One shot

109 9 3
                                    

Eu quando mais nova, sempre desejei um irmãozinho, na verdade uma irmãzinha mas isso não vem ao caso. Depois de um ano, minha mãe me falou que estava grávida, eu fiquei muito, muito feliz mesmo! Eu adorei essa notícia.

Depois de alguns meses nós descobrimos que ía ser um garoto... Tá, eu fiquei levemente decepcionada mas qualé, eu ainda ía ter um irmãozinho. Então ele nasceu, Olivier, esse foi o nome que minha mãe escolheu pra ele. Sabe, eu sempre quis um irmão porque eu não tinha quase ninguém, mesmo que a mamãe sempre estivesse lá, ela tinha que trabalhar e fazer outras coisas, o papai nem ao menos ligava pra mim, na verdade, não se importava nem com a própria esposa, ele era... Distante. Acho que é por isso que eu encho tanto o saco do Olivier, a culpa não é minha que eu preciso de atenção.

O Olivier sempre foi distante das outras crianças, ele era bem anti-social, mas nem por isso eu abandonei ele, eu sempre estava alí, grudada nele. As crianças achavam ele estranho, quando eu não estava por perto elas falavam coisas maldosas, eu só descubri isso em um dia. Eu não me lembro tão bem, eu não estava por perto, eu me sinto até mesmo culpada por aquilo. A única coisa que eu me lembro, é de eu ouvir alguém me chamando desesperado, falou algo sobre o Oli ter se machucado e na hora eu correr até lá. A mão dele estava sangrando muito, tinha um corte profundo alí, eu não aguentei muito, quando criança eu tinha um negócio com sangue, resumidamente, eu desmaiei. Acordei numa cama de hospital, eu não tinha me machucado mas quando eu olhei pro lado, o Oli tava na cama ao lado, ele já tava acordado, com a mão enfaixada e olhava para a janela que dava pro jardim. Ele não precisava falar nada, ele tava obviamente triste, eu caminhei até a cama dele e sentei na ponta, ele olhou pra mim, eu olhei pra ele, nós sorrimos um pro outro e o silêncio continuou, como sempre, eu não queria incomodar ele.

Sabe, antes de tudo isso eu tinha alguns pesadelos, uma mulher estranha, bizarra que sempre me perseguia, sempre me falava coisas horríveis, eu não aguentava mais, então, por que não agir como uma criança normal e perguntar ao seu responsável? E eu fiz isso.

"Papai?"

"Hum? Amelie? Agora não estou ocupado. "

"É rápido! Eu só quero te pedir ajuda coisa.. "

Ele obviamente não queria falar comigo, só se importava com quadros e mais quadros. Eu vi ele suspirando fundo e se virando para mim.

"Do que você precisa filha?"

"É que... Os pesadelos com aquela moça... Eles continuam e-"

Foi nesse momentos que pela primeira vez eu ouvi as palavras mais grossas vindas da boca do meu pai, e nesse momento que eu percebi, meu pai é o pior pai.

"Ah, pelo amor de Deus Amelie, isso é história de criança, você não pode ficar sonhando com essas coisas idiotas! "

Eu chorei, eu realmente chorei. Eu só queria ter a ajuda do meu pai, palavras de consolo e nem aquilo eu tinha. Eu saí correndo pro meu quarto, acabei pegando no sono e alí, eu terminei com aqueles pesadelos.

Agora, vamos voltar para alguns dias depois que o Oli saíu do hospital. Ele teve que tomar alguns pontos, e a mão dele continuou enfaixada por muito tempo, e eu? Bem, eu me tornei mais grudada nele na escolinha, Oli não tinha muitos amigos, raramente falava e a pior coisa é o fato de eu ser um ano mais velha e não estar no ano nem na sala dele, então eu sempre andava preocupada e sempre no recreio eu ía ver se ele estava bem.

Um dia, a nossa empregada teve que comprar algumas coisas no supermercado enquanto nossos pais trabalhavam. Nesse momento, nós nos aproximamos mais ainda.

"Você... Sente que o papai.. Ta distante?"

"Eu sinto que ele ta muito mais distante.. Ainda mais de mim... "

I love you, brother! Onde histórias criam vida. Descubra agora