Eu ainda sou o Liz (a.e)

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Universo - algo de estranho

Gatilhos de transfobia/homofobia

Por mais que isso nunca o tinha incomodado, agora aquela questão fazia parte do cotidiano, ouvir de pessoas de fora que se quisesse ser um garoto ao menos deveria se vestir como tal era irrelevante naquela época, principalmente no internato

Sempre se vestiu como quis, cortando as roupas e até rasgando os seus vestidos para fazer saias improvisadas

Vestidos nunca foram amados por ele, mas por outro lado saias eram as coisas mais bonitas em sua visão, todo o ondulado e leveza na peça era encantador

Mas se antes não se importava, agora as coisas aviam mudado, e muitos. Ele avia conhecido uma moça, um doce jovem, que se importou com ele e que ele se importou de volta

Foi ela quem o fez pensar no que vestia, mas não foi ela quem difamou do seu estilo afeminado

Na verdade, foi sua paixão anterior, seu maior erro... Ou talvez fossem todas as outras que causaram feridas que até agora continuam abertas

Tantas vezes ouviu, desde sua primeira

"Você é um homem, mas ainda nem escolheu seu nome"

As passageiras

"Pelo menos se assuma, não quero que achem que namoro uma mulher"

As duradouras

"Mas sabe, não vai dar certo mais, você sozinho tem o dobro de chance de me trair"

Até a última

"Mas qual era seu nome real"
"Não gosto de ver você usando roupas tão curtas"
"Ainda insiste em usar saias?"

Tinha medo de que todas essas coisas voltassem, que novamente se despedaça-se

Mas então, por alguma razão, a jovem havia descoberto o seu aniversário e naquele dia havia o presenteado

Um binder, de cor preta

- se isso te ofende, me perdoe, mas eu ouvi um dia que você não tinha um e... Eu decidi comprar para você...

Foi inevitável que chorasse, ele já havia usado quando jovem, mas acabou estragando em uma briga que se meteu e decidiu nunca mais comprar

- só... Não vá usar o dia inteiro, não quero ver você se matando

- valeu

Não soube reagir, toda aquela situação era estranha...

Estranhamente reconfortante

- eu quis te dar isso antes, pois não sabia como você e os outros poderiam reagir

Mas tarde teria um encontro com o grupo que ambos participavam
E era meio óbvio que planejavam uma festa para o aniversariante

Dos outros colegas recebeu algo que, por mais que não se comparasse com o presente da jovem, o fez ter certeza de que estava no lugar certo com as pessoas certas

De cada um recebeu uma peça de roupa que o encantou

De sua amiga baixinha recebeu uma saia média com botões centralizados na parte da frente

Da sua amiga de cabelos rosas recebeu uma saia com a estampa igual a roupa da Nezuko

De seu amigo de cabelos vermelhos recebeu dois laços vermelhos com bolinhas brancas e um terno branco
Junto da outra pessoa, que deu brincos do tanjiro e acessórios para a cabeça

- desculpa se for merda, mas esse merdinha do Mikorin quis por que quis te dar presentes dos nossos animes preferidos

- ele é um príncipe, tem que se vestir como tal - disse o de cabelos vermelhos - e também só tava faltando esses acessórios para terminarmos o cosplay de Kashima e de Saiki

- sério gente, muito obrigado por tudo

- hey, ainda falta o presente da Larry

- mas ela...

- quietinho, esse presente foi caro e é em conjunto - disse a menor

- tá dá

Ela entrega uma caixa preta, não só para o aniversariante, mas para todos ali presente, terminando com ela também segurando uma

- foi difícil de achar, mas por sorte assim que achei comprei para todo mundo

A caixa foi aberta com certo medo, mas assim que se pode ver o que continha o espanto é inevitável

- nem fudendo, mas... Como?

Era uma vestimenta de colegial oriental feminina, toda preta com detalhes em branco

- ué? O tecido foi encomendado, Daí a gente deu os toques finais, o mais difícil foi a saia com listra branca

- Vamos fazer cosplay da turma do Saiko!!!! - gritou o avermelhado super feliz

- a mas a gente tem muito que ir num shopping só pra alguém dançar e ser quase preso - o aniversariante disse, já imaginando o quão errado todo aquilo ia dar

Não avia mais motivo para se preocupar com o que vestia, aquelas eram as pessoas certas para se estar, aceitariam ele mesmo se tivesse chifres horrorosos, mesmo se sua pele fosse corroída, mesmo se fosse o que fosse eles não iam se importar

E isso era tão tranquilizante, por anos conviveu com pessoas tão ruins, mas finalmente se sentia parte de uma família

(Nota da autora - eu queria muito ter um binder, tipo e sinto que uma boa quantidade dos meus problemas só sumiram se eu tivesse um... Mas se eu não tenho coragem, o Liz pode muito bem sorrir por mim)

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