eu tive naquela tarde. Eu presumi que ele veria o prejuízo no restaurante e logo logo iria parar de falar comigo, mas ele se sentiu ainda mais admirado, como se eu tivesse sido 100% franca com ele, como se ele fosse o meu "refúgio" e eu não teria vergonha nenhuma de comer pra caramba na frente dele. Passei a viagem todinha do clube até em casa calada, eu ainda não acreditei na vergonha que ele me passou com o meu melhor amigo de anos. Eu fiquei deveras mal com aquilo.

- Você não vai falar nada?
- O que você quer que eu diga? - perguntei impaciente
- Não sei, talvez um obrigado.
- Sério? Ok. - respondi me ajeitando na poltrona do carro. - Obrigada Arthur, por ter me passado a maior vergonha da minha vida inteira na frente do meu único melhor amigo. Obrigada.

Confesso que quase chorei, já que era verdade, eu só tinha ele de amigo que sempre esteve do meu lado por muitos anos e em questão de minutos um menino idiota, com síndrome de protagonismo, acabou com isso.

- Eu não te entendo de verdade Amanda, o que foi que ele te fez pra você se sentir assim?
- Você não entende, eu sofria bullying na escola, eu não tinha ninguém. Quando eu estava sendo amassada de porrada na escadaria da escola ele foi o único a chegar e me ajudar. Depois disso viramos amigos inseparáveis até ele se mudar pra outra cidade, que agora consequentemente, ele voltou.
- Meu Deus Amanda eu sinto muito mesmo, me desculpa por isso.
- Eu já vou entrar. - disse triste, com uma expressão mais baixa que o normal. Aquilo era pesado de se falar tão naturalmente.
- Amanda você pode contar comigo pra tudo, é sério. Eu sou seu companheiro até nos piores momentos Amanda, estou contigo.
- Obrigada. - foi só o que eu consegui dizer, eu queria chorar ali mesmo, mas eu sou muito forte eu não vou fazer isso.
Saí do carro com muita angústia no coração, abrindo a porta da minha casa e desabando no mesmo momento em que fechei. Eu não gostava nadinha de lembrar daquilo, eu sofri tanto na escola e é desesperador saber que a única pessoa que te ajudou, vai sumir pra sempre, e ainda com uma lembrança ruim de você por causa de um maluco. Tomei um banho longo e quente, vesti meu pijama e já estava pronta pra cair na cama e dormir para amanhã, sair cedo ao trabalho. Foi aí que eu ouvi de novo outra batida na minha porta, eu tinha certeza que era ele lá.

- Amanda vem comigo.
- Mas está tarde... e eu tô de pijama
- É na minha casa, vamos logo antes que a gente perca
Ele puxou a minha mão e fomos correndo para a casa dele, ele subiu algumas escadas e finalmente chegamos no telhado de sua mansão, aquele céu a noite, estava lindo, eu dormiria ali sem problemas.

- Meu Deus Arthur, aqui é lindo
- Daqui a pouco começa a chuva de meteoros Amandinha.
- Jura? que top - Falei desacreditada, nunca na vida tinha presenciado algo tão único
- Amandinha... Eu quero te dizer uma coisa muito importante
- Pode falar. - Eu não havia tirado um segundo sequer do céu, aquilo era perfeito.

- Amanda eu te amo, eu quero você pra minha vida. - Eu tirei meu olhos rapidamente do céu e olhei para Arthur fixamente, desentendida. Eu não esperava aquilo.

- Se você quiser, não precisa falar nada agora, eu te espero.

Ele me beijou, eu ainda estava sem reação pra isso. Ele me ama de verdade e ele não se cansa de me dizer, eu deveria sim dar uma chance pra ele. Eu estou ficando louca, já nem sei o que pensar de mim.

- Arthur, eu nem sei o que te dizer
- Não diga. Apenas demonstre.

As borboletas em meu estômago que já estavam com teias de aranha em suas asas simplesmente começaram a voar em minha barriga, aquela sensação era tão boa. Eu não me aguentei, e o beijei de volta, era um beijo tão frenético que me fez ficar caidinha por ele como nunca fui. Acontecia tudo tão rápido, o seu hálito quente ofegante em meu rosto, suas mãos bobas e o principal de tudo, o seu beijo inesquecível. Soa como feitiçaria.

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