Capítulo 26. O amor liberta

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O cômodo da casa estava silencioso, os olhos verdes do adolescente se encontravam arregalados, os lábios entreabertos, a respiração difícil. Já seu namorado possuía o olhar baixo, enquanto brincava com os próprios dedos.

Noah não conseguia acreditar no que Josh havia contado, a história do mais velho tendo lhe causado um embrulho no estômago, e naquele momento ele sentiu uma vontade avassaladora de transferir toda a dor que o feiticeiro sentia para alguém que de fato a merecesse.

Josh respirou fundo e subiu o olhar até o namorado, entreabrindo os lábios e decidindo voltar a falar quando viu o mais novo acenar positivamente com a cabeça enquanto o olhava.

— Bom, depois do que aconteceu com a Leigh, as minhas mães... Uh, apareceram com reforços e... — Mordeu o lábio inferior. — O Klaus com certeza nunca apanhou tanto como naquele dia. — Se permitiu sorrir um pouco.

— Isso ainda era muito pouco para ele. — Noah disse baixo, entredentes.

— Yeah... — O feiticeiro assentiu devagar. — E logo depois ele foi enviado para uma masmorra em um lugar onde a magia dele não funcionaria. E eu achei que a minha vida poderia voltar ao normal. — Engoliu em seco. — Mas... Até hoje, quando eu vejo as minhas cicatrizes, eu me sinto culpado. — Continuou em um fio de voz, e Noah engoliu em seco e procurou acolher o namorado em seus braços, vendo que as lágrimas haviam se acumulado mais uma vez nos olhos azuis. — Eu não consegui impedir que ela... — Josh soluçou, fechando os olhos com força em seguida, não conseguindo concluir a sua fala.

— N-Nada disso foi sua culpa. — Noah disse verdadeiramente, ouvindo o outro chorar baixinho contra o seu peitoral coberto, o abraçando com mais força.

— Eu tentei... Cobrir essas cicatrizes e, fiz algumas tatuagens com o passar do tempo. — Josh soluçou mais uma vez, a voz estando fraca. — Mas não adiantou nada, e eu acho que nada mudará ou cobrirá isso. — Procurou enxugar as lágrimas que insistiam em descer. — E no fundo eu sinto que mereço, sinto que mereço sentir essa vergonha e essa culpa, porque se eu não tivesse sido um bastardo ingrato, eu nunca...-

— Ei! — O moreno segurou o namorado pelos ombros, franzindo as sobrancelhas no mesmo minuto, enquanto o maxilar era travado. — Nunca mais repita isso! — Grunhiu, incrédulo. O que surpreendeu o feiticeiro. — Você foi uma vítima, e apenas isso. Você não merecia metade da merda que aconteceu, e... Droga, Joshy, eu sei que não deveria ficar feliz pela morte de alguém, mas eu estou tão feliz que aquele crápula está morto! — Suspirou pesado, negando com a cabeça e subindo as mãos delicadamente até o rosto do namorado. — Eu peço que me escute, sim? — Perguntou baixinho e Josh assentiu devagar, enquanto olhava atentamente para Noah. — Você é lindo da cabeça aos pés, e eu tenho certeza que se você tivesse uma noção do poder que tem sobre mim, ou da forma que faz eu me sentir, você nunca se trataria dessa forma mais uma vez. — Disse verdadeiramente, firme.

E Josh entreabriu os lábios, ainda surpreso com a reação do mais novo.

Noah suspirou mais uma vez, mordendo o lábio inferior nervosamente ao ver a expressão de surpresa no rosto do outro, se perguntando mentalmente se havia assustado o namorado.

Merda, tudo que o moreno menos queria naquele momento era assustar Josh, ficando nervoso só com aquela possibilidade e com o silêncio que havia se instalado após as suas últimas palavras.

As batidas de seu coração estavam erráticas, os olhos verdes corriam por cada traço do mais velho, avaliando cada detalhe minucioso que pudesse expressar um sentimento negativo.

Mas não demorou muito para que um sorriso carregado de emoção se formasse nos lábios finos, assim como os olhos azuis voltaram a marejar

— Eu te amo, Noah. — O feiticeiro admitiu, enquanto sentia o seu coração a mil apenas com aquela declaração.

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