Easy win.

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    Pete estava exausto. Seu corpo doía, suas articulações rangiam ao menor movimento e sua disposição já era. Precisava descansar o mais rápido possível.

Vegas veio logo atrás com um sorriso de canto e o lançou um olhar irônico antes de abrir a porta do banheiro e dar caminho para que entrasse. O seguiu logo atrás.

Mesmo depois de ter abandonado seu posto de guarda costas na família principal, Pete não ousou parar seus treinos e relaxar o físico.

Treinava todas as manhãs por uma hora e meia, certificando-se de manter-se saudável e eficiente quando fosse necessário, e havia começado a apreciar bastante a rotina : Acordar cedo (Não tão cedo), receber carinhos matinais, preparar café da manhã com seu , agora oficial, namorado, treinar consistentemente com empenho ,então lutar ,lutar, lutar ...

Vegas o acompanhava nessas lutas. Ficavam os dois em meio ao gramado, o vento soprando em peitos despidos, os galhos de árvore balançado, os pássaros compondo o plano de fundo enquanto seus corpos estavam preparados para combate. Pete amava o frio na barriga ,amava a excitação, a intensa troca de olhares e aflição antes de avançarem um para o outro.

A excitação de saber que logo avançariam um para o outro, fazia tudo valer a pena desde o início.

'' Não pegue leve dessa vez.'' , Vegas o provocava. '' Você luta como uma bichinha.''

Pete ria ,indignado, para a provocação, mas não retaliava com outra. Em vez disso, lançava-se em direção a Vegas com sangue nos olhos, agarrando-o pelo quadril em ímpeto em uma tentativa patética de derrubá-lo a qualquer custo. Só que Vegas o conhecia . O conhecia tão bem que Pete nem sequer podia sentir raiva e, de questionável bom grado, se resignava em ser facilmente dominado.

Quando estava com paciência, Vegas cedia aos seus caprichos e deixava-o acreditar que a luta poderia ser ganha por um bom tempo. O dava essa ilusão de vez em quando somente para derrubá-lo no último minuto com um sorriso presunçoso no rosto e tirar sarro de sua birra inevitável. ; Sem a paciência de Vegas, no entanto, Pete era derrotado tão rápido que mal conseguia entender completamente a vitória alheia.

Nos momentos em que percebia estar sob completo domínio, Pete ,em rasgo, conseguia empurrar Vegas para longe e colocar uma segura distância entre os dois, armando-se como uma raposa antes de se lançar com selvageria para tentar ,ao menos, atordoá-lo. Vegas parecia se divertir nesses momentos e , seja por amor ou apenas para provocá-lo ,o liberava uma chance.

A regra era clara : Sem punhos. Sem machucados muito graves. Nada de atingir no rosto. Era uma decisão unânime. Não queriam fazer a relação deles rebaixar ao ponto que a violência fosse banalizada ao tornar-se regra toda hora. Haviam concordado que não seria bom tirar aquele hábito para fora da cama.

Vegas roubava muitas vezes, Pete percebia. Frequentemente Vegas o pegava desprevenido por partes que Pete nunca esperava ou, talvez, esperasse e conseguia dominar a disputa muito facilmente. De tão usual ,reduziu-se ao conceito de um ritual diário, que já deveria estar programado sem nuances ou alterações no modelo básico. Pete já deveria estar acomodado com aquilo, mas ,talvez, sua teima fosse tão rotineira quanto o resto.

Eram incontáveis as vezes que Pete via-se em meio a uma frustração profunda quando estava em irredutível desvantagem. Eram incontáveis, também, as vezes que se via com a mesma excitação, borboletas no estômago e frêmito, sempre pelo mesmo motivo.

Quando a brincadeira ficava longa, Vegas decidia acabar com a enrolação e se empenhava de verdade em derrubar Pete no chão e imobilizá-lo por 10 segundos. E assim a luta acabava com o mesmo vencedor sempre.

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