• Capítulo Único •

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Sobre uma nascente jazia uma ponte de madeira antiga construída a muito tempo, em um local não muito movimentado da cidade e distante dos pontos de concentração populacional, por conta da sua localização o parque e consequentemente a ponte era pouco visitado pelos moradores locais.

Um ótimo lugar para quem quisesse ficar sozinho, afastado de tudo e todos exatamente por isso era ali que Finney Black se encontrava no final daquela tarde.

Completamente alheio aos acontecimentos ao seu redor, preso em sua própria mente mergulhado entre lembranças não muito antigas enquanto seus olhos fitavam o tecido enrolado sobre seu pulso.

— Finn!

Balançou a cabeça, era ridículo como às vezes conseguia escutar a voz dele quando se encontrava sozinho, como se ele ainda estivesse ali com ele.

— Finn…

Seus olhos se encheram de lágrimas, era doloroso de fato, a saudade em seu peito era tanta que poderia jurar que ouvira aquilo quando claramente era apenas sua mente lhe pregando uma peça.

— Finney! — o grito invadiu seus ouvidos, despertando de seus pensamentos.

O coração deu um salto em seu peito, dar um passo para trás foi instintivo e os punhos se erguendo como se fosse lutar, respirar agora parecia impossível.

Estava ficando louco só podia, não era possível estar ouvindo mesmo aquela voz.

Poderia ter se acostumado a sonhar com aquela voz ou escutar quando perdido em lembranças sobre o dono dela, mas nunca algo tão vívido, tão próximo da realidade.

Lentamente se virou na direção em que vinha o som, suas mãos apertadas ao redor do corrimão da ponte com toda força que tinha aquela sendo sua única segurança que não cairia ao chão com as pernas trêmulas do jeito que estavam.

— C-como? — gaguejou incrédulo demais, os lábios secos pareciam estranhos agora.

Parado pouco antes do início da ponte, não muito distante do local em que se encontrava agora, estava Robin Arellano.

Não pálido ou com a pele cheia de machucados e sangue fresco escorrendo pelas feridas como ele geralmente costumava aparecer em seus sonhos, ao contrário, ela estava ali vivo com a pele morena sendo iluminada pela luz suave do sol e os cabelos escuros caídos sobre seus ombros.

Claro, a maldita bandana amarrada ao redor da cabeça como sua marca registrada.

A BANDANA!

As orbes castanhas desprenderam do garoto moreno, descendo para o próprio pulso onde deveria se encontra aquele mesmo tecido que estava na testa do garoto enrolado ao seu redor, sua expressão se fechou em pura confusão deixando o choque e a incredulidade para trás, pois o tecido que estava ali em questão de minutos atrás já não se encontrava.

— Cadê ela? — resmungou desesperado, olhando ao seu redor sobre a madeira da ponte, buscando pela bandana que tanto significava para si jurando que a mesma poderia ter se soltado de seu pulso, mas ela não estava lá — Cadê a porra da bandana?

— Finn —  Robin o chamou, andando em sua direção, as mãos voltadas a desatar o nó da bandana atrás de sua cabeça — Acho que você está querendo isso.

Voltou ao encarar com profunda confusão, notando o pedaço de tecido sendo estendido em sua direção, com um movimento automático agarrou o pano puxando das mãos do outro garoto e se afastou alguns passos para trás.

— C-como? Era para você está morto… —  as mãos apertavam ao redor do pano enquanto sua voz saia um quanto mais alto que ele esperava — Isso não pode ser real, eu devo estar delirando. 

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