Então fiz-me à estrada. Apesar do caminho até Jackson ser longo, e os meus pensamentos vaguearem por uma longa ansiedade repetitiva e expectativa enorme do que ia encontrar, a viagem fez-se bem mais curta do que aquilo que esperava. Em 4 dias estava de volta a Jackson, parando para descansar durante a noite, comer, o normal, a viagem parecia tão curta quanto a minha pressa e o meu desejo de chegar e encontrar... algo. E assim foi.
Sem querer, fui bater a casa do Joel. Á nossa casa. Fiquei surpreendida comigo mesma, por resistir ao impulso de entrar. A descarga elétrica no meu corpo veio, claramente, mas consegui controlar-me o suficiente para encaminhar a Shimmer... para o bar. Porque sabe-se lá porquê, era ali que as minhas boas esperanças em Jackson se depositavam. Amarrei a Shimmer ao poste, alimentei-a, e respirei fundo antes de dar um passo. Deviam de ser umas 3 da tarde, e o bar parecia encontrar-se cheio, tal como a cidade. Haviam pessoas na rua, mas distraídas com os afazeres. Eu fiz questão de não dar nas vistas, e as pessoas andavam tal qual como se fosse uma quarta feira comum, daí alguns dos que me conheciam, não terem notado o meu regresso nem a minha presença.
Enfim, respirei fundo e dei pequenos passos até a entrada do Bar de Maria. Abri lentamente a porta, e tal qual quanto esperava, encontrava-se cheio, mesmo sendo aquela hora. Neste momento, tudo o que me passava pela cabeça era onde estaria Dina, e como ainda não me tinha cruzado com ela. Novamente querendo passar despercebida, andei colada às paredes do bar, evitando o Balcão, e também Maria, que falava com alguém animadamente, e ainda não me tinha notado. Andei um pouco mais e a minha visão percorria por entre os corpos espalhados pelo longo espaço, resultando em pouco. Até que cheguei a meio do bar, e daquele ângulo, vi um chapéu que tão bem conhecia, e um cabelo preto num coque. Isto era tudo o que a minha visão conseguiu alcançar, a poucos metros de distância. Mas alguém afastou-se, e consegui ver mais do que via antes. O Tommy e Dina conversavam sérios sobre algo que me era imperceptível, mas Dina parecia irritada, de todo calma, como a Maria, que aliás não me lembro de a ver noutro Estado. Tommy parecia tentar acalmar Dina, carregava no rosto um ar mais descontraído, embora conseguisse ver que estava tenso. Sabia que estavam a falar sobre mim. O que mais me surpreendeu, foi a maneira como Tommy se apresentava perante a Dina. Parecia que ele tinha... quase a certeza que tinha morto a Abby. Que a vingança tinha sido levada até ao fim. Ele não estava lá, ele não viu o que aconteceu, e não podia esperar menos de mim. Eu também não esperaria. Só sei que sou uma merda neste momento.
Tommy: Ellie?
O Tommy finalmente deu-se conta que os encarava no canto, assim como toda a sala, que tinha parado a olhar para mim. Muitos conheciam-me, outros apenas de vista, sabiam que me tinha ido embora, e agora aperceberam-se do meu regresso. Tão simples quanto isto. Mas isto foi o que passou pela cabeça dos habitantes de Jackson. O que passou pela cabeça da Dina, provavelmente foi algo muito diferente. O seu corpo virou-se totalmente para trás, para onde seguia o olhar perplexo de Tommy. A sua boca abriu-se, e ficou paralisada, parecendo estar vendo uma miragem. Acho que perdi a noção do tempo, mas longos segundos se passaram. Não consegui reagir. Apenas os encarei fixamente, sem qualquer expressão no rosto.
Tommy: Ellie, estás de volta!
O Tommy correu a abraçar-me, algo na sua voz que se tinha apenas vagamente perdido na minha memória voltou a trazer as semelhanças com a voz do Joel. Não me lembrava que tinham vozes parecidas.
No segundo a seguir sinto o corpo do Tommy a abraçar -me fortemente, como se a única sobrinha que tivesse tudo na vida tivesse voltado da guerra, mas acho que foi algo bem pior do que a guerra.
Tommy: Não sabes o quanto senti a tua falta, miúda! Porra, estava a ver que não!
O Tommy sempre foi naturalmente mais Alegre e descontraído do que o Joel. Mas acho que nunca o tinha visto tão... notoriamente feliz. Notava-se na sua voz, o sorriso que ia de orelha a orelha, rasgava-lhe o rosto de homem charmoso que acabou de entrar na casa dos 40. Isto é, para quem apreciava claro.
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The Last of Us Part III
RomansApós os eventos de The Last of Us Part II, esta é a minha história do que aconteceu e vai acontecer, focando essencialmente em novos desafios, e na relação de Ellie e Dina. Espero que gostem! (Haverão partes narradas pela Ellie, outras pela Dina). (...