5. A Deusa de olhos verdes

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*Bônus Miguel*

Três anos atrás...

O som estridente do meu despertador ecoa pelo quarto, indicando que são cinco da manhã. Mesmo meu corpo implorando para ficar na cama após mais uma noite cheia de sexo e bebidas, me forço a levantar. Muitos devem me considerar um cafajeste por não saber com quantas mulheres já me deitei, mas poucos sabem que estou à espera da dona do meu coração. Por incrível que pareça, sou o verdadeiro homem clichê. Apesar de várias mulheres já terem passado pela minha cama, nenhuma delas fez meu coração perder uma batida ou acelerar. Eram apenas vadias interesseiras, que estavam atrás de mim por causa do meu status e dinheiro.

A verdade é que estou cansado dessa vida. Aos 30 anos, só quero encontrar alguém para construir uma família, alguém para compartilhar não apenas a cama, mas todos os momentos da vida.

Levanto-me da cama e sigo para o banheiro para fazer minha higiene matinal. Em seguida, vou para a academia da minha casa para fazer alguns exercícios físicos. Quando o relógio marca sete horas, tomo um banho rápido e dirijo-me à cozinha para tomar café da manhã.

"Bom dia, meu Menino", saúda dona Marta assim que coloco meus pés na sala de jantar.

"Bom dia, minha linda Martinha", respondo, vendo a senhora de cinquenta anos ficar meio vermelha.

"Já falei para parar com isso, menino. Seus elogios me deixam com vergonha", diz ela, saindo da sala meio brava por ficar sem jeito com meu elogio. Dou risada e começo a tomar meu desjejum.

Dona Marta trabalha para mim há sete anos, mas antes disso trabalhava para os meus pais há mais de vinte. Ela sempre ajudou minha mãe a cuidar de mim e de Gabriela, por isso a tenho como mãe.

Assim que termino meu café, sigo em direção à empresa. O dia promete ser entediante, com várias entrevistas para a posição de designer. Espero encontrar um profissional talentoso para o cargo hoje, pois detesto fazer entrevistas.

(...)

Já passa das onze e meia e já entrevistei cerca de dez candidatos. As mulheres até tinham bons currículos, mas todas estavam vestidas de forma vulgar e, ao falar comigo, usavam um tom sedutor. Portanto, todas foram desclassificadas até agora. Dos homens, apenas Heitor chamou minha atenção. Resta a última candidata, mas se ela for igual às outras, o cargo será de Heitor.
Pego o telefone e ligo para a secretária para liberar a entrada da próxima entrevistada.
O som dos saltos ressoa pela minha sala, interrompendo brevemente o silêncio enquanto a porta se abre. No momento em que meus olhos encontram os dela, sou tomado por uma sensação avassaladora. Amanda Ferrer entra elegantemente, emanando confiança e beleza. Seus cabelos negros caem em cascata pelos ombros, contrastando perfeitamente com sua pele morena clara. Seus olhos verdes brilham como esmeraldas, capturando minha atenção instantaneamente. Ela é a personificação da elegância.

"Bom dia, senhor Ribeiro. Me chamo Amanda Ferrer. É um prazer conhecê-lo pessoalmente", saúda-me com um sorriso encantador enquanto estende a mão.

"Bom dia, senhorita Ferrer. O prazer é todo meu em conhecê-la", respondo, sentindo um formigamento percorrer minha mão enquanto a aperto. "Por favor, tome assento."

A entrevista transcorre de maneira excepcional. À medida que Amanda compartilha seus projetos anteriores e demonstra seu conhecimento em design, fico cada vez mais convencido de que encontrei a pessoa certa para a vaga. Seu currículo é impressionante, repleto de cursos relevantes e experiências enriquecedoras.

Além de sua aparência deslumbrante e sua educação impecável, fica evidente que Amanda é dotada de uma inteligência notável. Suas respostas são perspicazes e demonstram um profundo entendimento do campo do design. Sua paixão pelo trabalho é evidente em cada palavra pronunciada.
"Bem, Amanda, seu currículo é impressionante e suas experiências são notáveis. Estou em busca de um designer com urgência, e tenho certeza de que você é a pessoa certa para a vaga. Seja bem-vinda à nossa empresa", declaro após quase duas horas de entrevista, com uma expressão de satisfação.

"Muito obrigada, senhor. Tenho certeza de que não irá se arrepender", responde ela, sorrindo enquanto se levanta. Meu coração se aperta momentaneamente; não quero que ela vá embora. Cada palavra que ela pronuncia é como uma melodia para meus ouvidos, e sinto uma vontade irresistível de ouvi-la o dia inteiro.

"Não gostaria de me acompanhar para almoçarmos em um restaurante?", questiono, cheio de esperança de que ela aceite meu convite.

"Agradeço muito pelo convite, mas já tenho um compromisso. Quando devo começar a trabalhar?", responde Amanda, dispensando-me gentilmente e fazendo meu pobre coração doer.

"Na segunda-feira", respondo com um leve tom de decepção.

"Ótimo. Nos vemos na segunda, senhor Ribeiro. Tenha um bom final de semana e obrigada", diz ela, estendendo a mão para se despedir. Levanto-me e aperto sua mão.

"Até segunda, Amanda", murmuro. Assisto enquanto ela se vira e sai, oferecendo-me uma visão fugaz e privilegiada de suas costas. A única pessoa que eu queria que demonstrasse interesse em mim parece não ter notado. Este fim de semana será longo, suspiro interiormente.

(...)
Passados três anos desde aquele dia, posso dizer que muita coisa mudou. Amanda não se mostrou tão educada como eu pensei inicialmente. Ela é sincera e direta, e quando algo dá errado nos projetos, solta palavrões que eu nem sabia que existiam. Já perdi a conta de quantas vezes a peguei xingando Deus e o mundo. Sua inteligência é impressionante, e ela tem uma habilidade incrível para resolver problemas e encontrar soluções para situações complicadas.

Durante esses três anos, Amanda nunca me deu uma brecha sequer. No começo, pensei que ela pudesse estar em um relacionamento, mas à medida que fomos nos tornando mais próximos, descobri que ela é livre e descompromissada, talvez até demais para o meu gosto. Já perdi a conta de quantas vezes ela chegou atrasada com cara de ressaca, e quando eu a repreendia, ela simplesmente me olhava e dizia: "Isso é falta de sexo, Miguel. Transar deixa a gente leve e feliz. Você deveria fazer também em vez de ficar me perturbando". Às vezes, eu até rebatia e dizia para ela trancar a porta e me deixar leve e feliz, o que a fazia me xingar e sair batendo a porta. Em outras ocasiões, quando ficava nervoso pensando que ela poderia estar transando com alguém que a ameaçava, eu a confrontava dizendo que iria demiti-la, e ela simplesmente respondia que eu não teria coragem porque ela era o cérebro da empresa. Uma verdadeira abusada.

Mas há três dias, decidi deixar de lado meu cavalheirismo e adotar um comportamento mais cafajeste, o qual parece ser do agrado dela. Porém, o que Amanda não sabe é que não vou parar até que ela se apegue a mim. Encontrei a mulher que acelera meu coração e faz minhas batidas errarem, e só vou parar quando tê-la na minha cama e em todos os momentos da minha vida.

Entre Traumas e RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora