Um Conto de Inverno

Frio

Natal está se aproximando. Só mais dois dias e esta pode ser a primeira vez que Zero comemora um. Os meninos conseguiram uma árvore de Natal e colocaram na sala de estar. Já era noite e decidiram decorá-lo. Mas no momento, era Zero quem colocava alguns enfeites na árvore enquanto Gadget estava em seu quarto, atendendo a uma ligação. Ele amaldiçoou suas orelhas grandes por serem capazes de ouvir várias conversas enquanto Gadget continuava a falar ao telefone.

— Olha, Gizmo. Sei que você está preocupado e sei que já faz dois anos que não volto para casa. Mas a questão é... não estou pronto para vê-lo.

"Pronto para vê-lo...? Quem...?" Zero pensou por um segundo e se lembrou da foto de família que viu outro dia. A única pessoa de quem ele poderia estar falando agora, era sobre seu pai.

"Ele tinha problemas com o pai?"

O pensamento de querer saber mais sobre a família de Gadget incomodava Zero, que involuntariamente parou o que estava fazendo.

— Olha, chega. Eu vou desligar. Boa noite, Giz...

Não muito depois, o lobo finalmente saiu de seu quarto. Seu rosto azedo se iluminou quando ele viu a árvore de Natal que Zero decorou.

— Ei! Nada mal! — Gadget cumprimentou e se juntou ao chacal na sala de estar. O chacal observou o lobo pegar os enfeites e começar a decorar a árvore com ele. O silêncio deixou o chacal inquieto. Talvez fosse só ele que estava se sentindo assim, mas ele tinha que perguntar.... Ele fez isso.

— O que está acontecendo? Há algo errado entre você e seu irmão? — o chacal perguntou hesitante e a pergunta fez o lobo ser pego desprevenido.

— Oh! Uhh... — Gadget coçou a nuca, sem fazer contato visual com ele, e então deu de ombros. — É... não é nada, sério...

— Não parece que não é nada...

— Bem, não é da sua conta.

Essas palavras fizeram Zero ter uma dor de cabeça repentina e ele imediatamente reagiu apreensivamente — Lobo, você está sendo injusto... Você não vê que estou preocupado?

A expressão dolorosa de Zero fez Gadget parecer culpado. O lobo suspirou pesadamente e abaixou a cabeça se desculpando. — Sinto muito, Zero. Há muitas coisas passando pela minha cabeça..., Mas obrigado por se preocupar.

— Se... Se houver alguma coisa que eu possa ajudar, é só me avisar, ok?

O lobo sorriu para ele e acenou com a cabeça, dando-lhe um beijo na bochecha antes de continuar a decorar a árvore de Natal.

Zero abriu os olhos e se encontrou em seu sonho de inverno novamente.

— Finalmente estamos aqui! — Gadget anunciou.

O lobo pairou sobre um lago gelado e pousou os pés no meio da área. Zero seguiu o lobo por trás enquanto ele examinava seus arredores. A área está vazia, coberta de gelo e neve. Zero se perguntou como o lobo morreu em um lugar como este ...

A menos que....

Os olhos do chacal se arrastaram ainda mais para o lado e sua cabeça se ergueu lentamente para ver uma parede de tijolos robusta e gigante. Uma represa que parecia muito alta, até seu pescoço doía por olhar para cima por muito tempo. Ele imediatamente olhou para baixo e sua mente começou a correr. De alguma forma ele tinha um buraco no estômago, é como se eles não devessem estar aqui. Ou... mais especificamente...

O lobo não deveria estar aqui.

— Gadge... Você tem certeza disso ...? — Zero chamou o lobo preocupado.