39

3.2K 415 226
                                    

ATENÇÃO: Pessoas sensíveis ao tema; abuso, pedofilia, estupro e incesto, por favor, peço que pule esse capítulo. 

***

Lisa

Eu girei a chave sobre a a fechadura ao mesmo tempo que fazia com que mais oxigênio entrasse sobre os meus pulmões em nervosismo, a porta se abriu e eu entrei, encontrando rapidamente Chaeyoung na sala, com o seu celular em mãos. Não pude evitar o sorriso assim que olhei Benjamin, dormindo sobre o seu carrinho, mas ele se desmanchou assim que ela olhou pra mim, estava com raiva, os seus olhos me mostraram tal coisa, mas rapidamente, como um passe de mágica, ela tentou os suavizar, adotando um sorriso nervoso em minha direção. 

- Céus, Liz! Eu estava tão preocupada com você! Não me ligou e muito menos me mandou uma mensagem! O que aconteceu ontem na cafeteria? O que aconteceu com o seu pulso? Aonde passou a noite? Você quase me mata de preocupação!

- Eu passei a noite na casa da Jennie - respondi, sem me mover sobre o seu abraço nada apertado e nada verdadeiro, ela me olhou depois da minha fala.

- Ah... Jennie, sua psicóloga. 

- Vou ficar um tempo na casa dela.

- O que? Não, espera, a sua casa é aqui, Lalisa e não lá. 

- Não. A minha casa e ao lado de quem cuida de mim de uma forma verdadeira. A minha casa é ao lado de quem realmente se importa e tenta me deixar bem todos os dias, e aqui, é o último lugar no qual eu recebo isso. 

- Lalisa-

- Chaeyoung - a cortei, com a voz mais firme que a sua, mais alta que a sua, sendo apenas cuidadosa para não acordar Benjamin - Você é a minha irmã mais velha e não a minha dona. 

- Eu estou tentando cuidar de você.

- Cuidasse de mim quando eu tinha quatorze anos. Cuidasse de mim quando o papai entrava no nosso quarto em todas as madrugadas e me tocava da forma mais suja que possa existir! Ali, naquele momento você deveria cuidar de mim! Você estava ao meu lado, Chaeyoung, a noite inteira. Eu implorei pela a sua ajuda, eu gritei o seu nome, eu pedi socorro, e o que você fez? Você virou para o outro lado e dormiu. Então não, você nunca, nunca cuidou de mim como deveria. 

- A culpa não é minha! - falou de uma forma estridente atrás de mim conforme eu subia as escadas em direção ao meu quarto, eu a ignorei - A culpa disso sempre foi sua!

- Minha - assenti - Sim, a culpa de tudo sempre foi minha. 

- Você só deveria ter sido boa para ele assim como eu fui, não tenho culpa caso tenha sido o que ele sempre desejou que eu fosse, diferente de você.

Continuei calada, enfiando e socando qualquer roupa que eu encontrasse no meio do caminho sobre a minha mochila, a cada segundo que eu fazia aquilo, mais certeza eu tinha sobre a metáfora das paredes me espremerem, elas não me espremiam, a voz dela me espremia, as suas angustias, as suas frustrações jogadas em cima de mim de uma forma raivosa, eu não tinha culpa de nada. Eu não era a culpada de nada. Me permiti levar apenas alguns dos meus livros favoritos, não sabia o que seria depois daquilo, não sabia se voltaria, e eu precisava de algum conforto, eu merecia um conforto.

- Se você for embora, Lalisa, eu garanto que nunca mais verá Benjamin na sua vida - ela desferiu, fazendo com que eu parasse brutalmente de arrumar as minhas coisas, meu coração gritou, acelerou, o ar foi embora - Eu juro que você nunca mais verá ele.

- Não diga isso - murmurei - Ele não tem nada a ver com a droga da nossa vida caótica, Chaeyoung!

- Nossa vida caótica? Sua vida caótica, Lalisa! Você aqui que é a fodida mentalmente! E sabe, é até bom você ir mesmo, não quero que o meu filho cresça ao lado de uma louca perturbada como você. 

The Psychologist  (Jenlisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora