A fada verde e a lutadora vermelha

capítulo 2

Como lhe foi orientado Vi passou o dia todo procurando madeira, infelizmente não achou nenhum machado ou coisa assim então apenas pegou troncos pelo chão, sua força reduzida ainda á permitia trabalhar em baixo do sol, agora quente outra vez, se o solo não estivesse encharcado ela duvidaria de toda a água que caiu do céu durante a noite. Abastecida com aqueles pães recheados ela faz seu trabalho, assimilando aquilo como sua forma de pagar pelos suprimentos e hospedagem, mas nada fazia sua mente parar com a ideia de que aquilo era para agradar Caitlyn, aquela mulher doce não saia de sua cabeça, durante o dia todo pensou nela e em como agradá-la, graças a isso a rosada faz mais que apenas recolher lenha e guardar nos fundos do casarão, logo ela tratou de consertar pequenos estragos causados pela chuva, até mesmo vasos quebrados no jardim ela recolheu, se sentia patética, mas ao mesmo tempo, satisfeita e orgulhosa de ter feito algo útil pela outra, que tanto tinha feito por si, mesmo que no fundo ela não queria que aquilo fosse apenas uma troca de favores a menor não conseguia parar de ver assim, maldita criação cruel.

Assim o dia passou voando, Cait na floresta recolhendo recursos e ajudando alguns animais e Vi trabalhando na casa, uma pensando na outra de forma mútua, mas quando a tarde chegou e o dia se tornou vermelho os pensamentos confusos sanaram, estavam juntas novamente, ambas sentadas naquele mesmo sofá do dia anterior, mais uma vez fazendo curativos na rosada.

— O que eu lhe disse sobre descansar Vi? Parece que você sequer leu o que escrevi... Olhe só isso... Está sangrando mais que ontem... Eu achei que pegaria gravetos e galhos finos... Não toras de madeira... Eu estou agradecida, porém sua saúde é mais importante que qualquer coisa agora— falava Cait com o semblante fechado e a voz trêmula, ela estava arrependida por ter pedido para a visitante a ajudar com a lenha, mesmo que a mulher a sua frente demonstrasse apenas aquele mesmo sorriso cafajeste e confiante ainda sim sentia se mal por tudo aquilo, não queria ver ela com dor.

— Eu estou bem docinho... Não fiz nada que não esteja acostumada tá... Eu trabalho ‘pra caralho a anos... Foi só umas torras de madeira... da próxima vez me deixa um machado, foi uma porra procurar essa lenha — ela dizia sorrindo, era um absurdo que estava realmente calma mesmo que estivesse com um machucado realmente grave em seu estômago, era mesmo uma imprudente.

— Olha Vi... Não vou te dar machado, não cortamos árvores aqui... e você não pode fazer isso de jeito nenhum... Quer morrer com uma infecção nesse corte? Trate de ficar quieta... Você vai ficar em casa até essa ferida se curar completamente... depois damos um jeito para onde você vai, agora me deixe fazer os pontos aqui— A fada dizia nervosa, era fofo como suas bochechas inflavam e seu rosto ficava avermelhado, realmente ela ficava linda.

Meio sem escolha Vi deixou que ela cuidasse de sua ferida, aceitando os doloridos pontos e a pomada que ardeu levemente, essa era a primeira vez, dês de sua casa, que alguém cuidava de seus ferimentos, mesmo já tendo se machucado de mais em sua vida. Quando Caitlyn se levantou Vi achou que tinha acabado, mas após alguns minutos ela voltou com um frasco de vidro escrito em uma língua que não foi capaz de reconhecer, dentro um líquido azul celeste brilhava, não fazia a menor ideia do que era aquilo porém aceitou, na feição da outra não tinha nenhum indício que aquilo era perigoso ou que ela estava a enganando, então apenas aceitou; aquilo desceu por sua garganta queimando, o gosto era horrível e a textura a deixou confusa, de imediato seu corpo relaxou e uma sensação de leveza tomou conta de si.

— Vá para seu quarto e não saia de casa de modo algum, não quero que tenha problemas... Eu levarei teu jantar lá... Também deixei algumas coisas para que tome banho no quarto de forma mais rápida, por favor me chame caso se sinta mal— assim ela saiu e deixou uma Vi mas nuvens.

A menor andou até seu quarto, os corredores pareciam mais largos e mais compridos, ou ela apenas se sentia menor do que realmente era. Quando enfim pode se jogar em sua cama sua ficha caiu sobre os “ problemas” que a outra disse que teria, estava mole e seu corpo suava, mas não era uma sensação ruim, se sentia nas nuvens literalmente, como se a cama em baixo de seu corpo fosse mais aconchegante e macia do que se lembrava, todo o som parecia abafado e calmo, o mundo estava em câmera lenta. Vi não foi capaz de se levantar mais dali, se acomodou sem as botas de couro e se deixou relaxar ao extremo, não sentia nenhum medo do remédio ou de Cait, de algum modo seus instintos mais primitivos sabiam que ela não a faria mal, estava segura naquelas paredes como nunca antes esteve, aquilo chegava a ser louco, mas era sua realidade naquele momento, estava confiando quase que cegamente em uma mulher desconhecida, a qual sentia uma imensa vontade de agradar, aparentemente seu coração cafajeste estava tomando jeito em uma velocidade muito absurda que ela não conseguia acompanhar.