O pesadelo

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Era 16 de agosto de 2007. Não passava de um dia normal. Me lembro de brincar com a Clary enquanto nossas mães conversavam. O que eu não sabia é que minha vida nunca mais seria a mesma naquele dia. Eu tinha acabado de fazer sete anos no dia anterior. Após uma conversa minha com a Clary, mamãe me chamou para ir pra casa para jantar e disse que eu poderia ver Clary no outro dia na escola. Para mim não passava de um dia normal.
Ao chegarmos a casa, minha me pediu para que eu fosse tomar banho enquanto ela terminava de preparar o jantar, me lembro de protestar porque queria ajudar na cozinha e de perguntar se teríamos minha sobremesa favorita que era torta de Morango.
-Tudo que você quiser, docinho. Disse minha mãe quando eu perguntei se teria torta.
Depois que eu fiz mamãe prometer que a primeira fatia da torta seria minha, eu subi para o meu quarto, como o quarto de qualquer garotinha normal ele era cheio de bonecas e muito rosa. Enquanto eu tentava decidir qual roupa eu deveria vestir: o meu pijama das princesas ou meu pijama da Barbie, de repente me senti meio triste.
Vendo que eu demorava a entrar no banho minha mãe apareceu no meu quarto e perguntou:
- O que eu houve, docinho?
- Mamãe, é possível me sentir feliz e de repente me sentir muito triste?
- Bem, docinho é possível sim, mas porque você não me conta o que está aborrecendo uma menina tão linda quanto você?
- Esse é o problema, mamãe. Eu não sei o que é.
- Querida, eu sei o remédio perfeito para você, disse minha mãe. E então ela começou a me atacar com cosquinha.
- Para, mãe! Para! Eu...já...me...sinto...melhor, eu disse em meio aos risos.
-Tem certeza? Perguntou mamãe.
- Sim, eu disse.
- Pena, querida. Porque eu sempre posso dar o meu ultra hiper mega ataque de risos, disse mamãe.
Durante os vinte minutos após o ataque de riso, eu já estava pronta esperando pelo papai na mesa do jantar, quando ele chegou do trabalho.
- Cadê a princesa do papai?, Ele disse.
- Aquiiiii..., Eu gritei enquanto ele corria pra me abraçar.
- Ah, aí está ela! Desculpe querida pelo atraso, é que o trabalho na empresa estava uma mer...
- Magnu, não ouse terminar essa frase! , interrompeu mamãe, antes que papai falasse a palavra com M.
-Desculpe, querida! Você vê Scay? O que seria de mim sem sua adorável mãe? , ele disse piscando pra ela.
- Seria um homem passando fome com seus dotes culinários, ela disse entre risos.
Papai lançou um olhar pra mim do tipo o-que-ela-está-falando e eu me juntei aos risos com mamãe. Era impossível esquecer do dia das mães passado quando ele decidiu fazer uma surpresa pra mamãe, fazendo um jantar e inventou uma desculpa pra ela sair comigo, mas a surpresa de verdade foi chegar em casa e encontrar um caminhão de bombeiros estacionado na frente.
- Enquanto as duas mocinhas aí riem do meu talento não compreendido, eu vou tomar um banho, ele disse tentando conter o riso.
No momento em que ele deixou a sala, eu e mamãe nos olhamos e rimos até saírem lágrimas dos nossos olhos e nossa barriga começar a doer.
Meia hora depois de papai ter saído da sala e eu ter ajudado a arrumar a mesa, estávamos todos sentados juntos comendo enquanto eles me perguntavam sobre a escola e discutiam propostas sobre uma empresa que papai iria fechar contrato.
- Querida, como foi a escola? , perguntou papai.
- Bem, eu e Clary tivemos aula de matemática e artes hoje, eu disse.
- Bom, e você gostou? , mamãe perguntou.
- Sim, apesar de ter um pouco de dificuldade em matemática.
- Querido, acho que nosso docinho herdou essa dificuldade de você, mamãe disse sorrindo.
- Se bem me lembro Sophie, você que tinha problema com números, disse papai enquanto piscava para mim.
E nossa conversa continuou assim, até que depois de mamãe colocar a louça na secadora, papai disse:
- Hora de ir pra cama, princesa.
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- Pai, conta uma história pra mim? , eu pedi.
- Claro, princesa. Qual você prefere?
- Qualquer uma.
- Tudo bem. " Era uma vez, uma família composta por pessoas especiais, cada uma dessas pessoas era capaz de fazer algo diferente. O irmão mais velho era capaz de controlar os elementos. O irmão do meio era capaz de guardar qualquer coisa que ele visse seja no passado, presente e futuro. E tinha o irmão mais novo que não sabia qual era o seu dom..."
- Qual era o dom dele, pai? , eu perguntei.
- Vejamos... " Essa família morava em um belo lugar onde as pessoas não acreditavam que nada de ruim acontecesse. Eram conhecidos como Os Moore..."
- Igual a gente, né?, eu perguntei.
- Sim, Scay, querida. Coincidência, não? Continuando... " Certo dia, enquanto andavam pela cidade juntos o irmão mais novo conheceu uma bela menina. Ela era a garota mais bonita que ele já tinha visto, possuia belos olhos azuis e um cabelo vermelho como o fogo, porém era incrivelmente pálida...
- Ela parece com a mamãe, eu disse.
- Sim, querida. Vejamos, da onde eu parei?
- Você disse que ela era pálida, pai. O que mais? , eu respondi.
- Ah claro, ele disse e continuou. " Então aquela jovem menina olhou para ele e sorriu. Naquele momento, ele soube: estava apaixonado. O problema era: sua família jamais aceitaria que ele namorasse ela, mas mesmo assim eles não conseguiram evitar esse amor e fugiram juntos, onde viveram felizes para sempre"
- Obrigada pela história, papai.
- Princesa, eu amo você. , ele disse.
- Também te amo, pai.

E então tudo desmoronou....
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Eu estava em uma floresta, estava tão friooo...Quando olho para cima vejo pequenos flocos de neves caindo do céu e percebo o quanto eu estava coberta por ela. Tentei levantar, gritei chamando mamãe e papai, mas ninguém respondeu.
Estava. Tão. Frio.
Tento me lembrar de qual foi a última coisa que eu fiz antes de tudo isso acontecer.
- Onde eu estou? Não consigo me lembrar de nada.
Sei que preciso me levantar, mas parece tão difícil.
Com um enorme esforço eu consigo na minha terceira tentativa me levantar, mas então eu ouço gritos e vozes ao meu redor, elas falavam muitas coisas juntas, coisas como:
-Você é a escolhida...
E
-Dor... Corra, jovem criança...Eles te acharão...Fogo...
Essas vozes não paravam de falar, era como se uma quisesse a atenção da outra, mas tudo isso só tornava mais impossível de entender.
Espera um pouco: O que é isso? Será que estou sonhando?
- Mãe! Pai! Alguém, por favor! Me...TIRA... daqui! , eu grito enquanto choro sem saber para onde ir.
Então, As vozes começam a gritar mais alto e se tornam mais furiosas, me deixando muito mais assustada e tornando impossível entender qualquer coisa. Elas se transformam em um grito de dor, o que faz com que eu caia de novo na neve e comece a gritar junto com elas, por sentir dor, medo e desespero. Até que eu ouço uma voz grossa, porém doce, se destacar acima das outras:
- Quem é você? , a doce voz pergunta.
- Eu não sei, eu não consigo me lembrar! Por favor, me ajude. , eu digo desesperada.
- Não se preocupe. , a voz diz.
E então completa:
- Logo tudo isso irá acabar, apenas se concentre em coisas felizes.
Eu me levantei e comecei a procurar de onde vinha a voz enquanto tentava fazer o que ela havia me pedido.
O problema era: Como iria me concentrar em coisas felizes, se eu nem me lembrava de quem eu era?
Tentei pensar em meus pais, mas apesar de saber que eu tinha pais, eu não conseguia me lembrar de nada relacionado a eles.
Eu fechei os olhos e tentei de novo, e nada. Então ouvi um grito furioso:
- Não. Ouse. Tocar. Nela.
E tudo ficou escuro quando eu vi uma faca vindo na minha direção...e a única coisa que eu conseguia pensar era: Dor.

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⏰ Última atualização: May 06, 2015 ⏰

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Scarlett MooreOnde histórias criam vida. Descubra agora