UNCURSED • WOLFSTAR

Ponto de Vista

Regulus POV

Os trouxas veem as coisas de uma forma essencialmente estranha

Sirius sempre foi fascinado por eles, assim como nossa prima, Andrômeda. No meu último aniversário eles me deram um livro trouxa sobre estrelas

As estrelas eram pra mim o que os trouxas eram para Sirius. Algo distante e desconhecido que era extremamente cativante e o qual eu queria descobrir cada vez mais

Mas ao contrário dos livros bruxos que falavam sobre magia e adivinhação, o conhecimento astronômico trouxa era sobre algo muito mais intrigante

O livro descrevia os gases que mantinham o fogo das estrelas queimando. Falava sobre a exata distância delas com a terra e quanto tempo levaria para chegar até uma. (Como se alguém fosse querer isso)

Os dados ali não eram sujeitos a interpretação. Eram fatos concretos e comprovados. Quando me dei conta já havia lido o livro inteiro, feito centenas de marcações e estava ansiando por mais

Andrômeda me mandava livros sempre que enviava os discos e as parafernálias de Sirius. Eu respondia com uma carta contando tudo de interessante que aprendi

A crença supremacista em que minha família e muitas outras vivem é, por falta de outra palavra, estúpida

Negligenciar tanto conhecimento por se achar superior não tem sentido. Trouxas não possuem magia, por tanto, necessitam de outros meios para se desenvolverem. A escassez fez deles um povo versado

-Ei, cara - sinto uma mão no meu ombro - Você precisa descansar um pouco, hm? Não faz nem duas horas que foi liberado da enfermaria e já está com o nariz enterrado nos livros - Evan aconselha

-Ele estava lendo até mesmo quando estava naquela maca - Barty resmunga - Livros já se tornaram um órgão vital pra ele

-Para de falar como se eu não estivesse aqui - digo

-Para de agir como se você não estivesse aqui - Pandora retruca

-Quando foi que você entrou aqui? - pergunto

-Faz uns vinte minutos. Eu até falei com você e você me respondeu

-Hm - as vezes eu realmente faço isso, é super normal e nada preocupante

Evan arranca o livro da minha mão. Eu tento lutar, mas ele é mais forte que eu. Babaca

-Você vai dormir e só vai acordar na hora do jantar - ele fala e parece mais como uma ameaça do que qualquer coisa

Eu resolvo não discutir

•

Mal tenho tempo de sentar na mesa da Sonserina antes de Sirius aparecer igual uma assombração do meu lado

-Precisamos conversar

Eu bufo

-Será que você pode ir importunar outra pessoa?

-Não. Eu preciso falar com você

Eu juro por tudo que é mais sagrado que algum dia eu vou esganar esse garoto

-Pode ser depois do jantar?

Sirius suspira como se eu estivesse pedindo algo totalmente absurdo

-Tudo bem, mas não tenta fugir de mim

Quando Sirius sai, Barty e Evan estão me encarando

-O que foi?

-Você acha que ele descobriu? - Evan pergunta

-Não tem maneira dele ter descoberto e se tivesse, ele não seria capaz de esperar até o fim do jantar para surtar

-É, faz sentido - Barty concorda

-Mas você não tem medo dele ficar sabendo?

-A menos que algum de vocês abra o bico, Sirius continuará totalmente alheio a isso - digo - Ele está ocupado demais pensando na própria vida pra suspeitar de algo assim

Os dois murmuram concordâncias e seguimos a refeição quase em completo silêncio

•

Depois do jantar, Sirius e eu vamos para a torre de astronomia. Por algum motivo essa sala é reconfortante para nós dois

-Eu tenho que estudar então se você puder ser breve...

-EubeijeioRemus!

-O que? - questiono porque mal consegui entender uma palavra

-Eu... eu beijei ele - o rosto de Sirius fica vermelho, mas ele não parece se importar - E ele me beijou de volta. E foi... porra, foi incrível

-Porque eu to sentindo que tem um "mas" vindo?

-Não tem nenhum mas, foi isso - ele diz olhando para longe - Eu confessei o que sentia, a gente se pegou e depois... seguimos a vida

-Espera, o que? - eu me surpreendo com o quão revoltante isso é - Você se declarou, ele te beijou e vazou?

-Não... não foi assim - Sirius estrala os dedos - Ele... ele disse que também gostava de mim. Quando ficamos sozinhos de novo, ele tentou conversar, mas... - as palavras ficaram presas na sua garganta

-Você não acreditou nele - completei e Sirius assentiu

A criação que recebemos nos fez acreditar que não éramos merecedores de amor. Que ninguém seria capaz de nos amar. Então quando alguém diz que nos ama, parece falso

-Eu sei que você não quer ouvir isso, mas você precisa conversar com ele - digo - Você não pode simplesmente fugir dele como se nada tivesse acontecido

-Por que não?

-Porque não é justo - digo - Nem com você nem com ele. Eu sei que você prefere ficar nesse limbo de incerteza do que arriscar receber um não. Mas se você não passar por cima disso, não há nada que ninguém possa fazer para te ajudar

Sirius bufa e aperta os braços envolta do seu próprio corpo

-Eu não conheço o Lupin tão bem, mas duvido que ele seja do tipo que fingiria uma declaração apenas para ficar com alguém - tento soar otimista - Na verdade, eu imagino que pra ele tenha sido especialmente difícil dizer o que sentia em voz alta

Sirius resmunga algo ainda sem olhar na minha direção

-Faça o que quiser, mas se lembre do que eu disse da última vez que falamos sobre isso - bato em seu ombro - Vocês tem tudo para dar certo, então não estrague antes mesmo de tentar

A verdade é que por mais que Sirius repudie tudo sobre nossa família, ele não pode evitar ser um Black. E assim como nossos ancestrais sempre se negaram a ver o conhecimento trouxa como algo digno. Sirius se recusa a baixar a guarda e se permitir enxergar o amor que está bem na sua frente. Não que eu seja muito diferente

notas

nem vou tentar me justificar por esse atraso, mas pelo menos teve reggie e sirius amiguinhos

to relendo a minha própria fic pq minha memória de peixe já apagou metade do que aconteceu kkkk

beijos, amo vocês <3