A guerra foi dura, mas venceram, o que não parecia, havia perdido toda sua família, seus pais morreram em combate, havia assassinado seus próprios companheiros de equipe. Todo aquele sangue que derramou em nome da aldeia da folha parecia não sair de suas mãos. Muitos ninjas haviam perdido muito na guerra, sua dor era só mais uma no meio de muitas.
Quando chegou em casa depois do enterro de seus pais sua mente não aguentou o sofrimento que havia escondido tanto tempo, chorou a noite inteira no meio da sala, chorou porque não havia ninguém para recebê-la ao chegar em casa, sua mãe não iria preparar seus onigiris, não ouviria as broncas de seu pai por treinar até tarde.
— “Se quiser ativar o sharingan tem que ter um corpo forte e uma mente afiada” – Era o que ele sempre dizia quando a pegava retornando para casa pela janela do quarto. – “E como você irá aprender alguma coisa se esta sempre com sono? Vai dormir!”.
Não conseguiu comer por dias, seus vizinhos até vieram lhe visitar para tentar fazê-la comer alguma coisa, quando as visitas se tornaram frequentes começou a comer ao menos um pouco. Mas todas as lembranças dentro daquela casa só lhe trazia infelicidade, então pegou suas coisas e foi para a temida Floresta da Morte, depois da guerra ela era de longe a coisa mais assustadora que tinha visto.
Na calada da noite quando todos estavam dormindo invadiu a floresta proibida.
Como poderia continuar em casa e será que poderia mesmo confiar no clã Uchiha, eles nem ao menos quiseram recuperar o corpo de Uchiha Obito, seu vizinho mais chato, sentia tanta falta dele. Não podia confiar em ninguém, todos eram seus inimigos, como Asahi e Tomioka, eram traidores que apunhalaria pelas costas na primeira oportunidade, só podia confiar em si mesma.
A lei da sobrevivência do mais forte foi o que lhe manteve firme e forte, criando seu próprio território dentro da floresta, um local que saberia identificar qualquer aproximação suspeita, usando fios que pareciam teias de aranha invisíveis, já que só era possível vê-los com clareza quando refletiam a luz do sol. Caçou animais selvagens para se alimentar deles, até usou a pelagem de um tigre para aquecê-la durante a noite fria. Cercada de armadilhas estava completamente segura.
Os dias se passaram e pode até esquecer quem era deixando de lado qualquer coisa que a lembrasse do seu passado, ali na Floresta da Morte era uma caçadora, sem nome, sem identidade, apenas vivendo a vida como uma selvagem.
Teria vivido bem ali, se Fugaku não tivesse enviado um grupo atrás de si, mas sua mente não via Uchihas na sua frente, via inimigos, invasores que precisavam ser eliminados para continuar seu estilo de vida, mas por mais que tivesse se fortalecido não foi o suficiente, foi nocauteada e levada para um hospital, onde tentaram lhe ajudar a voltar a realidade. Mas a realidade era simples e cruel, mas se não podia escapar dela como Uchiha Midari, iria apagar Uchiha Midari.
Entrar para Anbu foi seu recomeço, era apenas uma ferramenta que caçava opositores a mando do Hokage, não era diferente do seu tempo na Floresta da Morte, havia inimigos e amigos na organização, e sabia bem o que fazer com ameaças, antes que pudesse agir outro desastre abateu a aldeia da folha, o massacre do clã Uchiha. Agora estava definitivamente sem lar.
Sozinha
Sem família
E amigos
Sem identidade
Se voltasse para aldeia da folha seria morta, não importasse o dono da lamina, a morte era certa com seu retorno, então fez o que já sabia fazer, desapareceu nas sombras e se tornou outra pessoa, com outra identidade e vagou.
***
Seus olhos se abriram, mas não conseguiu ver nada, tocou sua superficie e sentiu o tecido da bandagem. Seu sentido sensorial estava fraco como seu corpo, mas sentia três chakras no ambiente além do seu, um estava longe, os outros dois estavam bem perto. Segurou a respiração e usou seus ouvidos como guia, ouvia uma respiração bem perto, tinha alguém ao seu lado, mexia em algo pelo barulho que fazia, então teria que ser rapida e silenciosa. Um movimento, era tudo o que precisava, com sua mão direita agarrou o pescoço da pessoa.
— Quem é você? – Perguntou Midari em um sussurro, mesmo estando concentrada na pessoa a sua frente sabia que havia uma pessoa atrás, e pela respiração calma estava dormindo.
— Ssou..eu.. – Tentou dizer a garota com dificuldade – Rin, Noha..ra Rin.
Como um estalo as memórias voltaram, horrorizada soltou imediatamente a konoichi.
— Sinto muito Rin, achei que fosse um inimigo. – Descupou-se. Rin tossia em quanto colocava a mão na garganta.
— Tudo bem, deveria descansar mais um pouco. – Falou em quanto juntava seu kit médico que havia sido jogado ao chão.
— Não tenho tempo para isso – Tirou a fina manta que lhe cobria e sentou-se na cama.
— Eu não sei como isso pode ser possível, mas se aquele homem realmente é Uchiha Madara, devemos agir com cautela. – Explicou Rin preocupada.
— Eu já vivi uma vida inteira de dor e sofrimento, Madara não me assusta, ainda mais porque eu sei o que ele quer.
Sem se importar com os receios de Rin tirou a bandagem de seus olhos, eles ainda doíam e se não os deixasse descansar por mais tempo era bem possível ter danos mais sérios a longo prazo, mas não podia esperar seus olhos se curarem. Matou todos naquela caverna, mas nada poderia garantir que outras pessoas soubessem do plano deles de atacar a vila da Folha com Sanbi.
Deu um passo para fora da cama e no mesmo instante teve que se apoiar em Rin, seu corpo estava fraco também.
— Eu to bem.
Dando pequenos passos foi até Madara. Ele velho e grisalho não parecia tão ameaçador, mas era claro, você não costuma ver um velho como ameaça, aos olhos dos mais jovens eles são pessoas que o próprio vento os derrubaria, mas nem o fato de sua idade avançada fazia Uchiha Madara deixar de ser uma ameaça, afinal ele era Uchiha Madara, o ninja mais forte dos Uchihas, capaz de controlar a Kyuubi para lutar contra o primeiro Hokage e ainda conseguir sair vivo da batalha depois de dois dias inteiros lutando, e o fato de conseguir permanecer vivo até os dias de hoje só mostrava o quão forte ele era.
— Acorda velhote. – Chamou em quanto tentava não tropeçar no caminho. Suas mãos estavam estendidas para frente, tentando se guiar. Até que sentiu uma mão agarrando seu pulso.
— Você fala muito alto. – Reclamou Madara em quanto a ajudava ficar na sua frente.
— Falou a pessoa que gritou no meio do campo de batalha quando viu Hashirama-sama – Resmungou Midari dando um sorrisinho. – Vamos ao que nos interessa, vamos bater um papo com Sanbi.
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Ponto de Ruptura
AbenteuerO poder de um Ootsutsuki é maior do que muitos imaginam e para manter a estabilidade de seu povo Yuna usará seu poder para reescrever a história, e assim impedir o massacre dos ninjas da Lua, mas antes que isso aconteça sua escolhida deve impedir as...