Class. 3

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Agora não são mais bolinhas de papel. George ficou confuso quando um apontador rolou até seus pés, partindo da mesa de Clay. Pegou o potinho do chão, seu semblante denunciava o quão esquisito ele achava toda aquela situação.

"Pra' que isso?" Ele susurrou, torcendo para que o amigo consiga ler seus lábios.

Por sorte, Dream fazia isso muito bem.

"Abre!" O loiro sussurou de volta, fazendo um gesto de desenroscar com as mãos.

George entendeu o recado e retirou a tampa do apontador, encontrando outro pedaço de papel dentro.

Inteligente, mas por Deus, quem ainda tem um apontador no primeiro ano do ensino médio?

Ele desdobrou a folha e retornou a ler, sem de preocupar com seu professor e a matéria dada pelo mesmo.

Gostei da nossa tarde de ontem, e desculpa por te atrapalhar outra vez.

Podes me ajudar com algo?
Prometo ser sério.

O moreno não ficou surpreso pelo pedido, mas sim, pela formalidade de Dream. Sua relação com o outro se consistia apenas em tarefas feitas por dois, cola de provas, lanches roubados (Clay era quem os roubava), e zoações sobre o jeito estudioso de George. Resumidamente, eles não eram amigos, apenas havia uma relação de interesse mútuo.

George garantia que Clay não pegasse recuperação, e Clay protegia o outro de valentões fortes e babacas. Mesmo que isso não impedisse Dream de ser um pouco babaca com George, às vezes.

Isso tudo foi por água abaixo quando o loiro passou a mandar pequenos bilhetes que não serviam apenas para pedir favores. Os meninos estavam se aproximando, criando laços, e logo a mutualidade não seria a única a manter a relação viva.

Então George não hesitou em riscar o espaço pautado em mãos, e enviar a Drem em forma de apontador.

Tudo bem, eu também gostei de ontem, foi legal.

Do que você precisa, Dream?

O garoto da diagonal rabiscou outro bilhete em uma nova folha, mas este parecia muito maior. Às vezes George se perguntava por que Clay estava lhe tratando bem. Ele ficou ainda mais desordenado quando o recado retornou.

Preciso que me ajude a ser como você, não quero depender de outras pessoas para ter um boletim minimamente descente.

Você é inteligente, Gogy, é esforçado, estudioso e muito esperto. Eu te admiro muito, e me sinto mal por não conseguir fazer o que você faz. Poxa, você é tão bom em programação que consertou meu pc ontem!

Eu sei que sou bom em outras coisas, como esportes e em jogar minecraft ridiculamente bem. Mas ser bom nunca foi suficiente, eu quero ser incrível, como você. Sei que te peço coisas demais, e provavelmente sou um fardo, por isso tento te proteger. Então eu te peço desculpas por me expressar mal às vezes e acabar enchendo o saco. Eu só quero me aproximar como uma pessoa normal e fazer amizade com um garoto que eu admiro e gosto muito.

Pode me ajudar a melhorar minhas notas? Me desculpe por pedir algo de novo, pretendo fazer dessa a última vez.

Você não precisa me responder se não quiser, eu vou ficar bem. Leve o tempo que precisar para pensar.

George estava boquiaberto, chocado.
Dream gostava genuinamente dele.
Dream queria ser amigo dele.
Dream o admirava, e gostava de o proteger.
O cara gato e extrovertido que se dava bem com todo mundo, queria ser como George.

O moreno se levantou e entregou o bilhete diretamente a Clay, recebendo um olhar de censura do professor e ouvindo baixos burburinhos curiosos pela sala. Dream o leu com entusiasmo e alegria, devolvendo um sorriso fofo que aqueceu o peito e as bochechas de George.

Vamos embora juntos depois da aula.

Você vem pra minha casa.

A Ticket For George °dnf shortficOnde histórias criam vida. Descubra agora