Ele é mais eu do que eu mesma.
Qualquer que seja a substância das almas,
a minha e a dele são feitas da mesma coisa.
(Emily Bronte)Rhaenyra adentrou o próprio quarto vagarosa e solitariamente vestindo um longo penhoar branco, estava prestes a se retirar para a própria cama. A jovem mulher sabia que o fim de sua pequena centelha de liberdade estava prestes a se extinguir e algo dentro de seu coração se contraia em uma tortura silenciosa. Seu próprio pai havia enviado poucas horas antes um chá abortivo, ao mesmo tempo, em que seu casamento inevitável se delineava como algo certo. O chá era um símbolo que o próprio pai acreditava nas palavras de Daemon antes de bani-lo uma vez mais para longe do palácio. Todos esses eventos haviam se desenrolado apenas há algumas horas, Rhaenyra nem mesmo sentia-se uma mulher. Não ainda, mesmo após se entregar a Sir Colen.
-Boa noite princesa - A voz ecoou no quarto poucos segundos depois que Rhaenyra fechou a porta do próprio aposento.
-Daemon - Disse ela com a voz firme ainda que seus olhos demonstrassem insegurança. - Revele-se!
Daemon sorriu levemente apenas com o olhar pela ousadia da garota. Ele havia permanecido nas sombras aguardando pelo momento em que ela finalmente entraria novamente nos aposentos após banhar-se com a ajuda das criadas. Rhaenyra mantinha a expressão séria quando o próprio tio se revelou fora das sombras. Ele se vestia como um príncipe e sua face estampava uma tranquilidade que pouco correspondia a de um homem que acabara de ser expulso do castelo pelo próprio rei.
-Antes de deixar o palácio em definitivo desejava falar com minha sobrinha - Disse Daemon em um tom quase divertido, mas Rhaenyra compreendia a provocação.
-Não há nada a ser dito, mas deve revelar ao Rei Viserys a mentira que contou sobre nós - assegurou a jovem mulher ainda com a mesma postura.
Daemon aproximou-se da princesa que se manteve estática como uma escultura bela e inanimada. O homem procurou os olhos dela e ergueu o queixo da garota garantindo que o contato visual fosse completo.
-Ontem quando estava nos meus braços era uma garota, vejo agora que outro a tornou uma mulher - Daemon disse tais palavras com tanta certeza e segurança que Rhaenyra em choque entregou na própria face todas as emoções que antes escondia.
-Como pode saber? - Rhaenyra perguntava mais para si mesma do que para Daemon, talvez ele fosse um homem experiente suficiente para ler quando garotas se tornam mulheres. O simples fato que ele havia utilizado a passagem secreta para invadir seu quarto já demonstrava a inevitabilidade do poder que ele exercia sobre a princesa. - Por que me abandonou sozinha naquele lugar por uma prostituta qualquer?
Daemon largou o queixo da jovem mulher e suspirou como se a pergunta dela fosse não apenas desnecessária como também completamente inconveniente.
-Por que permitiu que outro me fizesse mulher? - Rhaenyra tinha quase raiva em suas palavras, ainda que cada palavra não fosse mais do que um sussurro.
-Porque quando a deixei ir também deixei que tivesse a chance de escolher - Garantiu Daemon servindo uma taça de vinho a si próprio e outra para a jovem e evitando os olhos dela como se temesse encará-la.
-Mentiras! - Bravejou Rhaenyra como se a cólera pudesse arrancar de Daemon alguma chama.
-Porque me assombrou o poder que você poderia exercer sobre mim se tivéssemos continuado! - Respondeu Daemon irritado entregando o vinho a Rhaenyra com a postura arredia, cheia de indignação e descontentamento.
Rhaenyra compreendeu que para Daemon e também para si própria não havia diferença entre o certo e o errado. O que havia impedido o próprio tio de se entregar aos próprios desejos na casa do prazer havia sido a escolha pelo poder. Ele era um Targaryen assim como ela. Tão similares, consumidos ambos pelo mesmo desejo inconsequente, pela mesma incapacidade de diferenciar a cólera e as chamas.
-Não tema - Disse Rhaenyra pela primeira vez com a voz doce, completamente desarmada por um instante.
A jovem mulher aproximou-se de Daemon, retirou a taça de vinho das mãos dele e as pousou sobre a mesa. Ele não seria o primeiro, mas ele era aquele que ela de fato desejava escolher. Rhaenyra se colocou na frente de Daemon que nesse momento a encarava nos olhos em uma mistura de desejo e afrontamento. Ela vagarosamente abriu o penhoar branco que vestia e deixou o tecido de seda cair sobre seus ombros revelando-se completamente despida.
Daemon sorriu dessa vez não apenas com os olhos, mas também com os lábios e a admirou por um segundo. Ela era jovem, bela e sangue de seu sangue.
O príncipe aproximou-se da jovem mulher e a beijou com intensidade. Sentia que se pertenciam de um modo quase sobrenatural, se os deuses existiam de fato havia então selado o destino dos amantes com ossos, chamas e sangue. Daemon tomava os lábios de Rhaenyra com voracidade como se agora pudesse tomá-la como uma mulher. Ela sentia cada toque queimar em sua pele como nunca antes havia queimado.
Exerciam um poder irrefreável um sobre o outro. Se tomariam, se pertenciam, eram fogo, eram cólera, eram chama. Tudo ao mesmo tempo, em todos lugares e em qualquer tempo.
Rhaenyra despiu os ombros e o peitoral do homem que tinha ao alcance de suas mãos enquanto Daemon beijava com voracidade o pescoço da jovem mulher e a erguia pelo quadril para em seguida depositá-la com alguma brutalidade na cama. A jovem mulher assistiu o homem tirar as próprias calças enquanto ela utilizava a chance para retomar o fôlego perdido minutos antes. Daemon segurou os pés da garota e vagarosamente beijou os pés, as pernas e finalmente alcançou a coxa da jovem para que finalmente alcançasse a língua no clítoris, em um movimento preciso, longo e molhado. Ela claramente não havia experimentado algo assim antes, porque o corpo dela ardia em chamas ao mesmo tempo que se curvava em ondas constantes de prazer.
Daemon continuou por alguns minutos até que ela alcançasse o ápice. Foi assim que ele pôde finalmente encarar Rhaenyra que tremia levemente devido a onda nova e completa de prazer que experimentara. Ele continuou a beijar o baixo ventre da mulher e finalmente chegou aos lábios. A princesa sentia-se confiante o suficiente para tocar o peitoral e os cabelos de Daemon assegurando que o beijo se prolongasse enquanto ela sentia que se consumia em prazer e ansiedade.
Rhaenyra podia ver que ele estava pronto para ela desde o momento que se beijaram, mas agora a necessidade parecia crescer no homem. Foi assim que a princesa se colocou bruscamente no topo e vagarosamente permitiu-se sentir o membro do homem acomodar-se dentro dela. A tranquilidade foi breve para ambos, o suficiente para que pudessem trocar olhares e estarem certos que a necessidade e o fogo não se extinguiria. Não seria consumido nessa vida ou na próxima, com ou sem os deuses, na presença ou não de dragões.
Eles pertenciam um ao outro de uma maneira definitiva.
Rhaenyra iniciou os movimentos lentamente enquanto Daemon segurava a cintura da jovem mulher a permitindo guiar o ritmo de forma cada vez mais intensa e rápida. Foi então que ele retomou o controle dos movimentos, agarrando as coxas da jovem, a retirando do controle e a virando de costas, permitindo que ele pudesse apreciar as costas dela enquanto se colocava novamente dentro dela. A jovem mulher suspirou com a surpresa e a intensidade do movimento, mas o corpo dela reagia com total prazer, total correspondência. Tudo que havia era prazer no modo que Daemon ditava o ritmo e puxava seus cabelos levemente para trás como se tentasse controlar o fogo que não pode ser controlado.
A jovem mulher teve um longo orgasmo fazendo Daemon colocá-la de frente para ele e beija-la com doçura. Quase como uma recompensa por ter se entregado a ele. Rhaenyra sentia o próprio corpo em chamas com todas novas sensações e mordeu os lábios sentando-se sobre o membro do homem diante dela para que pudessem continuar até o fim com os olhos fixos um no outro.
Daemon segurou a cintura da jovem ajudando-a a manter o equilíbrio enquanto Rhaenyra tocava um dos seios e se movimentava para cima e para baixo buscando alcançar o ápice junto ao homem. Estavam consumidos em fogo, chamas e cinzas quando finalmente alcançaram o orgasmo e em seguida, quase que instintivamente, se abraçaram em uma mistura de desejo e ternura que parecia antes inconcebível.
Deitaram-se lado a lado ainda se tocando, ainda sentindo a corrente de fogo e as chamas os consumirem. Era algo que desconheciam aquilo que haviam feito e começado naquele momento.-Posso ter qualquer homem que desejar em minha cama, mas isso não o inclui - Disse Rhaenyra com a voz baixa, quase falhando.
-Nós nos encontraremos novamente, não é o fim - assegurou Daemon fechando os próprios olhos e deixando-se levar pelo fogo, pelas chamas, pela cólera de ter se entregado e pela cólera de deixá-la.
Rhaenyra compreendeu o que Daemon havia compreendido na casa dos prazeres no dia anterior: o poder que exerciam um sobre o outro era absoluto, inebriante e proibido, eram afinal sangue do mesmo sangue.
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Fogo, Cólera e Chamas | Daemyra
FanfictionApós ser expulso de Kings Landing pelo delito cometido com a princesa na casa dos prazeres, Daemon e Rhaenyra Targaryen encontram-se uma vez mais. Seriam eles capazes de descobrir a verdadeira natureza de sua conexão antes que seja tarde demais? ...