Capítulo 4: Soobin curte rebeldias incuráveis.
Existia outro dia.
Para a profunda indignação de Yeonjun, o mundo não tinha acabado.
Ele estava andando pelos corredores da empresa sentindo que as pessoas estavam prestando mais atenção nele do que o normal, como se soubessem o que aconteceu ontem quando todos foram embora. Nem Yeonjun tinha absoluta certeza de ter sido real, mas a sensação vívida e as memórias mais do que sórdidas e claras na verdade não permitia com que ele pudesse fingir que a realidade não estava bem em sua frente.
Era uma vergonha misturada com o sentimento de ter cometido um erro, ao mesmo tempo que parecia que apenas não sabia como se portar em frente a tanta novidade. Yeonjun não gosta muito de ser surpreendido, porém, apesar de tudo, ele ama coisas novas depois que para de encará-las como suas inimigas.
Pela manhã, se deparou com Wooyoung na mesa de café da manhã e ele contou que Yeonjun estava muito feliz quando chegou de madrugada e até tocou um pouco de guitarra, até se dar conta de seu estado de exaustão e despencar na cama de seu irmão. Wooyoung perguntou se ele estava apaixonado, e ele disse que sim.
Ou seja, Yeonjun está apaixonado.
Era a primeira vez que ele encarava aquele fato, e confessava que queria surtar ao ponto de se arremessar da janela mais alta do pequeno edifício administrativo da oficina autorizada de automobilística e autopeças.
Estar apaixonado era como ter algo errado encaixado no próprio corpo que faz ele funcionar de uma forma indevida e incontrolável. Yeonjun não gosta de não ter controle; ele não gosta que aquele sentimento faça ele viver com muito medo. No fim, ele também teme severamente se decepcionar com o que ainda não é muito concreto em sua cabeça. Ele não sabe o que acontece na cabeça de Soobin ou se suas intenções são genuínas — se só quer brincar com ele ou se a equivalência emocional entre os dois não seja a mesma. Parece igual a caminhar em um trajeto de pedras falsas e descalço, vivendo sozinho um incômodo que era do tamanho e peso exato para duas pessoas.
Era angustiante, não era bom. Yeonjun não podia afastar Soobin de sua mente, sentia que aquele idiota estava alugando o espaço inteiro só pra ele. Isso é tão egoísta. A espontaneidade da paixão coincidia com o quanto ela poderia ser dolorosamente previsível.
Ser deixado à deriva e se arrastar pela praia, ou correr enquanto está com sede ao invés de desistir e focar em se afogar no mar. É possível fazer algumas execuções não essenciais para a sobrevivência sendo movido por um senso maior do que esse. Há alternativas ruins, mas, no fundo, continuava soando sem sentido, só que de um jeito atraente.
Yeonjun bagunçou os cabelos e gemeu em frustração, indo e vindo da madrugada anterior onde sentiu o toque gentil de Soobin em seus lábios, demonstrando a extensão de seu desejo outrora tão implícito aos olhos. E ponderar sobre o que houve em público se parecia exatamente com o ato de andar pelado sem a segurança de estar no próprio quarto, era mais como pavorosamente estar sendo visto por todos. Um constrangimento visceral, um comichão inquieto se mexendo nas paredes do estômago, um formigamento quente na pele e uma sombra de ar pesado em torno do coração agitado, com adrenalina misturando com cortisol no sangue em uma quantidade viciosa.
E havia covardia.
Ocupou uma das mesas do escritório, criando um contraste óbvio entre sua presença e o espaço quase que completamente branco com pessoas vestindo peças claras, o mais escuro sendo algo similar com cinza. Yeonjun estava todo de preto, inadequado como sempre os outros julgavam. Ele não falou com ninguém nem para desejar um bom dia, absorto em seus devaneios conturbados e a mentalidade de que não deveria ter que trocar palavras com quem não queria, ou precisava, fazer isso, e se fizesse estaria apenas cumprindo com um acordo de cordialidade social ridículo que demanda que todo mundo deve estar feliz, de bom humor e se forçando a ser agradável com o que apenas lhe traz indiferença e mais repúdio.
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GOOD REBEL | YEONBIN
Fanfiction[SIDEFIC DE GOOD BOY GONE BAD | NÃO É NECESSÁRIO LER A PRIMEIRA HISTÓRIA PARA ENTENDER ESSA] Sim, Yeonjun era bagunçado igual um porão onde a última visita foi feita na Segunda Guerra Mundial. Se pode encontrar muitas coisas nesses lugares empoeirad...