Dentro da floresta e da minha mente

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                      Leonor point of view!

4 de Outubro, 1576.
Que fome, faz tempo que não vejo pães e frutas em minha frente. Acho que estou colapsando. Não consigo mais controlar a minha mente. Vários sussurros são criados do nada, mesmo a floresta estando num completo silêncio. Eu já pensei em voltar mas o que todas iriam falar ou achar de mim? Acho que isso seria uma das maiores humilhações que já poderia sofrer. Porém a saudade que estou sentindo é tanto que eu passaria por essa situação de boa.
Aqui dentro da floresta eu sinto algum tipo de conexão. O mesmo do tipo que eu senti quando cheguei nessa terra. Elas geralmente falam quando eu estou com sono ou perdida, são falas rápidas, mas que me ajudam. Eu já tentei fazer contato porém as vozes falam com a mesma língua daquelas mulheres da vila, dificultando o meu entendimento. Estou andando a horas e, cansada, me deito no chão de folhas secas do outono. Começo a escutar os ruídos e barulhos que aquela floresta faz. O barulho dos passarinhos, da água correndo, de alguma pedra rodando ladeira abaixo e também das gotas d'água que caiam sobre meu nariz. Mesmo estando num lugar escuro como aquele, me sinto confortável no ponto de adormecer debaixo de uma árvore.
Enquanto dormia, tive visões que pareciam ser além da minha mente, da imaginação. As características e detalhes eram tantas que assustavam. Como poderia meu cérebro estar fazendo tudo isso acontecer? Então, com medo, acordo e vejo a mesma cena do sonho. Uma enorme rocha parada em minha frente, sendo que ela não estava aqui a alguns minutos atrás. Não conseguia acreditar no que via e fui tocar para ver se era real. Assim que toco a superfície da rocha, ela responde em sinais na minha mente, algum tipo de telepatia, falando com uma voz masculina...
- Olá, Leonor. Venho te procurando há tanto tempo e olhe você aí.
Eu caí de tanto medo que fiquei mas ele disse que medo era a última coisa que eu deveria sentir e me disse para acompanhá-lo, que rapidamente vira um tipo de energia verde que vagueia pela floresta.
Enquanto o seguia, ele me apresentou várias formas de vida que eu nunca vi em meu castelo. E também me contou sobre o ecossistema daquela área, que era muito rico por sinal. Chegamos a um tipo de árvore com um caule muito, mas muito grande. Ele disse que aquele seria o lugar onde eu poderia tirar as minhas dúvidas. Eu estava confusa. Por que esse ser vem procurando por mim e agora, quando me encontra, quer que eu retire minhas dúvidas? Várias ideias passavam pela minha cabeça. Mesmo com toda essas idéias confusas e dividias, comecei a perguntar tudo o que eu queria saber...
- Desde que cheguei em coven, eu venho sentindo algo conectado com essa floresta. Eu escuto vozes diferentes, de mulheres que eu nunca conheci, que me guiam para um lugar chamado " O riacho". E eu realmente queria saber sobre o que o coven é e se ele é realmente tão confiável assim.
Assim que termino de expor as minhas dúvidas, a rocha vira aquela energia verde novamente e faz com que várias respostas aparecem diante mim.
- Minha cara, essas vozes que você escuta pertencem a bruxas anteriores, que passaram a mesma coisa que você. O motivo delas falarem sobre o Riacho é por conta que várias delas chegaram a um ponto em que não aguentavam mais essas vozes em suas cabeças e optaram por tirarem suas próprias vidas no riacho. É um fim doloroso para quem não tem um grande poder interior. Com a chegada do dia 31 de outubro, essas vozes vão se fortificar em sua cabeça, chegando a um nível absurdo de dor, mas para ser digna da confiança dos sete anciões, você precisará aguentar tudo. Agora atenção, essas vozes que você escuta eram mulheres que já foram receptáculos para os sete guardiões e, com a chegada do dia 31 de outubro desse ano de 1576, a escolhida foi você. Essa é a razão para estar aqui. Todas do Coven sabem sobre isso. Fico parada por alguns minutos, não sabia o falar ou como reagir a isso, estava incrédula. Se tudo faz tão sentido assim, eu acho que realmente posso confiar em suas palavras. Me afasto um pouco digerindo tudo. Será que eu deveria voltar? Como vou poder me fortalecer para o dia 31? Estava com muitas perguntas mas, determinada, falo com a rocha e digo que irei partir o mais rápido possível. Preciso ver minhas amigas e contar a elas o que sei. Preciso protege-las do Coven. Então, mesmo com a noite pairando sobre o céu, vou indo em meu caminho para voltar à vila.

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