Sealed Love ❃ (l.s) ABO

✦ Capítulo 7

A travessia do Canal da Mancha não era considerada uma viagem demorada, no entanto, mesmo que o príncipe da Inglaterra estivesse familiarizado a solidão do mar dentro de um navio durante longas viagens, aqueles dias tinham sido os mais lentos e torturantes de toda sua vida. Viajando pelo litoral francês em direção ao porto mais próximo do palácio de outono da família real, todas as manhãs o capitão informava a distância a Harry, e sua ansiedade aumentava conforme o caminho se encurtava, fazendo-o observar a imensidão horizontal do oceano que deixava para trás, se apoiando nas madeiras desgastadas da nau.

Durante o dia o alfa achava interessante observar as atividades do navio, todos os trabalhadores na embarcação, seus conhecimentos navais eram restritos ao que se tratava de estratégias militares de invasão e ataque em alto mar, mas era realmente cativante ver como cada parte do navio funcionava. E Harry estava engajado em detalhar sua viagem em um diário de bordo para entreter-se durante o percurso tão angustiante para um pobre príncipe apaixonado. Ao anoitecer, reunia-se com seus militares da marinha, que é claro estavam presente para garantir a chegada e a segurança do futuro rei, jantavam juntos, pouco a pouco as refeições se tornavam menos fartas, o vinho ia acabando, mas em breve desembarcariam.

No entanto, a madrugada a fio era uma tremenda tortura. De repente as lembranças daquele lago na França, do frescor e da pele arrepiada de Louis não abandonavam a mente de Harry, o céu era escuro feito seus olhos dilatados, o mar se agitava feito os instintos do alfa, talvez o oceano também estivesse com saudade de Louis. E com certeza alguns dos marujos poderiam ouvi-lo gemer e até mesmo rosnar quando se tocava de olhos fechados, sob lençóis de ceda nos aposentos daquele navio, mas reviver o momento em sua mente nunca seria o mesmo que vive-lo em plenitude, e aquilo deixava-o animalesco.

Certa noite, Harry ao se entregar para o cansaço o príncipe fora enfeitiçado por um pesadelo realista, perambulando pelo navio ele avistou Louis no convés de sua embarcação, vestindo nada além de tecidos brancos transparentes que esvoaçavam com a ventania agressiva da noite no oceano, um pouco distante ele estendeu-lhe a mão com um sorriso sedutor chamando-o, e o alfa como um tolo, andou até ele, esticando a mão também, antes que seus dedos pudessem resvalar, o ômega se desmanchou em pétalas que voaram em direção ao mar, desaparecendo. Afinal o pesadelo era não poder toca-lo mesmo que almejasse muito. Harry era um homem racional, mas em momentos como aquele acreditava nas ladainhas sobre Louis e a descendência pagã do príncipe.

"Boas novas, alteza. Atracamos amanhã, ao amanhecer." As palavras do capitão agraciaram o alfa naquela manhã, quando ele tinha acabado de despertar de outra inquietante madrugada, aquela era realmente uma boa notícia, por isso Harry o agradeceu, dispensando-o em seguida. Já que estava navegando poderia agir feito pirata e tomar uma dose de rum logo pela manhã para comemorar, seria possível avistar terra firme dentro de algumas horas.

"Queira acompanhar-me em uma dose ou duas de rum, caro amigo." Harry disse ao encontrar seu braço direito – Liam Payne –, o qual viajava junto do príncipe para se encarregar de suas correspondências e responsabilidades reais, já que o cortejo poderia ocupar muito o alfa nos próximos dias e semanas. Liam, outro alfa, se virou enquanto lia um livro com fumo entre os lábios, apertando as sobrancelhas confuso, porém notando a alegria nas feições do príncipe inglês, depois de dias de carracas e aborrecimento.

"Perdoe-me a indiscrição alteza, mas tal felicidade matutina tens a ver com nossa chegada breve?" Perguntou, embora soubesse a resposta, e Harry sorriu de lado, erguendo seu queixo abaulado, seu rosto era másculo e marcante, a linhagem de sua dinastia era ímpar, só geraria ômegas se, é claro, se unisse a Louis, com sua tão almejada genética. "Acredito que pelo sorriso estampado em vosso rosto a resposta seja sim." Liam insinuou, ouviu um riso escapar pelas narinas do outro, o príncipe se virou em direção a cozinha do navio, onde alguns de seus homens se misturavam ao futuro rei para beliscar pães e geleias. Em um navio a hierarquia era praticamente inexistente, mas é claro que Harry sempre comia o melhor e dormia na melhor cama, afinal era um príncipe.