IV. Uma Cidade no Mar Negro

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-Senhor Park, na grafia ocidental, é Odesa com dois "S" ou com um "S"? Eu sei que em coreano isso na faz nenhuma diferença, mais fiquei curioso sobre isso

-Hm, Odessa, com dois "S", é a grafia em Russo, enquanto Odesa com um "S", é a grafia em ucraniano, os ucranianos preferem essa grafia por razões óbvias, imagino que o Senhor tenho visto as notícias...

-Ah sim, triste...

-É como a capital da Ucrânia, Kyiv e Kiev, essa diferença é mais clara em coreano

-O Senhor passou um tempo na Ucrânia, certo? Sinto muito, mas eu não li o livro onde o Senhor fala sobre isso...

Sunghoon pareceu confuso por um momento, e perguntou:

-Qual livro?

-Uma Cidade no Mar Negro

-Ah! Não me lembrava desse livro, é um relato breve e simples, você não perdeu nada! O tempo que passei lá é uma experiência que não sei se eu consigo relatar totalmente

-Quanto tempo o Senhor passou lá?

-Dois anos

-Uou, é bastante tempo! Eu nem saí do país ainda!

-Acredito que você já leu muitos livros, então você já viajou inúmeras vezes! Sunghoon sorriu.

-Não é a mesma coisa, Senhor Park, respondeu Sunoo, envergonhado.

Sunghoon se sentiu constrangido, nem sempre seu otimismo natural agradava as pessoas.

-Me desculpe, respondeu o Senhor Park.

-Ah! Não precisa se desculpar Senhor Park! Eu que peço desculpas! Acho que foi uma resposta grosseira...

-Não se preocupe, enfim o que você achou do texto? Perguntou Sunghoon, sincero.

-Oh, o Senhor quer a minha opinião? Questionou Sunoo, impressionado, ele nunca imaginou que um autor premiado pediria sua opinião algum dia.

-Claro, respondeu Sunghoon, Você não está apenas transcrevendo as minhas falas mecanicamente, você está pensando, racionando, e o mais importante, sentindo as palavras que eu recito quase como uma poesia

-Hm, realmente, é como uma poesia, houve momentos em que eu fiquei confuso, mas acho que é por conta do fluxo de consciência, respondeu Sunoo, com dificuldade de encarar aquele olhar firme.

-Interessante, o Senhor acredita que algo precisa ser corrigido?

-Não! Claro que não! Está lindo, eu gostei da parte em que você descreve as águas do mar...

-Faz anos que eu não vejo o mar, a última vez foi na Província de Gangwon, esse trecho é puramente baseado na minha memória emocional

-Memória emocional?

-Sim, não é um momento único, são vários momentos em que eu vi o mar e senti a mesma coisa, uma imensidão, um vazio, mas também uma beleza sublime, capaz de curar todas os males...

O silêncio tomou conta do ambiente. Um silêncio reflexivo e confortável, apesar daquele jovem escritor utilizar palavras e termos complicados, Sunoo se sentia bem ao lado dele, era como se ele estivesse trazendo aquelas maravilhosas nuvens de pensamentos para a terra, transformando-as em algo que todos possam entender. Os raios de sol atravessam o vitral em forma de lua, iluminando os cabelos escuros de Sunoo. Naquele momento, Sunghoon acreditou ver o seu anjo da guarda.  

Odesa Castle - Studying The Angels Onde histórias criam vida. Descubra agora