A primeira e última vez

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Não posso dizer que não gostei da experiência, eu gostei muito. Quero fazer isso de novo sempre que eu puder.

Eu e Arthur estamos mantendo contato, ele quer me ver de novo assim que puder.

Nos encontraremos em dois dias, quando ele voltar de viagem.

Ao chegar o final de semana, quando voltei para casa de meus pais, fui à casa da minha melhor amiga, Julia, contar a novidade. Ela ficou bastante animada, assim como eu.

Disfarcei o máximo que pude e não contei nada aos meus pais, afinal, não sei ao certo qual será meu futuro com o Arthur, então é melhor esperar até que tenhamos algo mais sério, porque eles provavelmente não aceitariam, então é melhor que eles não saibam mesmo.

Voltando para a cidade grande, me encontraria de novo com ele, desta vez ele me levou para andar pela cidade, conhecer alguns pontos turísticos. Enquanto isso, começamos a conversar sobre nosso futuro, pois ambos estávamos de acordo que queríamos continuar com a relação, até que ele me diz:

– Irei marcar uma consulta no ginecologista para você.

Até aí tudo bem, então ele continuou:
– Você deve começar a tomar anticoncepcional pois não quero usar camisinha toda vez que transarmos.

Respirei fundo e fiquei calada. Logo fomos embora, graças a Deus. Eu não gostei nenhum pouco desse comentário, aliás, fiquei bastante preocupada, pois isso provavelmente refletia um traço de personalidade que certamente eu não queria conhecer, de alguém controlador.

Entre uma e outra viagem, certa vez ele me ligou:

– Alô? Rebeca? Arthur aqui.
– Oi Arthur, tudo bem?
– Tudo, e com você?
– Estou bem.
– Quando podemos nos ver de novo?
– Não sei, meus horários estão apertados por conta das provas que estão chegando.
– Queria te ver, estou com saudades. Já tem quase uma semana desde que.. enfim. Você não quer que façamos de novo? Foi tão gostoso.

– Sim, foi muito bom, mas agora eu preciso focar. Respondi tentando desvia-lo do assunto, pois já havia crescido em mim desinteresse tão grande.

– Você não quer mais ficar comigo? Tem estado tão distante..

– Eu só estou ocupada. Desculpa, preciso desligar.

Eu sabia que ele ficaria chateado, mas não poderia levar esta relação para frente depois do que ele me disse, ele sequer perguntou minha opinião sobre o assunto. Porque eu tenho que fazer algo que eu não quero? Parei de respondê-lo.

Na mesma semana, ao abrir minha rede social, vejo uma foto dele com outra mulher, comemorando seu primeiro mês de namoro. Agradeci a Deus por ter me livrado dele antes de que tivesse algo mais sério.

Fiquei alguns dias tristes pela situação. Voltei ao Tinder, por pura carência. Comecei a bater papo com um casal, Pablo e Luciana, muito legais inclusive. Conversamos por vários dias até que um dia eles me chamam pra sair.

Eu não tinha certeza sobre o que eles queriam com esse encontro, então recusei, ao menos num primeiro momento. Continuamos a conversar, até que um dia, saímos os três para um almoço, e não, não era eu o almoço. Falamos sobre muitas coisas, dentre elas, sexo a três, que pra mim parece algo muito esquisito, que pra mim, parece algo fisicamente impossível.

Eles disseram que já haviam feito, e que é muito bom e que eu deveria experimentar.

Eu, inexperiente, disse:
– Sequer beijei uma pessoa do mesmo sexo que eu, quem dirá fazer sexo a três..

Papo vai papo vem, terminamos o almoço e me deixaram em casa. Quando fui me despedir deles, ainda no carro, dei um beijo no rosto de Pablo, e então Luciana me disse:

– Tenho um presente pra você! Disse se inclinando na minha direção.

– E o que é? Perguntei já sabendo sua resposta. Ela com certeza me beijaria, não poderia estão perto da minha boca se não fosse. Senti um imenso frio na barriga, mas esperei sua reposta.

Ela prontamente me beijou, com seus lábios macios e molhados. Eu me senti no céu, a boca mais gostosa que eu havia beijado, não queria parar, mas não poderia ficar ali beijando-a na frente de seu namorado, como se não houvesse amanhã.

Saí do carro e corri para meu apartamento. Passei a tarde inteira pensando no ocorrido, no quanto foi bom beijar essa mulher.

Isso desconcertou toda minha cabeça. Será que eu sou lésbica? Mas eu também beijo homens. O que está acontecendo comigo?

No dia seguinte, no cursinho, comecei a olhar com outros olhos para as pessoas, em especial as meninas, óbvio, pensando no que tinha acontecido antes. No próximo final de semana em que fui para a casa de meus pais, joguei uma verde para uma prima minha dizendo no meio de uma conversa descontextualiza:
– ah, porque sou sapatão.

Ela me olhou com os olhos arregalados e perguntou:
– O que?

– Brincadeira né Aline, só queria ver sua reação. Respondi prontamente.

– A bom, Deus me livre né Rebeca.

Fiquei um pouco chateada com o que ela me disse, mas não dei muita importância, afinal, nem eu sei o que está acontecendo comigo. Deve ser só um momento de confusão, logo deve passar. 

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⏰ Última atualização: Sep 30, 2022 ⏰

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