Às vezes quando sento aos pés da minha cama imersa em nostalgia, ouvindo Summertime Sadness da cantora que tem o sobrenome de um carro da década 80, eu voo para o passado, me transporto pra lá. E de lá me sinto confortável pra projetar o futuro, que é, na realidade, meu presente.
Quando era pequena, uma menina sem muitos planos, planejava que o meu presente, atual, que antes era meu futuro do passado, seria totalmente diferente de agora. Naquela época eu queria ser uma mulher de negócios, ter minha marca, ser a pessoa que eu sempre admirei das coletâneas de revistas que pegava na banca da dona Sandra. Agora, eu sou uma mulher com vários negócios, mas todos traumáticos e tenho várias marcas, na minha alma, fora as marcas que deixei nas almas dos outros.
Será que a Sandra da banca quando olhava pra mim tinha ideia do que eu iria me tornar? Aquela menina do passado cheia de planos, uma franja duvidosa e uma Melissa de glitter não tinha muita coisa, acho que nem esperança. Se eu fosse a Sandra acho que julgaria o meu Eu do passado. Talvez aí esteja o problema, julgar o meu Eu demais. Por onde anda a Sandra? Não existem mais bancas como antigamente, será que ela tem orgulho da Sandra do passado? Será que ela chegou a ter um futuro? Será que...
Bem, do que adianta saber da Sandra? Se nem eu sei de mim.
Vamos lá abrir a minha banca. Pois as revistas não se vendem sozinhas pra garotinhas de franjas duvidosas e Melissas de glitter.
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Banca de Jornal
Short StoryO que você mais admira? Às vezes o que você mais admirou quando criança, é o que você é hoje. Ou não. O seu passado está feliz com seu futuro que atualmente é seu presente?