6.

58 7 0
                                        

04:27

Eu olho para o relógio e sinto aquela ansiedade que me acompanha à anos, a mesma ansiedade que senti naquela noite, no dia em que recebi a notícia, no dia de seu enterro.

E a única coisa que me veio na cabeça nesses momentos, foi cantar. Cantar porque era o que você gostava, cantar porque era o que você dizia te acalmar, cantar porque foi você quem me fez amar isso.

Eu vou até a janela e me apoio na mesma, fecho meus olhos durante poucos segundos enquanto respiro fundo, sentindo a brisa gelada em minha face, fazendo com que meus cachos bagunçados se afastassem de meu rosto. A mesma brisa que estava naquela noite.

Eu olho para a rua, as calçadas, as curvas e as casas. Espero por um instante te observar virando a esquina com sua bicicleta azul-marinho. Eu suspiro baixo, sabendo que isso não iria acontecer. Então eu olho para o céu, na esperança de talvez ver uma constelação de estrelas que me lembre seu rosto, ou uma estrela mais brilhante que a outra. Mas a única coisa que vejo nessa madrugada nublada, é a Lua, que mesmo não estando nitidamente visível, ainda está lá para me ouvir.

Eu começo a cantar um trecho de uma de minhas canções prediletas. Uma que me dá paz, uma que me lembra você.

Você me dá paz, Pedro.

"Uma noite com a certeza
Que fizemos tudo errado
E a liberdade do abandono
Do futuro e do passado
Sem qualquer destino
Sem qualquer garantia
Minha única promessa é que essa noite
É a melhor das nossas vidas"

Nomeei-a como "A Última Noite". Irônico, não? Pois foi a nossa última noite juntos, nossos últimos momentos. Eu apenas queria que tivesse sido a melhor das nossas vidas.

Depois Que Você Se FoiOnde histórias criam vida. Descubra agora