Abril

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Não quero te ver por perto
Por medo de se afastar
Não quero que escolha o certo
Por medo da dúvida [...]
Eu quero por tudo lhe ver aqui
Mas eu quero teu peito gritando meu nome

1935

A semana passou rapidamente e logo chegou o aniversário de Clara. 14 anos, Heloísa nem conseguia acreditar enquanto olhava sua filha adormecida.

Já era tradição, todo aniversário de Clara a família se reunia para acordá-la com parabéns e muitos abraços. Infelizmente, esse ano não teriam a presença de Afonso, mas Violeta e Isadora se sentiam honradas em participar.
Heloísa segurava um prato com um pedaço de bolo de laranja - um dos favoritos de Clara - com uma vela acesa, entraram no quarto sorrateiramente e logo deram início às palmas e a cantoria. A aniversariante sorriu apesar do leve susto e se sentou participando da farra com a família.

- Feliz aniversário boneca, faça um pedido - a costureira se aproximou da cama e abaixou o prato no nível de Clara que fechou os olhos fazendo seu desejo antes de assoprar a vela e mais uma vez o quarto rompeu em comemorações

Todos se aproximaram um a um e deram abraços de felicitações assim como desejos de um ano feliz. Aos poucos o quarto se esvaziou ficando apenas Clara e Heloísa, a mais velha se sentou ao lado da filha e a puxou para um abraço apertado

- Parabéns minha menina, eu morro de orgulho de você, da garota linda que se tornou, com um coração mais lindo ainda. Te amo muito, agradeço a Deus e à Santa Clara todos os dias por sua vida e por me permitirem ser sua mãe. Que seja um ano muito abençoado na sua vida e que crie lindas lembranças. Eu vou sempre estar aqui por você, filhote.

- Eu te amo tanto, mamãe. Somos nós contra o mundo - retribui a o abraço apertado e se afastou quando Heloísa segurou seu rosto dando um beijo demorado em sua testa

- Agora vá tornar um banho, vou te esperar para a primeira parte do seu aniversário

- Não vamos tomar café com todos? - Heloísa negou com a cabeça e Clara sorriu empolgada se levantando da cama indo até o banheiro

Quando Clara e Heloísa deixaram o casarão Leônidas já esperava do lado de fora com dois buquês nas mãos, eram margaridas, as mais lindas.

Clara correu até ele que a esperava de braços abertos e deram um abraço apertado

- Feliz aniversário, Clarinha. Que esse dia seja tão inesquecível quanto todos os dias a partir de hoje. Que conquiste o mundo com esse senso de justiça e esse coração enorme. Foi um prazer te conhecer - Leônidas sorria largamente, parecia tão certo acordar cedo para organizar um aniversário, dar um abraço apertado de felicitações e passar o dia garantindo que seja memorável

- Obrigada, Leônidas - soltaram-se do abraço e Leônidas estendeu um dos buquês

- Não é seu presente ainda, mas margaridas significam bondade, juventude e afeto, espero que goste

- Obrigada, Leônidas, são lindas - sorriu largamente cheirando as flores

- Não é seu aniversário, minha rosa, mas também merece os parabéns pelo trabalho incrível que fez com Clara - estendeu o outro buquê a Heloisa que aguardava um pouco afastada deixando que os dois tivessem seu momento. A costureira se aproximou pegando as flores com um leve sorriso

- Obrigada, por tudo - tantas perguntas sondaram a cabeça de Heloísa e seus muros caíam um a um, precisariam conversar, precisava findar sua dúvida, mas não naquele dia, aquele dia era de Clara

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