Eu sou o filho da pobreza
E sempre que lembramos de alguma coisa coesa,
Algo que a tenhamos feito, nos deixa com a certeza clara de que, realmente, tenhamos, com coragem, brio vulgar, zelo e profissionalismo, desempenhado uma tarefa rígida, nesse percurso árduo.Desse excerto, olhando as palmeiras da minha Terra,
Rica e bela, palmeiras de sombra copada, como um dia, disse um percursor da poesia Angolana, Sr. Maia Ferreira.
Eu sou ninguém, e talvez, tudo o que fiz e tenciono fazer, tornar-se-me-ia tudo. Tudo aquilo que pudesse ser um dia sem sonhar, e aquilo que sonhei não acreditar.Eu sou o filho da pobreza.
Pobre, porque os homens fazem-no, e isso antes da transição.
Em toda minha vida, da ida que somos, vivi maravilhas assustadas, quando meu coração apertava. Chorava, a pobreza cobrava e a poesia me veio salvar como um anjo da guarda, porque, eu sou o filho da pobreza que eu não semeei, mas colho e faço-a um alcácer da realeza, tal como donde provimos.Eu sou o filho da pobreza.
Estive onde estive, viajando para dentro da minha Terra, e lá, conheci a mais bela flora, a fauna se fazia escassa, mas existia em cada floresta seca.Às hostilidades africanas,
Almas perniciosidades penetrando crianças,
Ingénuas vendo escuridão na sua tarde de sol raiar.
Corajosa, paciente porque a pobreza lhe faz esperar.O sol poente, brilhando roxo, como nascera prateado.
Ensinamentos à torta e a direita, filtro os que com real contingência, têm impacto na nossa consciência,
Sem penosa consequência.Eu sou o filho da pobreza.
Querendo que alguém me ouça falar sem proferir palavra alguma.
Jurei parar, mas o mundo não me ouvia.
Aqui estou eu, de novo, mais ou menos forte, porque carrego do sol, o mais energético poder da minha Terra, que me queima a pele à hidratar. Arde como o sol, como as meninas em danças de batuques ao som da Marimba. O sim das raparigas de peitos fiéis.
Com os pés descalços nos areais, em terras de não cafezais e de muito Omarufo no Omilunga.
A minha Terra é linda.
Omufyati, com cereais naturais,
Produção artificial, numa terra normal.A minha Terra, é um paradoxo da pobreza.
Onde quem vem, fica, para lá não morrer, e morre aqui, porque ambicioso esteve, usurpando a riqueza do filho pobre desta Terra, Rica e bela."Imbondeiros produzem imbondos",
E a mucua é ressurgente neste mar de dor, que à todos males, querer nos engolir sem piedade.
Maximizei a minha escrita, tornei a caneta sangrenta a pé da letra do meu cognitivo e ámago sentir que se me dói, que se me arde a alma, não me custar cuspir.Eu sou o filho da pobreza, que na praia, se a maré aumenta e me busca, recrio-me nas ondas do mar, se agitadas ou calmas, torno-me num ser novo, e se morrer, das cinzas renascer, erguer-me, erecto como o massango que tanto tempo tento fazer permanecer.
Sou teu filho, mãe pobreza!
Sou eu, que tenho vergonha de ser-se teu, por isso, batalho para reconduzir-te à quem me olha com desdém,
Sem saber o que realmente a minha mente tem.Sou eu, mãe, o teu filho, pobreza.
Que anda segundos sem respirar, com medo do que possa inalar, neste mundo com piedade a desperdiçar.
Sou eu, minha mãe!
C.H.
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